quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

12 Horas - Impressões

Demorou um pouco, mas estou de volta, trazendo um relato do que rolou no Tarumã neste último final de semana durante a 31ª edição das 12 Horas de Tarumã.

Cheguei na tarde de sábado, procurando saber como estava o "Paulinho" Hoerlle, em razão do acidente sofrido por ele, nos treinos de sexta. Fui direto ao box da equipe e quase não acreditei no que vi. O MCR #99 totalmente reconstruído e o próprio "Paulinho" dentro do carro, verificando todos os detalhes para colocar o carro em condições de participar da prova. O acidente foi na curva 2 e destruiu toda a frente do carro, incluindo toda a suspensão. A equipe, visivelmente abatida, não havia descansado desde a hora do acidente e ainda tinha pela frente a grande maratona.



Próximo dalí, nos boxes das equipes da Classic, o DKW #88 aguardava sua vez de ir para a pista. Ao volante estariam Roberto Giordani e "Chico" Feoli. Giordani se encarregou de largar na primeira bateria. Cabe um destaque à categoria que alinhou 26 carros, sendo que 28 se inscreveram. A primeira bateria foi bem movimentada, com disputas da ponta até as últimas posições. Numa delas, estava Giordani, disputando lado-a-lado com o "Ratão" e sua carretera e mais um VW. Ao final da bateria, várias pessoas que estavam pelos boxes, incluindo a turma dos Jurássicos, foi registrar a chegada do #88 nos boxes. Até o Fernando Esbroglio, ferrenho defensor dos VW, estava torcendo pelo amigo e seu fumaçento. Giordani estava realizado, dizendo que os pneus são ótimos, que o asfalto está muito melhor e que havia ficado uns 10 anos mais jovem após a experiência. Foi muito bacana. Para a segunda bateria, "Chico" Feoli pisou fundo, fazendo tempos muito bons para o carrinho, inclusive fazendo a 1 de pé no fundo. Por uma infelicidade, acabou rodando e o carro apagou e um probleminha na chave impediu seu retorno à prova. Mesmo assim, o "Chico" estava muito contente, os amigos inseparáveis haviam realizado um grande sonho de voltar a correr juntos uma prova. Foram momentos de grande emoção. Importante registrar a iniciativa do Teodoro Janusz, que não mediu esforços para transformar o #56 azul no #88 vermelho a tempo de colocá-lo na pista no meio da semana para fazer todos os ajustes e deixar o vermelho em ponto de bala para deleite das duas lendas no nosso automobilismo.





Enquanto a Classic corria, a equipe do #99 fazia os últimos ajustes. Graças à sensibilidade da organização da prova, foi concedida uma volta entre as baterias para que o "Paulinho" fizesse um teste e verificasse se o carro estava em ordem para a grande prova. Foi uma volta rápida, mas suficiente para aliviar a tensão entre todos da equipe. Finalmente o carro estava pronto, uma nova carenagem havia acabado de chegar da fábrica e agora era contar as horas para o início da festa.

As 12 Horas do ano passado foram muito criticadas pelo fato da largada ter sido de dia. O grid pequeno de 25 carros, se justificava por esse fato. O pequeno público, idem. Com o retorno da largada à meia noite nesta edição, foi nítido o contentamento do público que lotou o autódromo, como há muito eu não via. Havia muitas barracas, tendas e motorhomes espalhados pelo traçado. A expectativa em relação à prova era muito boa, mas algumas coisas ficaram faltando. Um bom grid, por exemplo.

A organização da prova teve uma boa ideia, introduzindo uma prova sprint dentro das 12 Horas, denominada "Troféu José Asmuz" e disputada nos primeiros 52 minutos, tempo este que foi o obtido por Asmuz durante a prova Porto Alegre - Capão da Canoa em 1961. Esta iniciativa atraiu pilotos que não precisaram investir numa grande estrutura e puderam correr sozinhos. Foi o caso de alguns pilotos da Classic, como o amigo "Niltão" Amaral e seu Passat. Ao todo foram sete carros que competiram exclusivamente no Troféu. Já para a longa disputa eram mais 22 carros, ou seja, um grid efetivo menor do que no ano anterior. Um ponto que decepcionou quem esteve presente foi a ausência de Paulo Gomes, após circular a notícia de que ele competiria na Ferrari do Fernando Poeta, Ferrari que também competiu apenas no Troféu. Se o Paulão não veio, foi legal ver o trio de gurias Isadora Diehl, Sabrina Kuronuma e a vencedora das 12 Horas de 1990 Patrícia de Souza pilotando o Gol #11. Legal também ver outro vencedor de 12 Horas, o Joel Castilhos (venceu em 1994) retornando à prova, assim como pilotos de destaque nacional como o Cláudio Ricci, o Matheus Stumpf, Christian e Matheus Castro e a Maria Cristina Rosito acelerando na tradicional disputa.

