domingo, 31 de julho de 2011

Desafio da Semana

Quem, onde, quando...


Mãos à obra!

sábado, 30 de julho de 2011

Graxa e pura gasolina

O último Desafio trouxe mais um registro vindo lá dos arquivos do Satti, publicados no site da Fórmula 1.6. Ainda não apareceu ninguém que confirme quem era o piloto do Fórmula Ford #55. As suspeitas recaem sobre um alemão de pé pesado, Egon Herzfeldt. Vou confirmar com o Satti e informo em breve.

Já que na semana passada, o Desafio falava sobre o Julio Cesar Dias, que também correu com o auxílio do Satti, aproveito para publicar uma mensagem muito bacana recebida do próprio Julinho ao longo dessa última semana.

Vai que é tua, Julinho!

"Prezado Sanco,

Com muito prazer tive a honra de ser mencionado em teu excelente blog. Há alguns meses o Luiz Fernando Cruz me disse que havia uma velha foto minha em um podium por lá, dos tempos de Kart e sugeriu que mandasse algum material pra você. Por enquanto, envio um resumo do meu breve "file" automobilístico, com algumas imagens em anexo. No baú tem mais relíquias...

Fui vice campeão gaúcho de kart "juniores" em 1973, apoiado pelo Fabio/Ronaldo Bertolucci na "Equipe Gramado/AnneRose/Hotel Serra Azul", perdendo um campeonato muito disputado com o Fredo Henning na última etapa (disparado na frente, tive a correia partida a duas voltas do final), em que o falecido Fredo merecidamente foi o campeão. Nessa época tive muito apoio dos Bertolucci, do Perini, do Carlos Alberto "Teco" de Moraes (através da Escola Gaúcha de Kart) e do próprio Clovis, devido a meus escassos recursos financeiros. Devo este vice a meu Pai (jornalista Manoel Dias), ao amigo Henrique "Maguila" Boennig e ao "Teco" Moraes bem como ao SEMPRE e bom conselheiro Jorge Martinewski.

Devo muito a eles (principalmente ao Teco e ao Clóvis), que me ensinaram a "diagramar" um motor de Kart, e até a soldar latão quando nos meus 13/14 anos de idade. Bati o record geral do Kartódromo de Tarumã ainda em 1973 voando num chassis Cox com 38.4", tempo que levou mais de um ano para ser quebrado na 125cc (na real eu era muito "levinho", comparado aos vários "botas" da época).

Depois, em 1974, fui contratado pelo Ibraim Gonçalves e o Bastian para fazer motores/ trabalhar e pilotar para a MaxiMini/AldoAutoCapas. Junto com o "Maguila" (Henrique Boennig) que também era apoiado pelo "Teco", inauguramos uma pequena oficina no IAPI para preparar motores de Kart, tendo algum sucesso e até ganhando um $$ que nos mantinha esporadicamente nas pistas de Kart após o fim da MaxiMini ainda na temporada de 1974. Nessa época e depois, eu e o Maguila fizemos motores para o Waldir Buneder e outros que obtiveram ótimos resultados. Nossos rivais e professores da preparação eram os amigos Jorge e Flavio Martinewski, Telmo Schimdt e outros... Essa experiência me ajudou muito quando eu fui agraciado por um empréstimo de um chassis F-Ford Lotus - a reformar totalmente, visto o abandono em um terreno baldio - que teria sido comprado pelo Marivaldo Fernandes do Emerson Fittipaldi. A dádiva vinha do Leo Lanzini (que também me ajudou na aviação - era Comandante da Varig), e que em troca receberia a Lotus reformada (ficou até bonita a nova #47 ); e ainda me utilizaria para piloto de testes do novíssimo "Bino" dele enquanto enrolado com a escala de vôos da Varig, vaga minha por indicação indireta do Clóvis,do Teco e outros. O Maguila me ajudou MUITO na reforma e os motores eram preparados pelo "véio Antônio" da Anita Garibaldi - alguém lembra dele (da seção de Hidráulica da Manutenção da Varig)??? O Antônio tinha a "afamada" característica de viver 24h com um cigarro "Turfe", ou do gênero, aceso na boca e SEMPRE na hora de fechar um cabeçote, colocava uma generosa dose de cinzas em cada cilindro - era para dar sorte ao motor - segundo sua crença, (pergunte ao Jorge Martinewski e à alma boa do Leo Lanzini). Nessa época fui muito incetivado também pelo "inigualável" Claudio Mueller!!!

