domingo, 31 de agosto de 2008

Encontro de campeões

Tive o prazer de, na última Sexta, fazer parte de um momento inesquecível para o automobilismo gaúcho e brasileiro, a convite dos autores Gilberto Menegaz, Paulo Lava e Paulo Torino. O tão aguardado lançamento do livro do Tarumã foi pura emoção.

Alguns dos que lá estavam, tinham acelerado ou simplesmente assistido as primeiras provas no autódromo no distante 8 de Novembro de 1970. Outros, contemporâneos a essa geração, ainda hoje aceleram em busca da vitória nesse circuito desafiador.

Particularmente esse momento foi de muita emoção. Tenho escrito e publicado imagens de grandes ídolos de um automobilismo de 20, 30 anos atrás, mas foram poucas as vezes que pude encontrar e conversar pessoalmente com todos eles. E alguns me deram esse prazer, e o que é mais incrível, já me conheciam, sem sequer eu ter me apresentado (!). Ah, tu que és o Sanco! Ouvi algumas vezes. Puxa, que legal.

Menegaz, Lava (discursando) e Torino.

Olhando para um lado, Clóvis de Moraes, "Chico" Feoli, Luiz Fernando Cruz, do outro, Antônio Fornari, Paulo Hoerlle, Roberto Giordani, Trein, "Schimitão", Nique, Esbróglio, "Janjão", "Castrinho", "Zuio", "Beto Pareci", entre tantos outros automobilistas que tantas alegrias trouxeram ao público que assistia junto ao Tala Larga, que agora, olhando rapidamente na primeira página do livro, pude vê-lo em chão batido nos anos 60, antes mesmo da efetiva construção. Senti a falta de muitos outros, mas sabemos que reunir todos eles é uma missão um tanto difícil.

Pude falar com muitos deles e a conversa era ótima. Levei minha câmera com o objetivo de registrar aquele momento, mas foram raros os momentos em que a usei, pois o tempo era curto, e não se podia desperdiça-lo.

O Paulo Trevisan (vejam ele na imagem abaixo), que sempre demonstrou seu apoio a este espaço, se encarregou de dar uma moldura especial ao evento, trazendo três exemplares do Museu do Automobilismo Brasileiro de Passo Fundo, o Uno #99 da Melitta, várias vezes campeão nas mãos de Antônio Fornari e Paulo Hoerlle, o Escort #11, campeão brasileiro de Marcas e Pilotos com Egon Herzfeldt e Vicente Daudt e esse belo e inesquecível Fórmula 2 que petencera ao "Chico" Feoli, que inclusive chegou a "roncar" para a alegria de todos os presentes.

Aquela noite passou muito rápida, mas tenho certeza de que ficará registrada para sempre na memória daqueles que lá estiveram.

Desafio da Semana

Essa veio nos arquivos do "Janjão". Quem? Quando? Aquelas perguntas básicas...

Mãos à obra!

sábado, 30 de agosto de 2008

Ele chegou

Quem acompanha o Blog há algum tempo sabe como eu estava esperando por esse momento. Com muita expectativa. Pois finalmente o livro Tarumã - Uma história de velocidade (gostei do título) foi lançado ontem à noite. E que bela imagem que foi escolhida para representar todos esses anos. Imagino como deve ter sido difícil essa tarefa. Vou falar mais sobre esse momento em breve.

Sonhei com esse livro há alguns anos, e o Gilberto Menegaz, o Paulo Lava e o Paulo Torino, pessoas do mais alto conhecimento no assunto, tornaram o sonho em realidade. Parabéns a eles e ao automobilismo gaúcho e brasileiro que agora tem imortalizado um belo registro de sua história.

Aos interessados em adquirir um exemplar, cliquem no link na coluna ao lado para obter mais informações.

Beto Pareci

O Paulo Schutz e o Luiz Borgmann estão entre os craques do Blog. Eles não deixam passar uma! Caramba, que memória! Boa parte do que eu coloco aqui nem vivi, mas os registros da época, alguns deles, obtidos com os próprios pilotos, me ajudam a descobrir e descrever aquele tempo. Esses dois, assim como todos aqueles que colaboram com este modesto Blog, têm todo o meu respeito.

Bom, demorou apenas algumas poucas horas para que a resposta do último Desafio fosse revelada. Era o Roberto Albino Schmitz, o "Beto Pareci" no seu Maverick #40 com o qual competiu n Divisão 1 em 1975. Como sempre faço, ou tento fazer, a partir de hoje vou publicar algumas imagens da trajetória dele nas pistas, desde o kart, passando pela Divisão 3, Divisão 1, Hot Car, 12 Horas, entre outras.