Em meio a um passeio pelos boxes, encontrei a turma da poeira, que veio de Santa Catarina especialmente para acompanhar de perto as emoções da prova. Francis, Ike Nodari, Sidney Andrade e o Marcelo Pacheco aproveitaram todos os momentos para conversar com as equipes, os pilotos, já pensando numa futura participação na prova, mesmo que na preliminar. Os encontrei quando estava com o "Janjão" Freire. Imediatamente perguntei a eles se sabiam quem era o "bota" e o Marcelo foi rápido no gatilho, identificando o grande piloto. Depois ele explicou que antes de embarcar na aventura, deu uma olhada nas fotos de todos os grandes pilotos gaúchos para reconhecê-los, caso os encontrasse. Grande, Marcelo. O papo com a turma da poeira foi longo e muito bacana. Mal terminava uma roda de conversas, aparecia mais uma figura e mais papo, tanto é que só paramos, pois os boxes se abriram e os carros começaram a se preparar para o alinhamento. O Francis publicou algumas fotos do encontro lá no seu blog.

Como sempre faço, me posicionei no final da reta, próximo à curva 1. O nosso querido "Perna" já dava o seu "Boa Noite, Tarumã", que indicava que a largada estava próxima. O show de fogos foi bacana, mas achei modesto em relação aos anos anteriores. Pouco antes da largada o homenageado desta edição, Dante Carlan, além do próprio Asmuz, receberam troféus e aplausos de todos os presentes.

A largada não foi com os carros parados em diagonal. Isso já havia sido anunciado. Neste ano foi lançada, após uma volta de apresentação atrás do safety-car. Mesmo assim, não faltou emoção e os pilotos pisaram fundo nas primeiras voltas. Um fato que achei muito bacana aconteceu bem próximo de onde estava. Assim que a luz verde foi mostrada, uma turma de uma barraca colocava para assar um "Costelão 12 Horas". Como é que eu nunca tinha pensado nessa ideia!? Quem sabe no ano que vem...


Saindo da 7ª posição do grid, o Tango #9 do Cláudio Ricci, logo assumiu a ponta, seguido de perto pelo Tubarão, o #46 e o #4, mais atrás vinha o #99 que aparentemente não mostrava nenhuma anormalidade. O ritmo forte do líder, é claro, não durou muito e com o término dos 52 minutos, aqueles que estavam inscritos no Troféu se retiraram da prova. Com pouco mais de uma hora de prova, eram menos de 20 carros na pista, em razão de algumas quebras logo no início.

A prova teve um número pequeno - comparado com anos anteriores - de bandeiras amarelas. Por essa razão foi quebrado o record de voltas (551). O que parecia rumar para uma vitória tranquila do MCR #46, acabou se transformando num drama para a equipe coordenada pelo Luciano Mottin. Com problemas na transmissão, o carro acabou perdendo as duas primeiras posições a poucos minutos do final. A vantagem de quatro voltas (que chegou a ser de 10 no início da manhã) para o pole position Tubarão, foi sendo descontada até que este assumiu a ponta. Por fim, como um teste para os cardíacos, o próprio Tubarão começou a ter problemas, mas conseguiu cruzar a linha de chegada com apenas 44 segundos de vantagem para o MXR #4 da Família Bertuol, em final semelhante ao ano passado quando o Tubarão venceu pela primeira vez e o #99 chegou na mesma volta. Foi um final de arrepiar!



Bom, mais uma 12 Horas chegou ao fim. Foi bem disputada, teve muito público e tal, mas ficou aquele gostinho de quero mais, por falta daquele grid gordo. A organização informou que já está pensando na prova de 2012. Pretendo em breve fazer uma enquete com algumas ideias para serem avaliadas aqui por vocês para tentarmos contribuir de alguma forma para engrandecermos essa prova tão querida e esperada por todos os amantes da velocidade.

Nos próximos dias publicarei o resultado ilustrado. Aguardem.

Valeu, turma! Até a próxima 12 Horas de Tarumã!

Fonte das imagens: Luiz Fernando Silva, Régis Andrade e arquivo pessoal.

10 comentários:

Carlos Giacomello disse...