Eu mesmo quebrei uns dez motores com o Antônio - mas era uma pessoa impossível de não amar!!! Fizemos todo o Gaúcho e algumas do Brasileiro de F-Ford Corcel de 1978. Eu e minha esposa Ana (me aguenta até hoje) dirigíamos o "truck" Dodge e minhas melhores corridas foram no Rio e em Interlagos em 1978. Quebrei em quase todas do ano, mas enquanto na pista, a "velha Lotus" dava trabalho aos grandes da Gledson, Royal Air Maroc e outros. Pergunte ao John O'Donnel e ao Fernandinho Dias Ribeiro (irmão do Alex) da Pneulândia/ "Jesus Saves"... Batíamos roda direto!!! Mais nos treinos do que nas corridas, pois meus motores tinham o "dom" de quebrar nos treinos ou nas placas de "1 minuto". Depois obtive um patrocínio da Looking Glass (lembra da discoteca ???) para o final da temporada - Rio/Interlagos - com o preparador Hermes de Almeida (SP). Em Jacarépagua larguei em 33º sem treinar para chegar em 15º após bater rodas durante 40 minutos com a galera. A F-Ford Corcel era muito disputada naquele ano, em média 30 ou mais no grid. O grande Amedeo Ferri foi o campeão brasileiro e com o Maurizio Sandro Sala como vice.

Depois em 1979/80 investi na F VW 1300 com um chassis Heve e preparação do Hermes de Almeida após contrato com a Coalho/Alho Faprol de Guaporé para 3 provas apenas: Tarumã, Guaporé e RJ ou Goiânia. Consegui fazer corridas em Tarumã (motor de arranque quebrado na largada) e Guaporé; onde parei apesar de largar em último e estar fazendo uma ótima prova na chuva, passando uns vinte e poucos carros até quebrar o trambulador quando já entre os 6 primeiros. Rio com "cash out" e Goiânia cancelou por motivos financeiros. Para não perder meu investimento particular, transformei o Heve FW 1300 num "super" Formula Fiat (foto); copiando o projeto do Shadow F1 da época e extrapolando minhas afinidades com a arrebitadeira, o alumínio e a fibra; foi um dos primeiros "carro-asa" da categoria e sempre com a ajuda do Maguila e do Bruno "fibreiro" - alguém lembra???; e sempre com "smart solutions" do meu "guru" Luiz Fernando Cruz . O carro ficou lindo e antes de totalmente pronto foi trocado com a Jardim Itália por 2 Fiats 147 "Racing Kit". O plano era de ou Janjão Freire ou Renato Connil correrem com o carro na F-Fiat ainda na temporada de 1980/81. Nunca mais ouvi falar do carro. Usei um dos "kits" como carro de rua e o outro rachei com o "Maguila".

Daí com a ajuda do Evaldo Quadrado, Jackson Lambert e do GRANDE Carmelo Carlomagno, em 1981 fui tentar a sorte no "casca" Campeonato Brasileiro de Fiat 147, etapas Guaporé/ Tarumã no vermelhinho Ferrari # 17 de propriedade do Carmelo. Em Tarumã numa das classificatórias fui "pole" a frente do Attila Sipos e outros (anexo), tive uma penalização no grid e depois de boa largada, o motor "parou" ainda na segunda volta. O Quadrado partiu o carro ao meio nos treinos entre a curva 1 e 2, e fui um dos primeiros a chegar (lembram???). Achamos ele encolhidinho junto a sinaleira da metade traseira enquanto os comissários procuravam por ele entre o tunel e o caminho da platéia para a curva 3, do outro lado do "guard rail". Que susto!!! Em Guaporé (etapa do Campeonato Gaúcho) disputava entre os 7 no primeiro grupo e a poucas voltas do final fui colocado para fora quando passava o Joel Echel por fora no "Bacião", parte de alta; o mesmo foi desclassificado por unaminidade dos comissários (fotos/scanner). O carro, que era do Carmelo ficou com o monobloco todo aleijado e levei uns 2 anos pagando o prejuízo mensalmente ao Italiano, mas ele me tinha como um filho!!!!

