quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Saldo positivo

E lá se foi mais uma 12 Horas de Tarumã. Como disse antes, a gente passa o ano inteiro esperando por essa prova, pela largada, pela adrenalina que corre a mil em quem está envolvido na prova seja lá de que forma. E a prova desse último final de semana foi muito boa, a melhor dos últimos anos na minha opinião.

Desde encerrada a edição de 2011 eu coloquei em discussão aqui no blog vários pontos sobre os quais achava que deveriam melhorar para que o evento despertasse mais interesse no público e nos próprios participantes. Dessa ideia nasceu a enquete que ficou no ar por um bom tempo, falando sobre público e grid. Fechamos e avaliamos os resultados. Enviamos para a administração do autódromo. Mas querem saber? Acho que a enquete, a discussão e tal, pouca influência teve no que vimos neste final de semana no Tarumã. Por que? Pelo simples fato de que algumas ideias já estavam em pauta, tão logo as 12 de 2011 foram encerradas, ou seja: a construção de novos boxes e a eliminação do conflito de agenda com as 500 Milhas de Londrina.


A primeira ideia já era sabida, pois era a base para permitir o retorno da Stock Car para o circuito de Viamão neste ano. Tão logo o ano novo chegou, a turma da marreta colocou a baixo as velhas garagens que há anos estavam defasadas em relação aos autódromos mais modernos. Creio que esse ponto, a melhora na infraestrutura, atingiu em cheio a expectativa das equipes. Concordo que ainda faltam os acabamentos, que o corredor entre os boxes da frente e as garagens de trás ficou um pouco estreito, mas todas as equipes estavam satisfeitas com a mudança. Ainda em termos de infraestrutura, há novos banheiros localizados próximo ao ambulatório, servindo quem está na área de box, com uma pessoa responsável pela limpeza do mesmo durante toda a prova. Ponto para o ACRGS.


Não sei até que ponto a não concorrência com as 500 Milhas de Londrina influenciou a vinda de equipes de fora. Por sinal não havia nenhuma equipe do Paraná, mas eram duas paulistas e um trio de Goiânia. Havia ainda a expectativa pela participação do Subaru que participará da categoria nacional monomarca no ano que vem, mas a equipe conseguiu fazer os testes antes do prazo em São Paulo e a participação nas 12 não faria mais sentido. Mesmo assim, aquela expectativa por carros diferentes pairava no ar e para quem chegou somente no sábado para ver as máquinas gostou do que viu. Entre os destaques que tomavam maior parte da atenção de quem circulava pelos boxes antes da prova estavam o belíssimo MRX #28 que conquistou a pole com o assombroso tempo de 58s878 e o MXR #27 equipado com um motor Nissan V6 o qual o som era facilmente identificado em qualquer lugar da pista. Este acabou largando dos boxes após incansáveis horas de trabalho da equipe para recuperá-lo após batida nos treinos, quando era pilotado pelo Jurássico Walter Soldan que planejava um retorno à tradicional prova.

Falando em Jurássicos, além do pole position Paulo Hoerlle, que dividiria a pilotagem com Juliano Moro, Christian e Matheus Castro, outros representantes da Confraria estiveram presentes na pista. Victor Steyer conduziu o BMW #22, "Carlinhos" Andrade voltou à pilotagem do MC Tubarão e "Catô" Belleza, que comemorava os 40 anos de sua primeira participação nas 12 Horas (em 1972  com um Fusca, ao lado de Walter Soldan) acelerou o Maserati #111. Outro que também andou, mas na prova preliminar da Classic foi Antônio Fornari, fazendo a primeira bateria no Fusca #55 de Jorge Flores.

Sobre a Classic, o que se viu foi uma boa prova, com um grid expressivo, inclusive com representantes de fora do estado, como o Chevette #18 de Dagoberto Moraes, de Itajaí, Santa Catarina, companheiro de pista do nosso querido amigo Francis "Poeira na Veia". Uma pena a coincidência com a prova em Lontras, senão também seria certa a presença dele, do Ike Nodari e o Marcelo Pacheco. A prova nem parecia de carros clássicos. Eram tantas as disputas que a curva 1 ficou pequena para o entusiasmo da pilotada.

