Semana passada, dando uma olhada no site da Fórmula 1.6 - categoria que vem em franca evolução, alinhando um grid respeitável a cada etapa - encontrei algumas imagens de época e imediatamente enviei um e-mail ao meu amigo Carlos Giacomello, perguntando quem era o "bigode" que aparecia em quase todas as fotografias. O Carlos, por sua vez, perguntou ao Michel Duarte, piloto da categoria e que cuida do site. O "Michelpédia" respondeu e fiquei muito feliz em descobrir quem era o cara. Disse ao Carlos, está aí mais um tema para o Desafio da Semana e assim foi.
A turma matou rápido, mas o legal mesmo foi o que rolou nos "bastidores", nos e-mails que troquei ao longo da semana com algumas pessoas que conhecem a fera e que agora publicarei aqui.
Bom, o "bigode" era o folclórico preparador Valquir Novo Espírito Santo, mais conhecido como Satti, o cara da Satti Soldas. Ele estava ao lado do Fórmula Ford #7 do piloto paulista, também rapidamente identificado pelos blogueiros, Aloysio Andrade Filho.
Ao dar uma olhada nas fotografias do site, encontrei uma do Satti ao lado de um baita "bota", o Luis Alberto Ribeiro de Castro e mandei para ele que me respondeu assim:
"Leandro, sabes quem está ao meu lado? O Satti... quando era guri! hehehe. Hoje é o velho amigo Satti Soldas que faz parte da história do nosso automobilismo. Ele começou sendo motorista e "faz tudo" do Fabio Bertolucci em 1976/77, acho que na equipe do Jorge Martinewski. Era muito esforçado, inventivo, divertido e gente boa! Criou uma bonita história, com crescimento, amigos e que o filho esta dando continuidade, inclusive como piloto. Eu gosto muito dele!"
Mandei outro e-mail ao Mestre Schutz, que me deu uma ótima dica:
"Na verdade conheço o Satti desde 1976, tempos em que ele era vizinho do "Mosquito" e do Martinewski, no bairro Petrópolis. Vou ver se lembro algumas coisas. Ele é uma figura com muito folclore. O filho dele, o Eduardo, ainda corre, acho que na F 1.6 e no Endurance."
Daí a bola passou para o Mário Guglielmi, nosso querido "Mosquito", que contou algumas pérolas envolvendo o Satti, inclusive contando como surgiu o apelido:
"Ele era meu vizinho e do Jorge Martinewski. Uma vez o Jorge comprou um caminhão usado para fazer o Brasileiro de Fórmula Ford, junto com o Fabio Bertolucci. O Valquir (sim, este é o nome do Satirimec) ficou encarregado de reformar o caminhão. Caminhão pronto, pintado, faltando uma semana para primeira prova em São Paulo. Faltava apenas recolocar o parabrisa. Ajeita daqui, ajeita dali e nada do parabrisa entrar no lugar. O Satiri (o nome vem de um programa humorístico da Globo na época, Satiricom - a sátira da comunicação, e então surgiu o Satirimec, a sátira dos mecânicos, por sinal dado por mim), com uma marreta de 3 kg achou que resolveria o problema. Só que em vez de bater na lata bateu no parabrisa. Não precisa dizer o que aconteceu...
Em sua oficina, o Valquir também realizava serviços de chapeação e pintura. Porém, ele não isolava as partes que não deviam ser pintadas, como por exemplo, os pneus dos carros. Após terminar o serviço de pintura, ele pintava os pneus com tinta preta...
Para acessar a oficina, que ficava nos fundos da casa, era necessário percorrer um longo e estreito corredor entre um muro e a casa. Em uma sexta-feira, final da tarde, carro pronto, faltava levá-lo até a cliente, uma senhora professora. O Sati saiu de ré com a fusqueta recem pintada com o pé no fundo em direção à frente da casa. No meio do caminho a mulher do Sati abriu uma veneziana e a professora ficou sem carro no final de semana...
O Sati possuía um DKW Belcar, em “excelentes” condições que ele usava para ir até a Avenida Azenha comprar peças. Como eu sempre estava pela oficina, era o primeiro a entrar no carro nestas ocasiões. Naquela época a Azenha vivia seus anos de glória. Em uma destas idas, estávamos na Avenida Ipiranga com o Sati de pé no fundo na “Deka”. O banco da frente era inteiriço, forrado com um glorioso vinil que a cada movimento do volante me fazia deslizar de um lado para o outro. Com a ponta do sapato esquerdo, segurei o pedal do acelerador no fundo. Mais adiante uma sinaleira estava fechada e o Sati tirou o pé do acelerador que, graças ao meu pé, permaneceu no fundo. Não precisa descrever o pavor do Valquir..."
Por fim, falei com o Eduardo, o Sattinho, filho da figura. Fiquei de ligar para seu pai para pegar mais informações, mas acabei não conseguindo. Mesmo assim, o Sattinho ficou satisfeito pela lembrança do pai, pois sabe o quanto ele, um apaixonado pelas corridas, teve de contribuição para o automobilismo gaúcho, principalmente nos monopostos.
Bom, vou tentar um contato com o Satti assim que possível para trazer mais histórias para vocês. Agradeço a turma toda aí em cima que ajudou a compor esse post em homenagem ao grande Satti.
Abaixo algumas imagens mostrando o Satti com os pilotos - na ordem - Fábio Bertolucci, Jorge Martinewski, Aloysio Andrade Filho e Luis Alberto Ribeiro de Castro.
Fonte das imagens: site Fórmula 1.6
sábado, 16 de julho de 2011
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4 comentários:
O Satti, muito provavelmente, seja o responsável pela construção dos últimos chassis Bino de F Ford, já que adquiriu da fábrica o gabarito para a construção deles. É uma figura muito especial, por quem tenho grande admiração, por seu espírito de luta e amor às corridas. Não foram poucas as vezes em que o assisti passando em claro quase todas as noites anteriores às corridas. Em 1976 ele já fazia escapamentos para o pessoal da FF.
Paulo Schütz
É Sanco,automobilismo de verdade é feito assim,baixo custo,regulamento simples e muita força de vontade.Vida longa à F1600!!!
Atualmente é ele é eminência parda da Fórmula 1.6. Está sempre por perto, acompanhando o trabalho de todos, especialmente a turma da Rodrigues Racing. O filho dele faz parte da equipe do Ismael Toresan e no Velopark, na primeira etapa, substituiu o piloto da casa e venceu a prova.
na segunda foto nao eh o jorge martinewski e sim eu flavio martinewski,grande lembranças da epoca inclusive do mosquito grande amigo,faz tempo que nao encontro,o satirimec falei com ela ha uns meses atras. abraços.
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