quinta-feira, 23 de junho de 2011

Do inferno ao céu em uma volta

Hoje continuo com a história do Ayrton Brum. Já estamos em 1995. Vai que é tua, Brum!

"Um ano difícil, onde disputei nos meses de Janeiro, Fevereiro e Março o Torneio de Verão, que eram provas de 3 horas de duração, sempre numa quarta-feira à noite, sendo a largada da primeira bateria às 21hs com bateria de 1 hora de duração. Podia ser disputada por somente um piloto, com um intervalos de 30 minutos entre uma bateria e outra, e o Brum, fominha como sempre, disputou a prova sozinho.

Falei no início que foi um ano difícil, pois somente consegui o vice campeonato no Torneio de Verão. No campeonato esperava mais de mim, mas tive problemas com o carro em Tarumã e como eu não participava das provas em Guaporé, o ano não foi muito bom.

As 12 Horas desse ano então, foi a pior das que disputei até o fim da minha carreira, pois foi a única que não terminei, a que apenas dei meia dúzia de voltas, como retardatário, e recolhemos o carro. A 1h30min da madrugada já estava voltando para casa.

No início desse ano o Paulinho me apresentou uma pessoa, que hoje é meu único amigo da equipe que tenho contato, chamado Beto Hass. Quando o Paulinho me apresentou, me disse que o pai do Beto, o Sr. Lauro Hass, tinha preparado os antigos DKW que corriam no circuito da Cavalhada. O Beto, sempre prestativo, queria fazer parte da equipe por gostar de corridas, e assim fizemos uma parceria que dura até os dias de hoje. Tornou-se responsável pela pintura do carro e ele, no final do ano, mudou a pintura do Speed 11, do amarelo com azul, para o layout e pintura que foi a azul com branco, que foi a sua última pintura.

Torneio de Verão - 1995: Meu sonho sempre foi disputar umas 12 Horas com chuva na parte noturna, pois alí, separava os pilotos, dos que achavam que são piloto. Nas 12 Horas nunca consegui, mas na primeira prova do Torneio de Verão daquele ano foi com uma chuva fraca, mas constante, deixando aquele "sabão".

Na primeira bateria terminei em segundo lugar. O vencedor foi o Carlos Castro, o melhor piloto da categoria, na minha opinião, e na da maioria dos pilotos da Speed. Fizemos o pit stop e pedi ao Beto que tentasse abrir mais meus paralamas dianteiros, pois os pneus estavam pegando nas curvas do Tala e na 9. Lá foi meu amigo, abaixo de chuva bater os paralamas, que ficaram melhor para a segunda bateria.

Larguei na segunda bateria e não sequei direito as sapatilhas e na primeira volta na curva do Tala, ao fazer o punta-taco, a sapatilha molhada, escorregou do pedal do freio e ficou somente o calcanhar no acelerador. O Speed 11 começou a rodar e eu tentando segurar, consegui em partes, ele não chegou a rodar mas também não indireitou. Fiquei com o carro atravessado no Tala, com o motor apagado, e os carros que vinham atrás iluminaram todo o meu carro por dentro. Eu me encolhi no canto oposto e esperei a qualquer momento alguém me acertar, mas lembro que o Andrézinho do Fusca 10, que vinha a seguir, parou para não me acertar. Tentei fazer o motor pegar no botão, mas nada. O carro ia de ré lentamente em direção a zona de escape, e como estava muito lento, eu só tinha uma cartada: tentar pegar no tranco e ajudando no botão, e assim ele pegou e fui embora.

Conforme a planilha do final da prova, somando as três baterias, cheguei em segundo lugar nessa prova, atrás do Danilo do Fusca 85.

Em uma outra etapa deste mesmo Torneio de Verão, no mês de Fevereiro, terminei a primeira bateria em segundo lugar novamente com o Carlos Castro em primeiro. Na largada da segunda bateria veio um carro protótipo lá do fim do grid e na curva 1 ele me deu uma fechada e para não bater desviei dele e o Speed 11 acabou rodando e, sem conseguir fazer ele pegar, fiquei parado na parte interna da curva 1, no lado do lago de Tarumã, naquela escuridão, onde eu só ouvia a batida forte de meu coração. Não acreditei. Vinha muito bem, larguei bem e agora estava alí parado. Imaginei a prova e todo o campeonato perdido. Fiquei sentando no carro sem acreditar, esperando a qualquer momento passar pela pista todo o grid. Assim esperei, mas notei que já era para o grid ter dado uma volta, mas nada deles virem, fiquei pensando o que podia ter havido. Me animei. Foi quando vi o Pace Car, puxando o grid, e o carro de socorro, com o Soldan, descendo e me perguntando: Brum, teu carro pega se te puxar? Claro que pega Soldan, claro que pega! Perguntei o que houve e ele me disse: capotou um Uno no Laço. Pega teu carro e volta pro grid, na mesma posição que largaste. A prova foi interrompida. Meu Deus, fui do inferno ao céu em uma volta! O carro pegou no tranco e lá me fui pro grid, com toda a esperança renovada.

A colocação desta prova não lembro, mas fui Vice Campeão da minha categoria nesse ano. O Campeão foi o Danilo do Fusca 85.

12 Horas 1995: no final do Torneio de Verão deste ano, o Paré me convidou para correr com ele as 12 Horas no final do ano. No início seria somente eu e o Paré no carro dele, pois eu não queria colocar o Speed 11 nas 12 Horas, pois sabia que esta prova acaba com os carros. No final corremos de trio: Ayrton Brum - Paré - André da Silva (do Fusca 68).

Foi uma prova para esquecer. Corremos com o meu motor no carro do Paré. Largamos em sétimo lugar e com 30 minutos de prova o Paré já estava em terceiro lugar, foi quando o motor quebrou na saída do Tala.

Colocamos o motor reserva que era do Paré, mas já tínhamos perdido muitas voltas. Fui o segundo a entrar no carro, mas resolvi juntar meu material e vir para casa."






Fonte das imagens: arquivo Ayrton Brum.

3 comentários:

Anônimo disse...

1:30 da manha voltar pra casa pq perdeu umas voltas numa 12 Hs? Faltou espirito.

Brum disse...

Ola Amigo.

Não foi falta de garra e nem de espirito não.
O motor titular quebrou a meia noite e meia, e o reserva era muito fraco,e ja tinha disputado 4 corridas.
Quando se esta acostumado a ter um carro forte e competitivo, a gente sente quando o carro não tem condições de terminar umas 12 horas.
Antigamente trocar um motor nas 12 horas, não era nada, mas nessa época com os carros muito competitivos e parelhos, qualquer parada, ja colocava em risco a vitoria.

abraço

Fabiani C Gargioni #27 disse...

Bela continuação desta tua grande trajetória Brum,valeu e obrigado pela história,só quem vive realmente o automobilismo na essência sabe o que tu tá dizendo!!!