"Beto" iniciou no automobilismo através do kart em 1971 e nessa modalidade obteve várias vitórias, sendo vice-campeão em 72 e campeão da categoria Piloto de Competição 125cc no ano seguinte. Hoje trago uma bela série de imagens daqueles três primeiros anos. Vejam abaixo.

Opa! Mas isso não tem nada a ver com kart! Pois é, não sei exatamente se foi a primeira prova dele, mas no dia 22 de Agosto de 71 foi realizada em Tarumã uma prova para universitários, organizada pela FAMECOS da PUC-RS. Certa vez ouvi alguma coisa sobre isso e que o Cláudio Furtado teria sido um dos idealizadores. Não estou certo sobre isso. Na ocasião, "Beto", então com apenas 16 anos - não era necessária a carteira de motorista - participou com esse Corcel I GT.

Essas três primeiras são de 1971, sendo que a terceira é das 100 Milhas, disputada no dia 5 de Dezembro daquele ano.


Esta sequência é de 72, quando "Beto" corria pela Escola Gaúcha de Pilotagem (alguém saberia dizer quem eram os instrutores?). Na imagem do pódio, "Beto" está na esquerda. Infelizmente não sei quem são os outros dois pilotos.

Encerrando com uma série de 73, ano do título gaúcho. Três imagens são de provas nas ruas, uma em Gramado, da qual saiu vencedor e as outras duas não consegui identificar. A última do dia é provavelmente na entrega dos prêmios aos campeões daquele ano, em cerimônia realizada no Clube dos Caixeiros Viajantes.

Aproveitando, publico aqui a lista dos melhores pilotos na classificação dos campeonatos gaúchos de kart de 1973:

Categoria Júnior:
1º - Fredo Hennig;
2º - Júlio César Dias;
3º - Sérgio Luiz Fleck;
4º - Alderico Nogueira.

Categoria Senior:
1º - Nelson Rola;
2º - Fábio Bertolucci;
3º - Ricardo Baldino;
4º - Ronaldo Bertolucci.

Categoria Estreantes e Novatos:
1º - Waldir Buneder;
2º - Carlos Krug;
3º - Erbert Frischmann.

Categoria Piloto de Competição:
1º - Roberto Schmitz;
2º - Ricardo Baldino;
3º - João Miguel Bastian;
4º - Paulo Marques de Barros.

Categoria Piloto Oficial de Competição 125cc:
1º - Flávio Martinewski;
2º - Jorge Hennig.

Categoria Piloto Oficial de Competição 100cc:
1º - Jorge Martinewski;
2º - Telmo Schmidt;
3º - Jorge Hennig.

Como é possível ver, alguns nomes que continuaram por muitos anos no automobilismo gaúcho e brasileiro.

Após a conquista do título, "Beto" faria sua reestréia nos "autos", com um Fusca na Divisão 3. Em breve mais sobre essa história.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Lembrar é viver

Desde aquelas duas provas em 1982 no Gaúcho de 147 que "Janjão" não acelerava. Estava definitivamente afastado do automobilismo, ainda trabalhando na Taurus. Entretanto, em 1984 um fato relevante aconteceu. Mais uma vez deixo para ele mesmo contar essa. Não deixem de ler.

"A Fiat, que tinha se retirado oficialmente das competições, extinguindo a sua categoria monomarca, a Copa Fiat 147, que tanto retorno lhe deu, anunciou a sua volta, agora no novo Campeonato Brasileiro de Marcas que atraía a atenção dos aficcionados e começava a ocupar grandes espaços na mídia. E voltava em grande estilo, oferecendo mundos e fundos para quem defendesse suas cores, inclusive com altas ofertas em dinheiro. Buscava principalmente os nomes do passado recente e do presente que ainda tinham uma forte associação com sua marca.

O chamariz maior para as suas fileiras era nada mais nada menos do que o Emerson Fittipaldi que pilotaria um dos Oggi oficial da fábrica junto com seu irmão Wilsinho. Aqui no sul , entre outros, o nome do Renato Conill, que ainda estava em atividade, e o meu foram lembrados. O problema é que eu tinha jurado ao presidente da Taurus que nuuuuunca mais iria correr, pelo menos se quisesse continuar trabalhando lá. Esta condição já tinha sido colocada por ele quando fui contratado para a empresa em 1982 mas, por insistência minha, ele havia permitido que eu corresse aquelas duas provas com a equipe do Paulo Jacometti, “desde que ficasse longe dos carros de nossa equipe”, que era então o Conill e o Jackson Lembert.

