segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Muita história pra contar

Ao final de 1974, Antônio João Freire era um dos melhores pilotos gaúchos em atividade. Após acumular algumas vitórias na Divisão 3 e na Divisão 1, especialmente nas provas longas, o piloto encarou, meio na cara e na coragem, um novo e grande desafio em 1975: participar da Fórmula Super V, que era patrocinada pela Volkswagen. Ele seria o único piloto gaúcho a participar da categoria, em meio aos feras da época Nelson Piquet, Ingo Hoffmann, José Pedro Chateaubriand, Alfredo Guaraná Menezes, Franciso Lameirão, Marcos Troncon, Jan Balder, etc, em um grid de mais de 30 carros que percorria os principais autódromos do Brasil.

O patrocínio que tinha era muito aquém do mínimo necessário e mal pagava os pneus. As diferenças eram muitas entre a equipe dele e dos demais: enquanto ele chegava a Interlagos rebocando o Kaimann em um Chevette, com apenas dois jogos de pneus, alguns pilotos chegavam ao autódromo de helicóptero e as paredes dos boxes deles eram forradas de pneus, com uma grande variedade de opções de compostos de borracha. Era um outro nível de investimento e isso tudo desanimou o piloto que conseguiu permanecer na categoria apenas por um ano. Hoje vejo que foi uma grande loucura, disse. Mesmo assim ele fez corridas interessantes, andando na frente de muita gente boa, principalmente na chuva.

Em 1976 "Janjão" retornou para a Divisão 3, categoria na qual o investimento era muito menor, se comparado com a Super V. Além das vitórias, se diferenciou ao competir com uma Brasília, quando quase todos os outros pilotos competiam com Fuscas. A Brasília preta #47 da equipe 1120 virou uma lenda entre os automobilistas. Não há um aficcionado que, mesmo não a tendo visto em ação, não a conheça. O próprio "Janjão" me enviou algumas boas imagens feitas entre 1976 e 77, período no qual o piloto marcou o seu retorno à categoria. Agora uma pergunta: vocês sabem a origem dessa Brasília?

A resposta darei em instantes. Antes disso, precisamos voltar ao dia 22 de Setembro de 1974, durante uma etapa do Gaúcho de Divisão 3 em Tarumã. Já falei sobre esse episódio aqui, quando publiquei as histórias do Ricardo Trein. Naquele choque logo após a largada da prova, quatro carros ficaram destruídos: os Fuscas de "Janjão", Jorge Fleck, Trein e a Brasília de Rosito, a mesma que ao final de 1975 seria comprada (o que sobrou dela) pelo "Janjão" para construir a lendária Brasa #47! Essa eu não fazia nem idéia...

Ao final de 1977 e após um acidente que destruiu a Brasília em Interlagos, "Janjão" estava preparando sua despedida das pistas quando uma nova categoria surgiria em 1978 e o faria mudar seus planos. Em breve a continuação dessa história.

Abaixo uma série de lindas imagens da Fórmula Super V e também da inesquecível "Brasa".

Na sequência: duas da Fórmula Super V em Cascavel, 1975. Nesta prova ele chegou na 10ª posição. Depois uma série de imagens da Brasília iniciando com a imagem do acidente entre "Janjão" e Rosito em 1974. As próximas duas são de 1976 em Cascavel e em Tarumã, em uma disputa com o Fusca #70 do Vitor Mottin. Mais abaixo as de 1977, em Interlagos, onde também aparece a outra Brasília gaúcha, do Aroldo Bauermann e em Tarumã onde finalmente pude ver a imagem do Fusca do "Neco" Torres #11, a qual estou "à caça" há cerca de um ano. O "Janjão" sabia que eu estava procurando por esse carro e gentilmente procurou nos arquivos e me enviou.
Valeu, "Janjão"!

Fonte das imagens: arquivo "Janjão" Freire.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esta Brasília, junto com o Opala D3 n.84 do Delamare e o Maverick D3 da Hollywood são os três carros de turismo mais bonitos já feitos neste país!

Roberto Lacombe