Fui ficando por aí com esporádicas provas de Kart (viciado até hoje), ClubCircuits, e dando mais atenção para minha vida aeronáutica, que me sustenta até hoje no auge dos quase 5.5 anos... Vivendo no Rio, cada vez que decolo do Salgado Filho, passando pertinho de Tarumã, o coração bate mais forte com a lembrança viva dos bons e inesquecíveis amigos como o Cruz, Egon Herzfeldt, Teco Moraes, Cólvis Moraes, Mosca, Ibraim, delegado Ribas, Soldan, Paulo Ratkiewicz, Fredo Hennig, Fornari's, Castrinho's, Fleck's, Schutz, Buneder's, Martinewski's, Bertolucci's, Ricardo Baldino, Maguila, Pareci, Nelson Rolla, Bastian's, Arlindo Schunk Fº, Janjão, CLAUDIO Mueller, Aroldo Bauermann, Bagunça's, Leonel, Anor, Bocão Pegoraro, Rommel Pretto, Luciano Kasper, Eduardo Fagundes, Chico Bala, véio Antonio, Hermes de Almeida, Gessy, Nego Peli, Carmelo, Satiri, Chemale, véio Telmo Schimidt, Moro, entre tantos outros; estes que nunca me negaram qualquer tipo de ajuda ou favor a qualquer hora da madrugada, e que povoaram os melhores anos de minha boa vida... o da graxa & pura gasolina...

Sanco, parabéns mais uma vez pelo teu imortal trabalho, e um grande abraço!!!"

Muito legal o depoimento do Julinho. Abaixo alguns registros dessa trajetória dele nas pistas.













Fonte das imagens: arquivo Julio César Dias.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Construção de um sonho

Ao longo desses últimos posts, transcrevi a história do amigo Ayrton Brum nas pistas. A cada post era nítido o carinho que ele demonstrava para com o Speed #11. Acompanhamos toda a história dele, desde quando fora adquirido do piloto João da Silva, de Montenegro. A última corrida dele em solo gaúcho foi contada aqui no post de ontem, as 12 Horas de 1998. Após aquela prova, o Speed #11 descansou por um bom tempo até que um outro sonho iria fazer roncar o seu motor novamente.

Foi através do blog que conheci um guri lá de Floripa, pra lá de bacana, que passava por aqui todos os dias e que não demorou muito para também entrar na web com seu blog empoeirado. Lá pelos meados de 2009 ele procurava por um Fusca para correr na terra e até tentei alguns contatos por aqui para tentar ajudá-lo, sem muito sucesso.

Daí o guri, que atende pelo nome Francis, encontrou o Speed #11 do Brum e como ele mesmo disse, foi amor à primeira vista. Assim, o Speed do Brum, passou a ser o Speed do Francis, deixando Porto Alegre para seguir para Florianópolis e ajudar o Francis a realizar o seu sonho, o de correr na terra com um Fusca.

Acompanhamos a luta dele para colocar a barata na pista, desde a preparação da carroceria, pintura, mecânica, até ir para a primeira prova. De lá para cá o que temos acompanhado no Poeira na Veia são as alegrias que o carrinho tem dado ao amigo. O Speed #11 não poderia estar em melhores mãos. No último domingo o Francis e seu Speed correram as "100 Milhas de São Bento do Sul", a Indianápolis da terra, como diz o Francis. Dando uma olhada mais de perto na caranga, descobri que tem até um decalque do bloguesinho aqui. Acho que isso é uma intimação para eu me "coçar nos pilas" como se diz nos lados de cá do Mampituba. Vou pensar no assunto.

Bacana isso. Um mesmo carro que ajudou a realizar o sonho de duas pessoas em momentos e lugares distintos. É, esse Speed tem mesmo muita história para contar...









Fonte das imagens: arquivo Ayrton Brum e Francis Trennepohl

segunda-feira, 25 de julho de 2011

12 Horas de Tarumã - 1998

Hoje publico um post sobre a última prova disputada pelo Ayrton Brum. Após a vitória nas 12 Horas de 96, Brum ficaria de fora das temporadas de 97 e 98 da Speed 1600, voltando nas 12 Horas de 98. Ele nos traz todos os detalhes de como foi aquela prova.

"Neste ano resolvi não disputar o Campeonato Gaúcho, mas me dedicar somente as 12 Horas, que era a prova que mais prazer sentia em disputar. Me procurou o colega de Curso de Pilotagem, Waldemar Max, fizemos uns acertos e resolvemos disputar as 12 Horas de dupla, somente os dois na pilotagem.

O carro foi preparado pelo João Mascarello, fizemos a desmontagem total do carro e praticamente refizemos o carro na parte mecânica e elétrica. Com exceção da parte estética, todo o resto era novo, com peças novas, esquema para vencer.

Na tomada de tempo abri a volta cronometrada e quando cheguei na curva do Laço, disparou o motor e para não "tirar de giro" desliguei e encostei na parte interna na curva. Não consegui fazer uma volta sequer cronometrada e fui para a última posição no grid. Tinha soltado uma agulha do carburador.