Todos sabem que não foi isso que aconteceu, naquele rolo coletivo da curva dois. Eu me choquei com o Jackson, saímos fora da pista e quase levamos o Conill também! Melei, involuntariamente, o resultado da Equipe Taurus e a minha barra pesou ao extremo na segunda feira quando voltei à empresa. Mantive o emprego porque o cara gostava de mim e eu vinha fazendo bom trabalho, também. Mas o que era uma simples “condição extra contratual” ( leia-se “fio de bigode”) passou a ser, a partir daí, um juramento. Como ia eu, então, voltar a pedir a ele para correr "só mais umazinha"?

Não sei como consegui, mas sei que a questão financeira pesou muito. Consegui mostrar a ele que o valor que a Fiat ia me pagar representava o salário de um ano de um gerente da companhia (eu era, na época, apenas coordenador). Também, mais uma vez valeu o aspecto sentimental e o fato dele gostar de mim e das corridas de automóvel (afinal tinha me patrocinado desde o primeiro dia da Equipe Jardim Itália). Eu argumentara que em toda a minha carreira de piloto sempre corri atrás de patrocínio e agora, tinha uma oferta que representava todo aquele sonho de ser um profissional do automobilismo e que nunca conseguira realizar. Que ele tinha que me permitir realizar este sonho.

Prometi que eu não iria prejudicar o trabalho, que era coisa de fim de semana, que sairia da empresa no final do expediente de sexta feira e voltaria na primeira hora da segunda. No fim, consegui, sob estas condições, e lá estava eu desembarcando em São Paulo na sexta feira à noite e rumando para o Autódromo de Interlagos, todo engravatado, para o treino noturno obrigatório da competição.

O treino terminaria às 22:00 e eu cheguei nos boxes às 21:30. Todo mundo nervoso, se não treinasse, não corria no sábado. O Conill, que estava em Interlagos desde quarta feira, acertara o carro, o Fiat Oggi #48, e este estava uma bala. Botei o macacão por cima da camisa social, mal pude tirar a gravata, e saí para as minhas poucas voltas que restavam. Lembro de ter perguntado ao Conill como os mais rápidos estavam fazendo a curva 1, e ele me respondeu: “ de pé embaixo “, mas acrescentou: “ cuidado que o carro está meio traseiro, se você tira o pé do acelerador rápido demais a traseira escapa e o carro dá uma chicoteada muito perigosa, teremos que ver como solucionamos isto depois “.

Sai do box para a volta de reconhecimento meio tonto, gente passando por todos os lados, faróis que surgiam nos espelhos retrovisores de repente, um inferno. Completei a volta tentando me adaptar aquelas condições, com um pensamento fixo na cabeça : “ não posso tirar o pé na 1, vai estar todo mundo no muro dos boxes olhando, não posso me mixar “. No meio da reta pisei fundo, passei pelos boxes voando, trinquei os dentes e encarei a 1 com o pé direito fazendo buraco na sapatilha. Você sabe, a curva 1 de Interlagos era “a curva”, antes da reforma. Eram na verdade duas curvas em uma . Você abria , fazia uma tangente em seguida e escorregava para fora já preparando a tomada da 2. Um raio longo, em relevê, que desembocava num longo retão de quase um quilômetro. Fui bem até o meio dela , fiz a primeira tangência perfeita, deixei o carro escorregar para fora da curva para preparar a entrada da 2 quando, de repente, vi um carro praticamente parado na zebra externa, bem aonde eu estava escorregando para iniciar a tomada da 2! Instintivamente tirei o pé do acelerador, o carro embicou para dentro, corrigi o que pude, re-acelerei para endireitar a trajetória , tirei um fino de milímetros deste carro agora parado, entrei na grama de cano cheio e grudei o carro de frente no guard rail externo da curva. O carro dobrou no meio! Ficou um L. Deixei baixar a poeira um pouquinho, e voltei me arrastando para os boxes. Você pode imaginar o clima. Os caras treinando desde quarta feira, o carro em ponto de bala e aí vem um "zebu" e gruda o mesmo no guard rail na sua primeira volta de treino! Caramba!!!

