"Iniciei o ano procurando um carro Corcel II para participar do Campeonato Brasileiro. Já tinha o patrocínio garantido do Tênis Campeão Strassburger e da Transbrasil, todos conseguidos e repassados para mim pelo Antônio Gilberto Ody (que foi meu parceiro no Escort do Regional de Turismo em 1985).
Fiquei sabendo que o piloto Ervino Einsfeld havia adquirido um Corcel II novo, direto da fábrica, mas ele não estava a fim de encarar o Campeonato Brasileiro. Fui conversar com ele e fiz a seguinte proposta: dividiria com ele todos os prêmios que iria receber durante o ano de 82 e garantiria a devolução do carro ao final do ano com possibilidades de renovar para 83. Ele aceitou e nunca se arrependeu! Ganhou vários televisores Philco, rádio toca fitas Philco e sempre a metade do dinheiro dos prêmios de colocação do carro.
Foi um ano bom e que terminou com um Vice Campeonato!!! Teria sido campeão se na etapa de Guaporé não tivesse caído a tampa do respiro de óleo da caixa e acabando por engripar o câmbio. Quando aconteceu o fato eu estava na segunda colocação, exatamente os pontos que me fizeram falta no encerramento do ano ficando assim com o Vice. O Campeão foi o Olício dos Santos.
A Ford do Brasil nos apoiou e nos inscreveram no Brasileiro de Marcas de 83 com o carro que utilizei em 82 e com a promessa de no meio da temporada nos entregarem um Ford Escort novinho para seguirmos competindo pela marca. O aluguel com o Ervino já estava renovado, é claro. Eu e o Olício tínhamos o patrocínio da Fila e da revenda Ford Aeroporto de São Paulo, além de muito apoio em peças da Ford. Iniciamos com dificuldades frente aos carros menores e mais ágeis da Fiat e Volkswagem, mas mesmo assim lideramos durante 10 horas a prova 12 Horas de Goiânia!!! Só não ganhamos a prova por total ineficiência dos freios. Chegou a fundir as pinças no atrito com o disco, já sem pastilhas, que terminavam em pouco tempo. O Corcel andava muito bem, graças ao motor que o Horst Dierks preparava, mas perdia muito em curvas de alta e nas retomadas, mas naquela prova em especial ele andou muito!!! Consegui durante a madrugada inteira manter o Corcelzão na frente do Fiat do Nene Fornari. Mantivemos um duelo das 4 horas da manhã até às 6 e eles somente nos passaram quando já era dia claro e nossos problemas de freio começavam a nos torturar. No final andávamos praticamente sem freios, só ferro com ferro e aí começamos a cair nas colocações. Foi a partir daquela prova que a Ford tomou a iniciativa de equipar todos os carros Corcel, Belina, Del Rey e Pampa com freios ventilados, ou seja, o disco passou a ser mais largo e ventilado. Aprendizado das pistas para o usuário final...
Com o lançamento do Escort no meio do ano de 83, devolvemos o Corcel II para o Ervino Einsfeld revisado, polido e andando uma barbaridade!!! Não demorou dois meses e o Ervino vendeu o Corcel para um fanático de Caxias do Sul que montou o carro para andar na rua...hehehe. Aposentadoria feliz para o vitorioso Corcel!!!
Recebemos um Ford Escort novo em folha da Ford para adaptar para as corridas do Brasileiro de Marcas. O carro veio para Porto Alegre e com várias pessoas trabalhando nele, ficou pronto para participar das provas!!! O Horst continuou preparando os motores.
O Ford Escort preto #1 foi pole position em Tarumã naquele mesmo ano. Ainda em 83 a fábrica me convidou para ser piloto oficial da Ford já visando o Campeonato Brasileiro de Marcas de 1984. Foi neste período que convidei o Cláudio Mueller para ser meu parceiro na última prova do campeonato na pista de Interlagos, já com o carro oficial da Ford (um Escort azul e branco patrocinado pela Ford Motorsport, Motorcraft e Philco). Lideramos 70% desta prova e o terceiro piloto, Valdir Florenzo, bateu na curva 1 de Interlagos acabando com nossa festa!!! Coisas de corrida..."
Abaixo uma sequência de imagens mostrando o Corcel do Steyer durante provas de Interlagos e Tarumã do Torneio Corcel e depois o mesmo carro nas 12 Horas de Goiânia, já no Brasileiro de Marcas. Mais abaixo o Escort #1 com o qual Steyer fez a pole em Tarumã e o #86 que quase venceu em Interlagos, na última prova de 83.
Em breve a continuação dessa história.
Fonte das imagens: arquivo Victor Steyer, Marcelo Vieira, Olício dos Santos e revista Quatro Rodas.
4 comentários:
Victor Steyer é, nada mais, nada menos, que "meu pai" dentro do automobilismo. Foi pelas mãos dele que, em 1984, quando eu tinha 21 anos, sai da arquibancada e "pulei" o muro dos boxes. Comecei como cronometrista da equipe em que ele corria com o Beto Ody no Gaúcho de Marcas, com o Escort 27, isso em 1985, e aos poucos fui crescendo em minhas atividades, ao lado dele durante muitos anos. Ao longo dos anos aprendi muita coisa com ele. Hoje me sinto completamente realizado dentro do automobilismo e principalmente no kartismo, onde tenho um site de kart muito importante no Brasil e presto assessoria de imprensa a muitos pilotos, também de autódromo. Aprendi muito com o Victor, uma pessoa fantástica e para quem todos os elogios do mundo não são suficientes. Victor, muito obrigado, te devo muito.
Erno Drehmer
bonito relato do Amigo Victor, como tambem as imagens, um baita piloto, um exemplo a ser seguido, pois marcou para muitos afixionados da epoca e ate hoje por onde passa deixa suas marcas......dando conselhos e incentivando a nova geraçao....enfim um Abraçao do tamanho do Rio Grande.Aproveito e mando um abraçao para o Erno Drehmer que a muito tempo nao encontro...Ate breve Wermuth Enio
Putz fazer os Corcel II andar... só me lembro do Steyer... sorry se me esqueci de alguém....
Impressionante o relacionamento que a Ford tem com o carro, se você procura nome das cores de várias marcas...acha, números de chassi etc... a Ford não tem nada no gênero!
-Alguém sabe de algo a respeito?
A Willys tem mais coisas...
Apenas como reforço de memária, nas Doze Horas de Goiânia, o Neni Fornari largou com o FIAT 99, guiou até as 3 da manhã, o Paulo Hoerlle tocou até as 06 e antes de clarear o dia eu peguei, e com os problemas do Corcel do Vitor e do Olício, tive uma disputa muito boa com o Aloisio Andrade Filho pela ponta...
Postar um comentário