Na largada, estilo "LE MANS", os carros ficavam parados com a chave geral desligada e ao dar a largada, o outro piloto corria em direção ao carro, ligando a chave geral e assim o piloto dentro do carro dava a partida.

A estratégia seria, por eu ser mais experiente, largar e pilotar as três primeiras horas, que era o máximo que o regulamento permitia para o início de provas longas, e a minha parte da pilotagem também previa a última parte, que seria a chegada, caso ainda estivessemos na prova.

Assim, esperei com a primeira marcha engatada, pé na embreagem e o dedo colado no botão de partida. Ao dar a largada, acelerei e a mão do botão de partida já escorregou para o câmbio engatando a segunda marcha e entre Chevettes, Voyages, Corsas, fui abrindo caminho em direção a Curva 1.

Fizemos dois Pit Stops no início da madrugada, sempre comigo pilotando. No terceiro, assumiu o Waldemar Max, isso já às 3:00 da madrugada. Na primeira volta o carro não aponta na Curva 9, depois de eternos minutos, vem o Speed 11, lentamente em direção ao box, tinha saltado fora a correia.

O Mascarello sempre com a técnica de colocar a correia com o motor funcionando, colocou nova correia e novamente estávamos na prova, embora nas últimas posições.

Às 5:00 da manhã entra novamente no box o carro com os faróis quebrados devido a uma batida. Assumi o carro com os faróis que sobraram virados para baixo, mas como o dia estava amanhecendo, não atrapalhou muito e assim fomos encontrando a manhã, já cansados, os olhos ardendo e o sono incomodando.

As 10:00 da manhã assumo o carro e noto que tínhamos uma vareta de válvula torta, o carro não passava de 4.500 rpm e quando forçava a terceira marcha, a vareta vibrava e ameaçava quebrar. Tive que começar a cambiar bem antes do normal.

As 10:30 o carro perde completamente o freio, nada de freio, o pedal ficou igual ao da embreagem, pois tinha partido um cano do freio de uma das rodas traseiras e a direção da prova estava começando a chamar os carros para as penalizações, por algum problema na madrugada. Ao passar na reta vejo na mão do diretor de prova a bandeira com o numero 11 para cumprir a penalização na saída dos box e assim, na volta seguinte me dirigi para o local determinado. Mas, ao chegar ao local, o dirigente me aguardava parado na saída do box e eu sem freio e sem poder segurar na caixa, senão a varetinha de válvula quebrava, fiz sinal para ele sair, ou iria ser atropelado e ele, quando notou que eu não tinha freio, fez sinal para eu continuar e retornar à pista.

Nas voltas seguintes, fiquei observando se seria dado bandeira preta para o Speed 11, ou se eu seria chamado novamente para cumprir a penalização. Para meu alívio, veio novamente a bandeira para cumprir penalização e não a desclassificação da prova.

Mas agora, o diretor da prova me aguardava não na minha frente, mas mais junto ao muro do box, e aí pude explicar que estava sem freio e sem condições de segurar na caixa de câmbio, o que ele sorridente me disse que dera para notar, pois quase fora atropelado. Assim regressei a prova, sempre pilotando o Speed 11, pois o Mascarello sugeriu, e eu concordei, em levar o carro até a bandeirada pelo estado que ele se encontrava, e por ter mais experiência.

Assim, fui me arrastando e cada vez o carro mais lento e perdendo rendimento. Quando entrava o Pace Car e andávamos lentos, eu tinha que manter a rotação do motor alto, pois eu sentia que se apagasse o motor, ele não pegaria mais.

Procurava tirar o máximo de proveito quando conseguia e nas curva onde precisava de freio, fazia a traseira escapar lentamente e matar um pouco a velocidade para contornar o Laço. No Tala entrava direto, pois ele não ganhava muita velocidade entre o Laço e o Tala Larga.

Às 11:30, no último pit stop, o Mascarello me avisou que estávamos em terceiro lugar e que o carro do Marco Pinto, que estava na segunda posição, tinha abandonado na Curva do Tala, e que nós tínhamos 409 voltas e eles tinham 419 voltas e se quiséssemos o segundo lugar, teria de tirar essas 10 voltas nos 30 minutos finais.