Vale destacar um ponto que achei dos mais positivos nesta edição das 12 Horas. A não realização do Racha na tarde de sábado. O ACRGS entendeu que as 12 Horas e o Racha tem públicos diferentes e está prometido para o próximo final de semana as 12 Horas de Racha alí mesmo. Mais um ponto para a organização da prova que deixou o público e as equipes melhor instalados ao longo de todo o sábado.

Novamente uma ideia para incrementar o grid foi adotada, desta vez com a inclusão de uma prova 3 Horas no início das 12. Mesmo considerando os carros que participaram da prova de 3 Horas, válida pela final do Gaúcho de Endurance, eram 38 carros alinhados no grid. Somente sete deixaram a prova após as três primeiras horas, número bastante expressivo em comparação aos últimos anos.

Um assunto que preocupava a comunidade automobilística antes do sábado acabou passando batido. A inauguração da Arena do Grêmio não afastou o público que desde cedo já estava instalado com suas barracas, churrasqueiras e tralhas em geral. Sobre esse ponto - e aproveitando a deixa de um comentário - é lamentável a presença de grupos que vão ao autódromo com o objetivo de participar de um campeonato de som automotivo. Conforme registrou o amigo, bem que a segurança contratada poderia ter interferido, deixando os demais que ali estavam mais à vontade para assistirem a prova.

À medida em que se aproximava a hora da largada, a reta dos boxes foi sendo tomada pelo público, mesmo dentro deles havia muita gente. Logo após os carros alinharem foi feita uma homenagem ao nosso saudoso "Castrinho". Os novos boxes receberam uma placa com o seu nome. Vários carros traziam mensagens de conforto à sua família.

O show de fogos era o indicativo de que estava na hora. A largada Le Mans não foi adotada por questões de segurança, mas ela é tão comentada e aguardada que valeria a pena a organização repensar essa decisão para o próximo ano.

Dada a largada, a disputa pela ponta começou já na curva 1, com o MXR #10 pulando à frente do #28, mas já na curva 2, este já retomava a liderança, parecendo prova de bateria. No bolo da ponta, apareciam mais outros candidatos à vitória como o Tubarão, o MXR #4, o MCR #46 e o Tango #1.

Um dos mais cotados a vencer acabou parando logo na 6ª volta. O #46 do quarteto João Sant'Anna, Vitor Genz, Giovani Bianchessi e Roger Sandoval teve problemas no motor que inviabilizou seu retorno à prova.

Enquanto isso, na pista, o safety car entrava seguidamente, em razão de carros que precisavam de resgate ou mesmo a pista que por vezes era lambuzada de óleo.

Após a primeira hora de prova, cinco carros estavam na mesma volta, dando mostras de que a corrida estava aberta.

A madrugada foi tranquila, exceção ao acidente entre o BMW #22 de Victor Steyer e o Spyder #913, pilotado pelo mineiro Matheus Tercetti, na curva 9, por volta das 2 horas de prova. Victor vinha em sua primeira volta e acertou em cheio o Spyder que atravessava a pista. Há uma versão de que Matheus estava desacordado em razão de problemas de vazamento de álcool. Independente das causas, felizmente nenhum dos dois se feriu. O acidente pode ser visto aqui.

Outra forte batida aconteceu às 06:00, quando o Maserati #110 perdeu o controle e bateu na entrada da curva do Laço. Creio que este tenha sido o maior estrago da prova.

Na disputa pela ponta, o #28 liderou até ter problemas elétricos, deixando a mesma para o #10 que ficou no topo da classificação até que por volta das 4:00 teve problemas mecânicos e entrou no box. Quando retornou, o líder era o Tubarão #5 e a desvantagem para este era de 19 voltas, o que fazia crer que dificilmente o #10 conseguiria voltar a ocupar uma posição entre os líderes. Entretanto o que se viu foi uma sorte de campeão que já havia deixado a mesma equipe na mão em oportunidades anteriores. Todos os carros que estavam à frente foram enfrentando dificuldades. Após entrar na última hora de prova o Tubarão liderava com 5 voltas de vantagem, que foram descontadas nos últimos minutos de prova. Vitória merecida do quinteto Pierre Ventura, João Cardoso Jr, Felipe Toledo, Gustavo Martins e Cristiano de Almeida, que fechou a prova com 467 voltas. Na segunda colocação uma surpresa, o Maserati #111 do amigo "Catô" Belleza, Vilson Jr, Paulo Rutzen, Odilon Menezes e Jeferson Puhl. Em terceiro fechou o MXR #9 do quarteto Ricardo, Renato e João Kreus e João Batista Rodrigues.