Disputei algumas 12 horas em que os carros do Marcas, com pneu radial, estavam participando. Nestas participações não vi nenhum acidente de maior gravidade, além dos normais para uma prova deste tipo. Penso que a endurance que é a "madrinha"das 12 horas deve pensar na volta destes carros. Se fizerem as exigências necessárias, tais como ter participado de pelo menos "X"provas do marcas durante o ano(o mesmo vale para os pilotos que só andam na endurance), tenho certeza que o grid enche novamente e o publico terá de volta uma 12 horas muito empolgante. Questão de alguns ajustes, tipo banir os turbos e limitar um pouco os protótipos(até 2 litros por exemplo). Penso que a maioria dos que podem participar das 12 horas não tem condições de investir o que 4 ou 5 equipes fazem, por isso não se animam a participar pois não tem chance. Não é o caso de penalizar quem tem mais mas de entrar na realidade da maioria das equipes gaúchas, já que não conseguimos trazer gente de fora apesar do glamour(pelo menos pra nós) que as 12 horas representam.

Julio Cesar Gaudioso disse...

Leandro:
É difícil defender a proibição dos carros de Marcas; Em Lemans, o protótipo pole está na casa de três e vinte e poucos e os gtzinhos (Porsches etc.) a mais de 4 min. (é só olhar as planilhas de lá) e é considerado normal. Porque em Tarumã não pode? Talvez os protos tenham que maneirar um pouco nas ultrapassagens e os turismo cuidar ainda mais, além de uma atividade mais intensa por parte dos bandeirinhas. Mais preparo de todos pode resultar num grande espetáculo, para os pilotos, para o público e para a organização. E olha que tive de ligar sexta pro ACRGS para que eliminassem do site 2 curvas extras no traçado. Se o próprio Automóvel Clube diz que tem 11 curvas, fica a impressão de descaso, desinteresse pelas coisas do templo. Talvez um grid cheio seja o estímulo que falta ao pessoal de lá. Sei que falta patrocínio para movimentar nosso autmobilismo, mas em algum momento a inércia tem que ser quebrada.
Julio Cesar Gaudioso

Marcelo Pacheco #49 disse...

Olá Sanco.
Você retratou perfeitamente o que foi a prova.
Impressionante a força de vontade e união que as equipes precisa ter. A do Uno preto (que soube depois através do dono da equipe, era um dos Mellita pilotado pelos botas Hoerlle e Fornari e segundo eles, outro Uno da Mellita também está guardado com eles) deu duas voltas, quebrou e passou 6 horas na sala de cirurgia mas voltou para a prova bravamente. E assim foram outras como a Kratina com o Golf que insistia em dar problemas e a equipe Hoerlle que fez milagre olhando a foto que vc postou e tendo eles terminado a corrida em 4º lugar. Podem se considerar vencedores, alias, todos que chegam ao final são vencedores.
Vale dizer que fomos muito bem recebidos por todos, desde mecânicos a quem tenhamos puxado um papo até os pilotos e ex pilotos nos deram atenção. Claro dou uma menção especial ao Janjão, pilotão das antigas que se mostrou um grande cara contando várias histórias pra nós, até e-mail nós trocamos.
E que venha 2012 com mais carros e quem sabe com um ou uns TCC na pista gaúcha.
Gde abraço
Marcelo Pacheco
Uno #49
Floripa/SC

Marcelo Pacheco #49 disse...

Carlos, concordo com o que disse o Julio Cesar. Diferença de motores e potencia, turbo e aspirado andando junto é normal em prova de longa. Por isso existem as diversas categorias.
Nas 1000 milhas foguetes passavam voando pelos Fuscas ou Fiat e em Le Mans os Peugeot e Audi também passam batido por Ferrari, Porsche, GT 40 e outros.
Eu acho é que a organização poderia fazer um trabalho para visitar e buscar pilotos/equipes que já andaram, que ainda existem e traze-los de volta pra prova, bem como equipes do Paraná e SP. Se for esperar apenas por grandes máquinas, é arriscado. Está cheio de carros de turismo espalhado por ai que pode vir a andar na prova. aqui em SC são vários pilotos que andam no asfalto de Curitiba e Londrina pelo Paranaense e Copa Pinhais, é questão de convidar e ver no que dá. É fato que a CBA fez uma baita m... em ter marcado os 500 km de Londrina no mesmo final de semana. Talvez alguns carros que andaram lá , poderiam ter ido a Tarumã, principalmente os protótipos.
São somente algumas poucas idéias dentre tantas que podem ser aplicadas pra vermos 40, 50 carros no grid, pelo menos.