Nessa última meia hora de prova o Speed 11 estava cada vez pior, isso me desgastava muito na pilotagem e várias vezes conversava com ele pedindo: Filho, aguenta mais um pouco, não me abandona agora. Conversava com ele e procurava aproveitar o máximo aquelas imagens de dentro da pista, pois algo em meu coração dizia: Você não verá mais essas imagens e não sentirá mais essa adrenalina; É hora de voltar para casa.

Na última volta, ao sair da Curva 9 e entrar na reta, vi a bandeira quadriculada, ainda não sabia que tinha tirado as 10 voltas de vantagem e que estava em segundo lugar. Acendi os poucos faróis que me restavam, as lágrimas escorreram, passei a linha de chegada sem enxergar direito e encostei o Speed 11 no parque fechado, e depois da vistoria, ao levar ele de volta ao box, o motor não pegou mais, tivemos que empurrá-lo.

No podium novamente olhei com carinho e me despedi daquele lugar, pois sabia que não o veria mais, como realmente foi. O meu troféu de segundo lugar me foi entregue pelo filho do Pedro Carneiro Pereira, morto na década de 70, e ao apertar a mão do filho do Pedro, eu sentia que era o próprio Pedro que me entregava o troféu.

Retornei ao box número 7, que foi o último que utilizei. Juntei meu material de corrida, meu troféu e meio sem rumo, voltei para casa.

Mesmo após pilotar o total de nove horas, não conseguia dormir naquela tarde de domingo, sentia uma mistura de alegria, tristeza, ansiedade e saudade. Nunca mais retornei ao Autódromo de Tarumã. Se um dia voltar ao Autódromo onde fui tão feliz, não será do lado das arquibancadas."


Estava fechada a história da trajetória do Brum nas pistas, pelo menos aqui no blog. Mas o Speed #11 não ficaria inativo por muito tempo. Um grande amigo se encarregaria de dar nova vida ao simpático carrinho. Conto mais sobre isso amanhã. Ao Brum, o meu muito obrigado por dividir todas as suas histórias com a turma aqui.








Fonte das imagens: arquivo Ayrton Brum.

domingo, 24 de julho de 2011

Desafio da Semana

Mais uma vinda lá do material do Satti. Tenho uma suspeita sobre quem seja o piloto, mas vamos ver os comentários para confirmar...


Fonte da imagem: site Fórmula 1.6

sábado, 23 de julho de 2011

Julinho

Quando eu penso que ninguém vai matar a charada, o Mestre Schutz, sempre ele, acerta na mosca...

O Fórmula Ford patrocinado pelas Rodas Chemale era mesmo do Júlio César Dias, o "Julinho", competindo no final dos anos 70. De acordo com o próprio Schutz, "Julinho" correu poucas provas na Fórmula Ford com um chassi Lotus, que segundo ele, pertencera ao Marivaldo Fernandes. Ao que consta, ele teve a assistência do mecânico Satti, já que as imagens abaixo foram obtidas do mesmo site da Fórmula 1.6, que dedicou um bom espeço para homenagear o folclórico "meca".

"Julinho" também passou pelo kart. Schutz lembra que ele era uma promessa. O único registro que encontrei dele, foi da prova 200 km de Tarumã, em 1981.

Falando com o Luiz Fernando Cruz, este disse que o "Julinho" é seu grande amigo e me passou mais algumas informações. Ele disse que o "Julinho" trabalhou por muitos anos na Varig e que depois passou um tempo pilotando para companhias aéreas na Coréia, China e Estados Unidos e que agora está de volta ao Brasil, trabalhando para a TAM. O Cruz já enviou uma mensagem a ele e talvez em breve eu consiga manter contato com o ex-piloto das baratinhas.




Fonte das imagens: site Fórmula 1.6

terça-feira, 19 de julho de 2011

De novato à revelação

Hoje continuo com um resumo da trajetória vitoriosa do Waldir Buneder nas pistas.

A estreia com um pódio no Regional de Turismo no final do campeonato de 1985, quando fez dupla com Jorge Fleck, era uma mostra do talento do ex-kartista que agora entrava com tudo no automobilismo. Para o campeonato de 1986 a dupla trocaria o Gol por um Passat, mas permaneceria junta por apenas três etapas, quando Fleck acabou cedendo seu lugar a Anor Friedrich. Até a terceira etapa, Buneder e Fleck vinham em terceiro na tabela e a entrada de Anor no time tornaria as coisas ainda melhores.

Para a quarta etapa, disputada em Guaporé, o grid do campeonato, que estava apenas no segundo ano, já chegava aos 33 carros e a dupla do Passat #6 conseguiu sua primeira vitória. A quinta etapa em Tarumã, agora com 37 carros inscritos, veria a segunda vitória consecutiva de Buneder e Anor, que os colocava na briga pelo título de 86.

