terça-feira, 5 de agosto de 2008

500 km de Tarumã - 1982

Em meio ao material que me foi gentilmente emprestado pelo Luiz Fernando Tróglio Júnior, encontrei algumas relíquias, tais como o registro dos 500 km de Tarumã de 1982, evento que marcou o retorno das provas de longa duração ao estado. A última fora em Outubro de 1976, as 12 Horas de Tarumã. A restrição na utilização de combustível era a justificativa. Brasília já havia dado o exemplo com os 1000 km em 1980, utilizando álcool, e desde então os dirigentes gaúchos estudavam a possibilidade da realização de uma prova semelhante.

Assim foi feito e no dia 26 de Setembro de 1982 cerca de 30 carros das categorias Turismo 5000, Hot Car, Fiat 147 e Chevette alinharam para a disputa. Encontrei o registro de boa parte dos inscritos.

Categoria Turismo 5000:
#07 José Renato De Léo/Walter Soldan - Óticas Léo - Maverick;
#12 Clóvis Gralha/Fernando Bertoja - Volk 1200 - Dodge;
#14 Luiz e Edson Tróglio - Expresso Industrial - Maverick;
#18 Bruno Picollo/Nei Luiz Biehl - Conte/Brasmonta - Dodge;
#20 Paulo Schoenardie/Luiz Macedo - Sabiá/CTE - Dodge;
#23 Leocardo Baum/Heitor Jorge Eloi - KF/NEF - Maverick;
#24 Cláudio Duarte/José Delmar da Rosa - Carinha - Maverick;
#33 Nerovi de Oliveira/Edamir Peres - Chaveco - Maverick;
#91 João Simão/Ricardo Flores -Vladimir Dias - Maverick;
#98 Wilson da Silva/Benoni de Carvalho - Hennemann - Maverick.

Categoria Hot Car:
#01 Aroldo Bauermann/Vitor Mottin - Orloff/Farol - Passat;
#07 Arnaldo Fossá/Lárcio Silveira - Monzacar - Fusca;
#08 Luiz C. Rodrigues/Vinetou Zambon - Paré - Passat;
#09 Luiz Dias/Paulo Wendt - Gaúchão - Gol;
#10 Cláudio Ely/Antônio Ody - Fila - Gol;
#26 Pedro Grendene/Henrique Bertolucci - Grendene - Passat;
#28 Roberto Martini/Herachides S. Fº - RTS - Passat;
#34 - Fusca.

Categoria Fiat 147:
#08 Jackson Lembert/Darci Benini/Luiz C. Ribas - Pozza/Vasp;
#15 Vandernei Simões/Paulo Jacometti - Ritmo;
#35 Antônio e Carlos Fornari - Dipneus/Ritmo/Selenium.

Categoria Chevette:
#05 José Bresolin/João Andrade - Ritter;
#13 Itacir Gasparotto/Joã Alfredo Ferreira - GP/Gaúcha;
#46 Hélio Neves/Fernando Amaro - Mercúrio;
#53 Ronaldo Nique/Tadeu Matuzalém - Mauro Motos Car/Dipal;
#54 João Farneda/João Sant'Anna - Guzzi;
#70 Henrique Damo/Gilberto Laste - Churr. Moinhos de Vento;
#81 Gerson Morchbarcher/Pedro Almeida/Gervásio Horácio - Borquímica;
#114 Jorge Weddigen/Paulo Zanatta - Central Audio Som.

A pole-position ficou com o Passat #1 de Bauermann e Mottin e o domínio da dupla ocorreu também na corrida. O Passat #1 liderou desde a primeira volta e parecia que a dupla repetiria o feito de 1975 quando venceram a mesma prova com um Fusca. Os 500 km foram disputados em 166 voltas e ao faltarem sete para o término ninguém tinha dúvidas de que eles venceriam, pois naquele momento a vantagem era de oito voltas para o segundo colocado. Mas um simples rolamento de roda acabaria com as chances da equipe. O rolamento da roda dianteira direita derreteu e não houve jeito de consertar. A vitória assim caia no colo da dupla do Maverick #23, Leocardo Baum e Heitor Jorge Elói que já se contentava com o segundo lugar no geral.

O índice de quebras da prova foi muito alto, reflexo da falta de provas longas no estado. O Maverick #14 dos Irmãos Tróglio quase foi mais um que ficou de fora. Ao completar a curva 9, já na parte final da prova, o motor apagou. Luiz Fernando abriu o capô do carro e constatou que haviam caído os rebites do platinado. O piloto teve de correr até os boxes para buscar outro platinado e instalá-lo sem auxílio dos mecânicos. Apesar dos problemas, terminaram na nona posição no geral e em quinto na categoria.

O resultado final da prova foi o seguinte:
1º #23 Baum/Elói em 4h09min, média de 120,315 km/h - T5000;
2º #07 De Léo/Soldan - T5000;
3º #98 Silva/Carvalho - T5000;
4º #05 Andrade/Bresolin -Chevette;
5º #01 Bauermann/Mottin - Hot Car;
6º #24 Duarte/Rosa - T5000;
7º #54 Farneda/Sant'Anna - Chevette;
8º #46 Neves/Amaro - Chevette;
9º #14 Irmãos Tróglio - T5000;
10º #13 Gasparotto/Ferreira - Chevette

A prova teve também alguns acidentes. O de maior proporções envolveu o Chevette #70 de Henrique Damo e o Chevette #13 de João Alfredo Ferreira. Ao subirem a reta, Damo buscou a ultrapassagem sobre "Baguncinha", puxando para o lado esquerdo, mas acabou invadindo a área de boxes, acertando em cheio a tribuna de honra onde estavam algumas pessoas, entre elas a esposa do piloto Bruno Picollo que teve ferimentos nas pernas. O próprio Bruno me contou dia desses como soube do acidente: "poucas voltas depois da largada, percebi que havia muita movimentação junto à tribuna de honra e sua cobertura estava caída para frente. Na volta seguinte, recebi ordem da minha equipe para entrar. Ao parar no box, fui informado que um carro havia passado por cima da tribuna, atropelando várias pessoas, entre as quais a minha esposa, que teve algumas fraturas. Não é preciso dizer que minha prova acabou por aí."

Damo disse que não havia espaço. Ou acertaria o muro de frente a 150 km/h (muro que divide a entrada dos boxes da pista) ou subia os boxes. Optou pela segunda alternativa, mas os freios não funcionaram.

Abaixo uma série de imagens daquela prova:
Na sequência: duas da largada com o Passat #1 já disparando na ponta, depois algumas do Maverick #14 em ação. Mais abaixo imagens do acidente envolvendo o Chevette #70 e o #13. Depois o Fiat #8, o único de sua categoria a concluir a prova (na 13ª posição). Encerrando com o azar de Aroldo e Mottin e a sorte de Baum e Elói.
Fonte das imagens: arquivo Família Tróglio, livro Loucos por Velocidade.

Um comentário:

Paulo Schütz disse...

O fusca 34, se bem me lembro era do Odualdo Fernandes Aldado. No acidente do Henrique Damo eu estava onde se localiza a pista auxiliar, que entra por trás dos boxes, alguns metros antes da tribuna, assistindo tudo de camarote. Lembro bem do chevete hatch, com as rodas paradas sobre a grama e o barulho quando atingiu a tribuna. Pela violência da batida, e a quantidade de pessoas, foi muita sorte não ter havido nada de maior gravidade.
Hoje o muro não permite que isso aconteça e, logo após o acidente, foi colocado um guard rail que ganhou o simpático apelido de "apara-Damo".