Final da história: os mecânicos trabalharam toda a noite, arrumaram o que puderam e nós corremos com o bicho meio tortinho. Não sei que posição chegamos, mas boa não foi.

Algumas semanas depois teve uma corrida em Guaporé, aí com o carro refeito demos um show, largamos em segundo (veja a foto em anexo, atente para o número de carros na largada), acho que até ganhamos ou quase. Botei o meu dinheiro no bolso no final do ano, mas uma coisa ficou claro: meus dias no automobilismo tinham acabado. Não havia como ser competitivo num esquema daqueles, de chegar na véspera e, muito menos, de trabalhar pensando nestes fins de semana malucos, sabendo que na segunda feira teria que estar inteiro no escritório para não falhar, também, no trabalho.

Terminava aí a saga de um "barbeiro" (como o pai me chamava, carinhosamente, brincando depois que passava a sua fúria por eu quase ter quebrado a caixa do seu Simca Chambord nas arrancadas, nas aulas que me dava de direção) no automobilismo."

Apenas completando a informação sobre a prova de Guaporé, que teve um grid de 45 carros, a dupla concluiu na terceira posição, a três voltas dos vencedores. A prova iniciada às 22:00 do Sábado, foi interrompida às 03:24 por causa da neblina. A esta altura o Oggi #48 era o segundo. A imagem mostrada acima é da nova largada dada às 08:30.

Bom pessoal, foi um prazer enorme e um baita privilégio ter mantido contato com esse grande personagem do automobilismo gaúcho e brasileiro. Um cara que como vocês perceberam, ao longo desses últimos dias, tem muita história para contar. As portas do Blog estão sempre abertas e se ele quiser enviar mais histórias, tenho certeza que o público vai agradecer. Isso vale para todos aqueles, que da mesma forma, escreveram a história do nosso automobilismo.Para encerrar essa série, reservei uma imagem que não precisa de muitas palavras para descrevê-la. É o retrato do que foi uma das mais acirradas competições da história do automobilismo no Brasil, e da qual Antônio João Freire saiu dela como um dos melhores pilotos que por lá passou.

Valeu, "Janjão"!

Fonte das imagens: arquivo "Janjão" Freire, revista Auto Esporte, arquivo Luiz Fernando Silva e livro 12 Horas.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Do tempo das corridas de rua

As corridas de kart nas ruas marcaram época, principalmente até os anos 80, quando o número de praças esportivas ainda era pequeno aqui no Rio Grande do Sul. A cidade de Novo Hamburgo, tradicional formadora de bons kartistas, carecia do seu espaço e o I GP de Kart de Novo Hamburgo, organizado pelo Kart Clube do Vale e disputado em Julho de 1988 nas ruas do bairro Ideal, seria o termômetro para definir ou não a construção de um traçado definitivo na cidade.

A prova foi disputada por 16 duplas e foi dividida em duas baterias de 50 quilômetros cada. A pole position ficou com o kart #97 de Lizandro Vacari/Alexandre Rigon da equipe Luft/Casa castor. Na primeira delas a vitória ficou com o kart #2 da dupla Ricardo Rossi/Fábio Formolo da equipe Intral/Oceania/Degonu/Valent, seguidos por Vadis Grando/Abramo Mazzochi, Lizandro Vacari/Alexandre Rigon, José Luiz Krupp Filho/Fredo Hennig e Teobaldo Becker/David Hilgert.

A segunda bateria teve como vencedora a dupla do kart #7 Marcelo Barbosa/William Segóvia com Ricardo Rossi/Fábio Formolo chegando apenas na quinta posição, mas vencendo a prova na soma dos pontos.

O resultado final foi o seguinte:
1º #2 - Rossi/Formolo;
2º #5 - Krupp Filho/Hennig;
3º #3 - Abel Félix Neto/José Carlos Bignette;
4º #8 - Grando/Mazzochi;
5º #7 - Barbosa/Segóvia;
6º #51 - Becker/Hilgert;
7º #1 - André Steffler/Lucio Winck;
8º #97 - Vacari/Rigon;
9º #89 - Rogério Pontes/Erani Waschburger;
10º #52 - Celso Zimmer/Gustavo Romanello;
11º #9 - Paulo Hoher/Maria Cristina Rosito.

Abaixo, imagem do kart vencedor, atravessado em meio às chicanes de pneus.

No intervalo das baterias, foi disputada uma prova da categoria Júnior que teve como vencedor o nosso amigo Luiz Fernando Tróglio Jr.