Ao final do campeonato, Buneder ainda venceria as 12 Horas de Tarumã, com Anor e Serge Buchrieser e conquistaria o título sozinho, já em sua primeira temporada completa.

De novato à revelação em pouco menos de um ano, Waldir Buneder entrava em 1987 com a responsabilidade de carregar o número 1 em seu Passat. Para isso formou dupla com o experiente piloto José Francisco Soares Bammann na equipe Atlantic F1 Super. O Regional de Turismo já era destaque nacional, alinhando em torno de 40 carros por prova. Os melhores nomes do automobilismo gaúcho estavam presentes e se havia alguma dúvida sobre o talento e a competência de Buneder nas pistas, o bí-campeonato conquistado ao final daquele ano o colocaria definitivamente entre os melhores de sua época.

A parceria com Bammann continuaria para 1988. Apesar de não repetir o sucesso do ano anterior, a dupla obteve vitórias na terceira, quarta e sexta etapas das nove disputadas, ficando em quarto lugar no campeonato.

1989 seria um ano de mudanças para Buneder, começando pelo parceiro de pilotagem. No lugar de Bammann, entraria Antônio Sartori, que voltava à ativa num esquema bastante competitivo. O Passat dava lugar ao Voyage. A dupla chegou a obter vitórias na terceira e sétima etapas, mas não conseguiu bater a dupla do Escort #11, João Campos e Egon Herzfeldt, ficando assim com o vice-campeonato. Ainda naquele ano, Buneder daria um novo rumo na carreira, iniciando sua participação num campeonato nacional, mas isso é assunto para o próximo post.

Abaixo imagens do período entre 1986 e 89, sempre no Campeonato Regional de Turismo.







Fonte das imagens: revista Quatro Rodas, jornal Esporte Motor, jornal Zero Hora e arquivo Ricardo Trein.

domingo, 17 de julho de 2011

Desafio da Semana

Ainda sobre as fotografias do Satti, fiquei curioso para saber quem é o piloto nesse carro patrocinado pelas Rodas Chemale.


Mãos à obra!

Fonte da imagem: site Fórmula 1.6

sábado, 16 de julho de 2011

Satirimec

Semana passada, dando uma olhada no site da Fórmula 1.6 - categoria que vem em franca evolução, alinhando um grid respeitável a cada etapa - encontrei algumas imagens de época e imediatamente enviei um e-mail ao meu amigo Carlos Giacomello, perguntando quem era o "bigode" que aparecia em quase todas as fotografias. O Carlos, por sua vez, perguntou ao Michel Duarte, piloto da categoria e que cuida do site. O "Michelpédia" respondeu e fiquei muito feliz em descobrir quem era o cara. Disse ao Carlos, está aí mais um tema para o Desafio da Semana e assim foi.

A turma matou rápido, mas o legal mesmo foi o que rolou nos "bastidores", nos e-mails que troquei ao longo da semana com algumas pessoas que conhecem a fera e que agora publicarei aqui.

Bom, o "bigode" era o folclórico preparador Valquir Novo Espírito Santo, mais conhecido como Satti, o cara da Satti Soldas. Ele estava ao lado do Fórmula Ford #7 do piloto paulista, também rapidamente identificado pelos blogueiros, Aloysio Andrade Filho.

Ao dar uma olhada nas fotografias do site, encontrei uma do Satti ao lado de um baita "bota", o Luis Alberto Ribeiro de Castro e mandei para ele que me respondeu assim:

"Leandro, sabes quem está ao meu lado? O Satti... quando era guri! hehehe. Hoje é o velho amigo Satti Soldas que faz parte da história do nosso automobilismo. Ele começou sendo motorista e "faz tudo" do Fabio Bertolucci em 1976/77, acho que na equipe do Jorge Martinewski. Era muito esforçado, inventivo, divertido e gente boa! Criou uma bonita história, com crescimento, amigos e que o filho esta dando continuidade, inclusive como piloto. Eu gosto muito dele!"

Mandei outro e-mail ao Mestre Schutz, que me deu uma ótima dica:

"Na verdade conheço o Satti desde 1976, tempos em que ele era vizinho do "Mosquito" e do Martinewski, no bairro Petrópolis. Vou ver se lembro algumas coisas. Ele é uma figura com muito folclore. O filho dele, o Eduardo, ainda corre, acho que na F 1.6 e no Endurance."