Disputas do início ao fim. Mais uma vez o vencedor é conhecido ao final da prova, mostrando que persistência e determinação sempre acompanham os campeões. Parabéns aos campeões!

Por fim, gostaria de registrar o belo trabalho que os amigos Bernardo Bercht e Niltão Amaral fizeram para levar a informação de forma rápida a quem estava em casa. Creio que o ACRGS poderia olhar com um pouco mais de atenção para a turma que tenta levar as 12 Horas para o mundo e disponibilizar um sinal de internet que funcione durante toda a prova. Se fosse assim, até este que vos escreve poderia ter dado seus pitacos de lá. Fica a dica.

Gostaria também de agradecer a todos que me encontraram no autódromo e disseram que são visitantes do blog. É bacana receber esse retorno da turma. Por outro lado, percebi que vocês realmente passam por aqui, já que alguns me "puxaram a orelha", pedindo mais posts. Gostaria muito de poder atender a todos e voltar à frequência antiga, mas o meu tempo livre agora tem um dono, que em breve vai aparecer pelo Tarumã também. Enquanto isso, vou me virando para manter o motor do blog girando.

Bom pessoal, mais uma 12 Horas ficou para trás. Acho que no final das contas o saldo foi muito positivo. Tivemos um bom grid, um bom público, boas disputas, enfim, um bom espetáculo. Que as 12 Horas de 2013 sejam ainda melhor.

Em breve publicarei a classificação ilustrada. Aguardem.
 

 

 





Fonte das imagens: arquivo pessoal.

7 comentários:

Roberto Giordani disse...

Leandro : mereces juntamente com o Niltão Amaral os maiores elogios pela cobertura das 12 Horas.
O trabalho feito por cada um revela a paixão e a força que cada um faz pelo desenvolvimento do esporte, fazendo chegar aos seus leitores as notícias honestas e sem outras conotação quais não sejam o compromisso com a verdade.
Ambos deram uma lição de como deve se comportar a mídia: e isto que nenhum deles é jornalista.
Parabéns "babysauro".

Carlos Giacomello disse...

Legal o teu relato e fico feliz que as sugestões que colocamos no teu blog tiveram eco do pessoal que organiza a prova. Faltou escrever sobre a homenagem que o Moschetta recebeu. Considero isto importante de ser divulgado, pois o cara merece muito.

paulo rotta disse...

parabéns ao cato belezza. guiou muito. um guri. abraços,

Anônimo disse...

Buenas!
Não pude ir, estava de plantão 24 horas em Chapecó. Pena, lamento todos os dias.
Com a divulgação feita, principalmente pelo Niltão e pelo Sanco, parece que as 12 horas estão cada vez mais espetaculares.
Parabém pela cobertura.
Sem dúvida que a festa foi grande.
Um grande quebra costelas.
Pedrão-SMO

Carlos Belleza disse...

Amigo Sanco. Obrigado pelas referencias.
Paulo Rotta, muito obrigado, acho que fiz a corrida da minha vida, o carro esteve impecavel e a parceria tambem.
Pedrão, perdeste a melhor 12 horas dos ultimos tempos, já vai te organizando para a próxima.
Abração.
Catô

Anônimo disse...

Parabéns pelo seu excelente trabalho.

Abraço.

Marcelo Pacheco #49 disse...

Olá Sanco. Belo texto, traduziu pra mim o que não pude ver ao vivo pelo motivo que escrevesse. Menos mal que venci a prova de Lontras rsrs.
Ano que vem certamente, se não tivermos este mesmo azar, estaremos presentes e digo mais, existe uma corrente aqui, de pelo menos 6 a 8 pilotos da TCC, talvez 10, que gostariam de andar na preliminar com a Classic de vocês, porém, são Gol e Voyage quadrados, Uno e o próprio Chevette e Passat que sabemos que podem andar.
Seria algo como um torneio de verão com uma mistura de carros como na Classic Paulista. No meu caso e do Ike, o Uno anda ai no Marcas, mas além de andarmos carburado e com preparação bem limitada, não temos nenhuma experiencia em asfalto.
Poderíamos também fazer um grid a parte, largando do último Classic pra trás, mas na mesma bateria, sei lá, são idéias.
Acho que poderíamos abrilhantar o evento, ja pensou o grid da Classic com 46 carros?
Grande abraço e Feliz Natal empoeirado.