O resultado foi o seguinte:
1º - Tróglio Jr;
2º - Stephen Korting;
3º - Mateus Baronio;
4º - Júlio Steffen Jr.

Abaixo imagens da premiação: da esquerda para a direita estão Steffen Jr. (de jaqueta amarela), Korting, Tróglio Jr. e Baronio (que se não me engano é filho do Bruno Baronio, diretor de provas).

Ah, se o evento teve sucesso? Basta dizer que foi assistido por aproximadamente dez mil pessoas, prestígio mais do que suficiente para iniciar as obras do novo kartódromo pouco depois. A inauguração daquela pista será contada aqui em breve.

Fonte das imagens: arquivo Família Tróglio.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Revival

A aposentadoria de "Janjão" Freire estava com os dias contados. O Campeonato Gaúcho de Fiat 147 de 1982 pegava fogo. Eram muitos os pilotos com chances de vitória e o número de carros tinha aumentado significativamente desde 1981. "Janjão" não conseguira se livrar do comichão no pé direito e ele acabou formando uma equipe com o Paulo Jacometti com o carro branco #2 preparado pelo Pereira, para disputar duas provas, em Guaporé e Tarumã, contra o seu antigo parceiro (Renato Conill) e os outros rivais de sempre.

Pude assistir a essa prova de Tarumã na casa dele, na sequência daquela do vôo de 1980. De cara aparecem oito carros se empurrando na subida da reta: "Janjão" na liderança seguido por Hoerlle, Conill, Fornari, Lembert, João Campos, Luis Ernani Mello e Jacometti. Logo a seguir a imagem corta para a curva 3 e mostra o piloto Glênio Fernandes saindo do seu carro acidentado.

PÁRA TUDO!!!! Acabo de descobrir que eu estava nessa prova! E essa imagem resolveu um enigma que eu estava tentando resolver há muito tempo. Eu explico.

Já falei aqui sobre o Fiat da Melitta e que quando guri esse era um dos carros para os quais eu torcia, porém a imagem do Melitta sempre esteve muito associada ao Paulo Hoerlle. Certa vez, quando fui visitar o "Paulinho" lá na oficina dele, comentei sobre essa prova, mas ele me disse que não tinha sido ele e não sabia quem poderia ter sido. Aí eu pensei: ué, pensei que "o Melitta" sempre fora pilotado por ele. Quem seria, então? Pois descobri há poucos dias que "o Melitta" começou na verdade nas mãos do Vitor Hugo de Castro e do Glênio Fernandes, o tal piloto do acidente na 3. Como falei, eu e minha família estávamos na entrada do Tala e tínhamos uma boa visão da 3. Por algumas voltas o carro do Glênio passava com alguma coisa solta em baixo, parecia o escapamento, que ficava tocando na roda do carro. Nunca vou esquecer do meu pai falando para o bandeirinha que ele iria capotar, caso não parasse para consertar. Não deu outra. Capotou mesmo. Eu tenho uma fotografia onde aparecem o meu pai e minha mãe, após a prova, aparecendo o Fiat lá no fundo, na mesma posição mostrada no vídeo. Caramba!!! Enigma solucionado.

Bom, voltamos à corrida que estava emocionante e vários pilotos se revezavam na liderança da competição. A curva 1 era o ponto preferido para as ultrapassagens. Os pilotos subiam a reta junto ao muro e pouco antes da curva começavam a sair do vácuo do carro da frente. Numa volta "Janjão" liderava, na outra era o quarto colocado e assim eles iam fazendo a festa para o público...


...até que Conill, Fornari e Lembert dividem a 1 em três, com Hoerlle colado em "Janjão" que estava colado em Conill.


Na chegada da 2 Hoerlle retarda a freada e dá um toque em "Janjão" e acaba desequilibrando o Fiat #2. Lembert havia aliviado pois seria difícil fazer a 2 lado a lado com Conill e Fornari. Com isso tínhamos "Janjão", Lembert e Hoerlle disputando o mesmo espaço.


Então o inevitável aconteceu:

Hoerlle tentou passar pelo meio de Lembert e "Janjão", mas os três carros acabaram se tocando...

...com a pior sobrando para o #14 e o #2 que foi obrigado a abandonar a sua prova de despedida.