Daí a bola passou para o Mário Guglielmi, nosso querido "Mosquito", que contou algumas pérolas envolvendo o Satti, inclusive contando como surgiu o apelido:

"Ele era meu vizinho e do Jorge Martinewski. Uma vez o Jorge comprou um caminhão usado para fazer o Brasileiro de Fórmula Ford, junto com o Fabio Bertolucci. O Valquir (sim, este é o nome do Satirimec) ficou encarregado de reformar o caminhão. Caminhão pronto, pintado, faltando uma semana para primeira prova em São Paulo. Faltava apenas recolocar o parabrisa. Ajeita daqui, ajeita dali e nada do parabrisa entrar no lugar. O Satiri (o nome vem de um programa humorístico da Globo na época, Satiricom - a sátira da comunicação, e então surgiu o Satirimec, a sátira dos mecânicos, por sinal dado por mim), com uma marreta de 3 kg achou que resolveria o problema. Só que em vez de bater na lata bateu no parabrisa. Não precisa dizer o que aconteceu...

Em sua oficina, o Valquir também realizava serviços de chapeação e pintura. Porém, ele não isolava as partes que não deviam ser pintadas, como por exemplo, os pneus dos carros. Após terminar o serviço de pintura, ele pintava os pneus com tinta preta...


Para acessar a oficina, que ficava nos fundos da casa, era necessário percorrer um longo e estreito corredor entre um muro e a casa. Em uma sexta-feira, final da tarde, carro pronto, faltava levá-lo até a cliente, uma senhora professora. O Sati saiu de ré com a fusqueta recem pintada com o pé no fundo em direção à frente da casa. No meio do caminho a mulher do Sati abriu uma veneziana e a professora ficou sem carro no final de semana...


O Sati possuía um DKW Belcar, em “excelentes” condições que ele usava para ir até a Avenida Azenha comprar peças. Como eu sempre estava pela oficina, era o primeiro a entrar no carro nestas ocasiões. Naquela época a Azenha vivia seus anos de glória. Em uma destas idas, estávamos na Avenida Ipiranga com o Sati de pé no fundo na “Deka”. O banco da frente era inteiriço, forrado com um glorioso vinil que a cada movimento do volante me fazia deslizar de um lado para o outro. Com a ponta do sapato esquerdo, segurei o pedal do acelerador no fundo. Mais adiante uma sinaleira estava fechada e o Sati tirou o pé do acelerador que, graças ao meu pé, permaneceu no fundo. Não precisa descrever o pavor do Valquir..."

Por fim, falei com o Eduardo, o Sattinho, filho da figura. Fiquei de ligar para seu pai para pegar mais informações, mas acabei não conseguindo. Mesmo assim, o Sattinho ficou satisfeito pela lembrança do pai, pois sabe o quanto ele, um apaixonado pelas corridas, teve de contribuição para o automobilismo gaúcho, principalmente nos monopostos.

Bom, vou tentar um contato com o Satti assim que possível para trazer mais histórias para vocês. Agradeço a turma toda aí em cima que ajudou a compor esse post em homenagem ao grande Satti.

Abaixo algumas imagens mostrando o Satti com os pilotos - na ordem - Fábio Bertolucci, Jorge Martinewski, Aloysio Andrade Filho e Luis Alberto Ribeiro de Castro.






Fonte das imagens: site Fórmula 1.6

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Quarenta anos atrás... II

Foi o próprio Jan Balder que me enviou há pouco. O primeiro click foi feito em Porto Alegre, há 40 anos, aqui em Porto Alegre...


... e esse outro ontem, em São Paulo.


Vocês vão identificá-los, com certeza.

Demais, Jan! Valeu!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Saudades de cada volta

Hoje concluo a retrospectiva da trajetória do nosso querido amigo Victor Steyer. No último post, vimos que a desmotivação e a falta de resultados faziam o piloto pensar em parar, mas um fato mudaria esse cenário e o faria permanecer nas pistas por mais um tempo.

"Então vieram as 12 Horas de Guaporé em 1992 em que fomos vitoriosos, eu, o Carlinhos e o Paulo Bergamaschi. Daí surgiu a oportunidade de fazer uma dupla em 1993 também com o Carlinhos nos Opalas. Nos sagramos Campeões Gaúchos!!!

Ainda em 1993 participei das 12 Horas de Tarumã, disputadas sob o sistema de handicap, com o Walter Konrad e com o João Batista Rodrigues a bordo de um Volkswagem. Chegamos em primeiro na categoria e em segundo na geral!!!