Julio Cesar Gaudioso disse...

Marcelo (e outros):
Para um evento desse porte - nos menores também-, não dá para simplesmente anunciar que estão abertas as incrições e esperar sentado que chova inscritos. TEM que fazer um trabalho de visitar as oficinas, e os pilotos prá vender o peixe, atrair os potenciais "artistas" do circo; O público quer ver muitos carros, principalmente numa prova longa; visitas à imprensa, explicar o que está sendo oferecido etc. As corridas precisam voltar a ser PARA o público E os pilotos, chega de corrida secreta, com autódromo vazio e meia dúzia de abnegados na pista. Arquibancada e Tala cheios também deixam uma corrida bonita. Se for com 40 carros uma 12 horas e adequadamente promovida, o sucesso tá garantido. O público gosta de boas corridas, isso já se provou muitas vezes.
Julio Cesar Gaudioso

Niltão Amaral disse...

Sanco,

Muito obrigado pela menção à Copa Classic.

Agradeço àqueles que acreditaram no trabalho sério e esforçado que eu, Zanon e Aguinsky estamos tentando fazer pela categoria.

Começamos a temporada com 12 carros no Velopark e acabamos com 28 nas 12 Horas (chegamos a ter outro grid assim na 4ª etapa, no Velopark). Eu mesmo me surpreendi, acreditava que chegaríamos em 20 carros no fim da temporada, que já seria um bom resultado.

Àqueles que criticaram os ajustes que fizemos no regulamento, aí está a resposta: grid cheio e com relativamente poucas quebras (tratando-se de carros antigos), e os carros e seus desempenhos não foram descaracterizados. Era o que buscávamos, e graças a Deus e a todos que acreditaram e colocaram seus carros na pista, conseguimos.

Esperamos continuar o crescimento sustentável em 2012, quem saber não chegamos próximos aos 40 carros?

Forte Abraço,
Niltão Amaral.
www.copaclassic.com.br

Francis Henrique Trennepohl disse...

Show o teu relato. Lendo me senti naquele TEMPLO novamente.
Foi uma experiência incrível estar nas "12 Horas".
Dois pontos que não me deixaram feliz:
1 - O estado meio 'sucateado' do Autódromo e do Kartódromo;
2 - Os poucos carros no grid. Essa é uma prova pra ter pelo menos 55 ou 60 carros largando.
Em compensação a receptividade que tivemos foi a melhor possível.
Abraços empoeirados

Marcelo Pacheco #49 disse...

É isso aí Júlio, compartilhamos do mesmo pensamento. Que seja criada uma comissão por parte dos organizadores dos patrocinadores e imprensa (se é que já não é feito, falo sem viver o dia a dia aí em Poa) para que depois saiam a visitar e caçar equipes com seus carros e pilotos, mostrando o que conseguiram de verba e mídia, alem de ir informando quem já confirmou presença, assim quem sabe mais gente vai se animando.
Abç
Marcelo Pacheco
Uno #49
Floripa/SC

Roberto Giordani. disse...

Caríssimo Sanco : estamos muito gratos, o Chico Feoli e eu, pela atenção e cobertura que deste neste sensacional retorno do Vermelho 88.
Creia, foi fantástico poder competir novamente mesmo que meus 74 anos e meu exagerado peso, cobrem em segundos na pista estas evidências: prometo melhorar, e que vou mais uns dias, contar com detalhes a volta as pistas a bordo do 88.
Mas, o que é mais importante, é parabenizar ao Niltão, Tumelero, Zanon e Aguinsky estão fazendo pelo categoria: é lógico que nada se muda de um momento para o outro e a Classic continuará evoluindo para a melhoria da mesma: o número de viaturas no Grid é a primeira prova do rumo certo destes "meninos" tão esforçados.
Usando a tua coluna caro Sanco, gostaria de deixar registrado a atuação do Gabriel, filho do Teodoro, pelo esforço e dedicação que se empenhou na montagem do 88 : de igual tamanho, a boa vontade, desprendimento e manifestação de profunda amizade do Teodoro Janusz, não só pelo pesado investimento que fez no 88 como também generosamente ter trabalhado como mecânico para por o carro na pista.
Ao Horst Dierks e Oscar leke, pelos mesmos motivos e terem acompanhado tudo que se desenvolveu no DKW.
Como disse , depois envio o relato da prova e seus envolvimentos.

Anônimo disse...

http://www.youtube.com/user/veloparkoficial CURTI LA