Aquela que até então era a sua despedida definitiva, mostrou que independente da equipe, o piloto tinha condições de brigar pela ponta nas provas em que participasse. Foi uma despedida a rigor. Ele pode ver pelo retrovisor os carros pretos que ajudou a criar e aos quais tanto se dedicou, além de ver novamente os mesmos adversários de tantas lutas.

A última parte dessa história vai ao ar amanhã. Não percam.

Fonte das imagens: arquivo "Janjão" Freire com imagens da TV2 Guaíba e Pódium Graphic.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

A inauguração dos Eucaliptos

No último Sábado publiquei algumas imagens do Tróglio Jr e entre elas uma que me fez voltar no tempo. A inauguração do Kartódromo dos Eucaliptos. Encontrei um registro da época entre o material que me foi enviado e que mostrarei agora.

Quem mora em Porto Alegre sabe como o povo tem carinho pelos Eucaliptos, antigo estádio de futebol, que se não estou enganado, chegou a ser sede de jogos da Copa do Mundo, quando esta passou pelo Brasil em 1950.

Condenado ao abandono, em meados dos anos 80, surgiu a idéia de transformar o antigo estádio em uma pista de kart. E no dia 13 de Julho de 1986 lá estava um bom número de equipes para disputar os quatro GP's da programados para aquele Domingo. No jornal Zero Hora do dia seguinte, assim escreveu o Cláudio Furtado:



Os resultados das provas foram os seguintes:

Olha o Júnior comemorando sob os olhares do Rogério Sfoggia e do Rodrigo Simões.

A história do Kartódromo dos Eucaliptos durou pouco. Acho que dois ou três anos depois acabou sendo fechado. Acredito que o motivo tenha sido o barulho dos karts, pois o estádio ficava (ainda está) localizado no meio do bairro Menino Deus.

Me lembro de ter andado lá uma vez, numa promoção organizada pela equipe do Duda Rosa. Foram poucas voltas, mas o suficiente para lembrar do traçado até hoje.

Fonte das imagens: arquivo Família Tróglio.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Lembrança de uma batalha - O começo do fim

Ainda em 1981...

Não poderia deixar de registrar que surpreende a atitude do Antônio Freire em relação ao Blog. Jamais imaginaria que personagens tão ilustres e marcantes da história do automobilismo gaúcho tivessem o despreendimento para ajudar nas pesquisas, na busca por fatos marcantes e por imagens que registraram a história. O "Janjão" voltou no tempo e nos trouxe mais uma história impressionante para mostrar, que nós, meros espectadores, não tínhamos a noção do que acontecia dentro das pistas, da comunicação entre os pilotos em pleno limite da velocidade dos carros, da malandragem e da provocação.

Quem gostou daquela história da corrida de Interlagos na chuva, não pode perder essa. É uma das mais vivas lembranças de uma batalha. Apertem o cinto e pé na tábua, mas não esqueçam de usar os espelhos!

Que as corridas de Fiat haviam se transformado numa guerra em 1981 todo mundo já percebia. Os custos de manutenção dos veículos danificados pelas batidas, o risco da integridade física dos pilotos, começava a levar a disputadíssima Copa Fiat ao esvaziamento do número de participantes. Dos iniciais quase quarenta carros inscritos de seus primeiros anos, restavam agora menos do que vinte carros por etapa. Os dirigentes não sabiam mais o que fazer para coibir a pancadaria. Penalizações começavam a ser distribuídas a rodo aos pilotos pelos dirigentes como último recurso para evitar o pior. A Fiat, patrocinadora do evento, vivia um drama, ao mesmo tempo que se beneficiava pela repercussão na mídia e com a lotação dos autódromos que seus “gladiadores” proporcionavam, começava a ver a sua categoria se esvaziar por falta de combatentes com coragem e recursos financeiros para fazerem frente a esta crescente violência.

A polarização entre duas equipes sobreviventes era evidente. De um lado a numerosa e forte equipe Milano de São Paulo, onde suas estrelas eram os excelentes pilotos Áttila Sipos e Luis Otávio Paternostro e a gaúcha Jardim Itália de "Janjão" Freire e Renato Conill.