Em 1995 participei do campeonato de Corsas. Detestei.... Nunca vi tanta robalheira em um regulamento. Foi uma grande ducha de água fria e ali comecei a pensar seriamente abandonar as corridas e cuidar mais de minha vida pessoal...

Dai para frente ainda participei em 1996 do Endurance Classe F (com um Corsa) em dupla com Raul Cohen e Rafael Cohen e nos sagramos Campeões Gaúchos, campeonato sem grande importância, mas sempre um campeonato para o curriculum...

Em 1998, 1999 e 2000 fui coordenador da Copa Corsa RS com apoio da GM. Foi legal. Cuidei mais do regulamento e posso afirmar que os campeões ali mereceram seus troféus.

1999 também foi o ano em que participei com um Ômega nas 12 Horas de Tarumã. Tiramos o primeiro lugar na categoria e terceiro lugar na geral. Pilotei junto com Fernando Justo e o Carlos Steyer (meu primo).

Em 2002 ou 2003, não lembro bem, participei das 12 Horas com um protótipo ALDEE em dupla com o Samuel Siebel (Samuca), ex-kartista. Cheguei a pilotar duas horas, mas nas mãos do Samuca quebrou a suspensão e desistimos da prova no amanhecer do domingo.

Em 2007 foi minha última largada. Foi com um Porsche 997 (recem chegado da Alemanha) adquirido pelos irmãos Daniel e Miguel Paludo. Eles tinham compromisso na empresa e pediram para que eu e Carlinhos alinhássemos o carro para a prova de GT3 pois havia a necessidade do carro participar da prova daquele final de ano para justificar a admissão temporária visando isenção de impostos. O combinado foi que participássemos dos treinos livres e classificatórios, alinharíamos na prova, daríamos cinco voltas e guardaríamos o carro no box. Assim foi feito. Classificamos relativamente bem pois ficamos na frente dos outros dois Porsches que alinharam na prova. Eu larguei para a corrida, dei cinco voltas, me diverti muito e parei satisfeito por poder entregar o carro inteiro e intacto para o Miguel Paludo iniciar no ano seguinte uma carreira vitoriosa na Porsche Cup, sagrando-se Campeão em 2008 e Bi em 2009.

Agora só brincadeiras em treinos com Maserati e Veloce!!! he..he..he...
Pelos meus cálculos foram 120 participações de 1972 até 2007. Pouco né? Mas é o que eu podia alcançar pelos poucos recursos que sempre dispunha. Mas digo de boca cheia: VALEU!!! Tenho saudades de cada volta, de cada prova e de cada conquista e por que não dizer de cada derrota... pois foram com elas que construi os passos seguintes!!! As corridas me ensinaram ao longo da vida a conviver também com derrotas e não perder a esperança nunca... continuar de cabeça erguida e seguir em frente!!! Quantas vezes em momentos de nossas vidas perdemos empregos, amores e nos desesperamos, ficamos entristecidos e eis que surgem energias alimentadas pela esperança, que nos impulsionam para um novo emprego, um novo amor e o ciclo recomeça!!!

Abração,
Victor Steyer"

O Victor ainda me disse que ainda guri gostava da marca Ford e sempre torcia pelo José Azmuz nas carreteiras. Quando já estava no meio automobilistico, Cláudio Mueller foi sem dúvida o seu grande incentivador e mestre.

Deixo aqui o registro da admiração que sempre tive pelo Victor, seja como piloto, seja como pessoa. Agradeço a ele também pela paciência e atenção dispensada ao blog para que pudéssemos ter todas as informações necessárias para compor esse precioso depoimento.

Abaixo uma sequência de imagens que fecham essa retrospectiva, começando com as 12 Horas de Guaporé de 1992, o Gaúcho de Opala em 93, as 12 Horas de 93 com um VW, o Voyage com o qual correu algumas provas do Gaúcho de Marcas em dupla com Jorge Fleck em 94, a Copa Corsa de 95 (ele é o quarto no grid - carro branco com parachoques laranja), o Passat da Endurance em 96, o Corsa #26 das 12 Horas de 96, o Ômega das 12 Horas de 99, o Porsche branco em Interlagos 2007 e por fim, a assistência aos irmãos Paludo, na Porsche Cup e na Nascar.












Fonte das imagens: jornal Pit Stop, arquivo pessoal, jornal Zero Hora, jornal Esporte Motor, http://www.velocidadeonline.com.br/ e Blog Pilotos Jurássicos Gaúchos.