Os acontecimentos ocorridos na segunda etapa do Campeonato Paulista de Fiat 147, realizada em Interlagos no dia 22 de Junho de 1981, foram emblemáticos e, para alguns, marcou o início do fim da mais disputada categoria do automobilismo brasileiro dos anos 70 e 80. "Janjão" Freire conta assim o que foi aquela batalha:


“Nossa participação no Campeonato Paulista de Fiat atendia mais a interesses estratégicos e políticos da revenda Jardim Itália frente à Fiat do que meramente esportivos. Evidentemente a presença de gaúchos num campeonato paulista acirrava mais a rivalidade entre os seus participantes. Esta rivalidade era expressa de forma sutil na maioria das vezes ou acintosamente como conto agora: eu me preparava para largar da pole position seguido do Áttila, Pater, Conill, Alexandre Negrão, Rogério dos Santos e José Romano Coelho (destes, apenas Conill e eu não éramos paulistas) quando alguém bateu no vidro do meu carro. Era um mecânico da Milano e o recado foi curto e grosso: "o Áttila, ali ao lado, mandou te avisar que se tu andares na frente dele ele vai te detonar!” Olhei para o carro do Áttila e ele, dentro, parecia me olhar. Até hoje não sei se o "Alemão" estava por trás daquela mensagem ou não, mas na hora ela valeu para uma decisão que tomaria minutos depois, durante a competição.

Demos a largada e já no retão um “trensinho branco” passou lotado por mim. Eram uns quatro ou cinco carros da Milano, um empurrando o outro, que unidos me deixaram na freada da curva 3 em sexto lugar. Em menos de um quilômetro eu saíra do primeiro lugar para a sexta colocação! Durante a volta fui me metendo entre eles completando o primeira giro em terceiro, atrás do Áttila e do Paternostro. O Conill começava a sofrer as consequências de um problema mecânico que tivera na volta de apresentação e ficou para trás.


Na segunda volta eu já estava lá, sozinho, peleando com os “brancos”. Éramos um grupo compacto de cinco carros e a pancadaria corria solta. Ficamos assim umas dez voltas até que decidi: tinha que sair daquele bolo, ou a coisa ia acabar mal para mim. Escolhi quem estava na minha frente, o Áttila, e no meio do retão, embutido na sua traseira fiz um sinal para ele com os dedos: "nós dois, prá frente!" Para minha surpresa ele respondeu com um polegar para cima e um sinal típico usado na categoria: com o punho cerrado, como se esmurrando uma porta, sinalizava, "me bate, me empurra", talvez confiando que eu não me atreveria a passá-lo, conforme o recado que seu mecânico me tinha dado na hora da largada. Não foi preciso pedir muito, fui empurrando o carro dele, reta a reta, curva a curva, sem tentar ultrapassá-lo, até chegarmos na última volta alguns metros a frente dos demais do grupo. Passamos na frente dos boxes muito próximos, fizemos a curva 1 e 2 grudados e no meio da retão tirei meu carro do vácuo, botei do lado dele, ele me olhou incrédulo (tudo isso a uns 150/160 por hora!) e eu fiz um sinalzinho para ele: "entra atrás!" Botei meu carro na frente do dele na freada da curva 3, caprichei o que pude, abri uns dois metros de distância, olhei pelo espelhinho e ele parecia espumar para fora do capacete, como quem dissesse: "o que este cara está pensando, não ouviu o meu recado?". Fiz outro sinal para ele, agora desafiando: "me bate agora, quero ver!" Caprichei cada curva como nunca tinha feito na minha vida, o metrinho entre o carro dele e o meu se manteve, abri um pouquinho mais no Pinheirinho, entrei na Junção, uns 4 ou 5 metros na frente e olhei para trás achando que a corrida estava ganha.



Minha estratégia tinha funcionado mas por esta eu não esperava: o trensinho tinha se formado de novo! Ao perder o meu vácuo o carro do Áttila fora alcançado pelos demais carros da Milano e lá vinham eles, embutidos, para me roubar a vitória nos últimos metros, na subida dos boxes! Eles comeram a distância que eu abrira do Áttila em segundos e a ultrapassagem era eminente. Eles pareciam tão mais velozes juntos que senti que tudo estava perdido. Eles cresciam nos meus espelhos retrovisores, iam tirar de trás de mim quando no desespero usei o último recurso que me sobrou: joguei o carro para a direita, numa fração de segundos antes deles, colocando-o exatamente na trajetória que eles iam fazer para me ultrapassar. Levei uma porrada por trás, mas me mantive na frente deles de novo, eles tentaram sair pelo outro lado, eu fiz o mesmo (e tome porrada!) e assim fomos até a bandeirada: eles tentando sair de trás de mim e eu “toureando” eles pelo espelho retrovisor até a quadriculada baixar sobre nós todos de uma só vez!!! A última cena que me lembro destes momentos finais foi de ter olhado pelos retrovisores e ver pedaços de minhas sinaleiras voando para tudo que é lado e um dos pilotos dos "brancos" quase sentado no banco traseiro do meu fiatzinho, espumando de raiva!

Voltamos aos boxes, na volta de desaceleração eles passaram por mim voando em formação, não vi nenhum cumprimento ou ato de cortesia. Depois, mais tarde, soube que eles quase se pegaram nos boxes, o Áttila quase foi linchado, sendo acusado pelos seus companheiros de ter se deixado usar por aquele "gaúcho f.d.p".

Infelizmente, todo este esforço valeu muito pouco: os dirigentes paulistas penalizaram os quatro primeiros por conduta anti desportiva (leia-se empurrões, batidas ,etc) e deram o primeiro lugar para o Coelho (da Milano) que chegou em 5º. Um absurdo, evidentemente, ele, como todos daquele grupo, deram e receberam porradas. Ele foi apenas o menos competente neste quesito: ficou em quinto, desgarrado dos demais.

Não adiantou muito o choro, a corrida terminou assim, mas marcou, no meu entender, o golpe mortal, na categoria. A partir daí o fator extra pista esteve sempre presente, dirigentes interferindo a torto e a direito (com a melhor das intenções, acredito, mas sujeito aos erros humanos intencionais ou não) e os campeonatos viraram cenário de grandes polêmicas jurídicas que ofuscaram o brilho de seus campeões”.

Essa história, além de outras ocorridas ao longo daquele ano teria como consequência o fim da equipe Jardim Itália, que já no final de 1980 demonstrava interesse em se retirar das competições, mas que prorrogara o programa por mais um ano. Na metade de 1981 a equipe quase foi fechada, devido a diversos atritos, mas principalmente pela falta de critérios de penalização por parte dos diretores de prova. Nascida no final de 1978 com o intuito de participar das duas etapas do primeiro campeonato brasileiro, em Goiânia e Brasília, foi sem dúvida, uma das equipes que mais investiu no automobilismo gaúcho e brasileiro, a ponto de incentivar uma das mais antigas rivalidades do esporte, a briga entre gaúchos e paulistas.

domingo, 24 de agosto de 2008

Desafio da Semana

Vejam que maravilha de imagem. Quem é o piloto? E o ano? É sempre bom ver um Maverick por aqui.

Mãos à obra!

sábado, 23 de agosto de 2008

Luiz Fernando Tróglio Júnior

Há pouco estava olhando: já foram publicados quase 60 Desafios ao longo desse pouco mais de um ano de Blog!!! Quanta história já passou por aqui, não acham?

Bom, não foi difícil acertar o último, pois há poucos dias falávamos sobre os mais experientes dessa família de pilotos. Na ocasião, os Tróglio. Comentei que na mesma época que o pai e o tio penduravam os capacetes, o Júnior, na época com 9 anos, iniciava no kartismo, levando no seu kart o mesmo #13 utilizado por seu pai. Sua primeira prova foi no kartódromo de Passo Fundo no dia 23 de Janeiro de 1984.

Júnior competiu por quase 20 anos nas categorias Júnior, Quarta Menor, Fórmula Kart e Pró-400. Na mesma leva dos Mavericks, veio muito material do tempo dele no kart. Fiz uma difícil seleção (é ruim deixar alguma coisa de fora, mas fazer o quê...) e ao longo dos próximos dias pretendo mostrar pra vocês. Hoje começo com alguma entre 1986 e 1987.

Inauguração do Kartódromo dos Eucaliptos em 1986: da esquerda para a direita estão o Júnior (com seu pai logo atrás), Rogério Sffogia, Marcelo Ventre, Rodrigo Simões, William Segovia (de macacão azul) e Stephen Korting.


Outra de 86, agora em Tarumã. Rodrigo Simões no #11 e Tróglio Júnior no #13 logo atrás. De cronômetro no pescoço está o pai do Rodrigo, Vandernei Simões, ex-piloto de Fiats.


Fazendo pose para a fotografia enquanto o mecânico Celso Crespi fazia os últimos ajustes para mais uma prova naquele mesmo ano.

Encerrando esse post com uma no mesmo lugar onde tudo começou, Passo Fundo, agora em 1987, tendo ao seu lado o mecânico Valdemar Kurtz.

Em breve muito mais imagens do kart para vocês apreciarem.

Fonte das imagens: arquivo Família Tróglio.