sábado, 27 de outubro de 2012

O primeiro passo para o Sulamericano

O Desafio da última semana foi díficil e desta vez ninguém levou. OK, era o "Chico" Feoli no seu novíssimo chassi Muffatão com motor Passat, com o qual havia vencido a última prova do Campeonato Brasileiro de Fórmula 2 de 1981, em dezembro daquele ano, no Rio de Janeiro.

Porém, como eu comentei, alguns detalhes mostrariam que não se tratava de um Desafio fácil. Assim, vejamos: o número do carro era o 72, enquanto que tradicionalmente o "Chico" competia com o #12 (anos mais tarde, por ocasião dos encontros com os hermanos, acabou usando também o #21 e o #23). Outro ponto que chama a atenção é que os pneus são ligeiramente mais largos, como vocês poderão comparar mais abaixo. Em resumo, não era uma prova do Brasileiro.

Que prova era aquela? Vamos lá: dia desses, num dos encontros com os Jurássicos, o "Chico" e o Ronaldo Bitencourt me contaram sobre uma prova feita pelo primeiro em Buenos Aires, em dezembro de 1981, anterior aquele primeiro encontro Sulamericano em Tarumã, outubro de 1982 (lembrei dessa prova dias atrás). A ideia era realizar um confronto ainda que extra-oficial para medir forças e estabelecer o que viria a ser o regulamento técnico do Sulamericano dos anos seguintes. Desta forma, dois representantes do Brasil foram para a Argentina participar da última prova do Campeonato Argentino de Fórmula 2 no dia 20 de dezembro de 1981. Além de "Chico", Pedro Muffato levou seu carro para Buenos Aires.

A comitiva brasileira, além dos dois pilotos e suas equipes tinha ainda o próprio Ronaldo e o Luis Caetano Antinolfi. Eles ficaram responsáveis de relatar a experiência aos membros do Conselho Técnico Desportivo Nacional - CTDN e determinar as alterações necessárias a serem feitas no regulamento da categoria brasileira, para que esta se adaptasse ao regulamento argentino. Entre as modificações necessárias, foram identificadas a necessidade de aumentar a largura dos carros, a bitola das rodas, a liberação da preparação do virabrequim, bielas e pistões, estabelecimento da taxa de compressão - 13:1 para os carros nacionais movidos a álcool (10:1 para os hermanos que corriam com gasolina), entre outros pontos.

Bom, falando sobre a prova, Feoli e Muffato tiveram de adquirir pneus Fliter, já que os Maggion mais estreitos não seriam competivivos. Por outro lado, não abriram mão do álcool e levaram todo o combustível a ser utilizado nos treinos e na prova na bagagem. Dos 26 carros participantes, Muffato marcou o 13º tempo e Feoli o 17º. Na prova, Feoli não teve sorte e na quarta volta teve a junta do cabeçote queimada, ficando fora da disputa. Já Muffato obteve a terceira posição, excelente resultado para a primeira participação brasileira, o que motivou a todos em relação ao futuro campeonato.

Uma primeira prova chegou a ser marcada para Punta del Este, em março de 1982, mas não tenho registro da participação dos brasileiros. Ao que consta, o primeiro embate foi mesmo em Tarumã, em outubro.

Interessante a opinião na época de Bernie Ecclestone, presidente da FOCA (atual FOA). Ele já havia sugerido a criação do Campeonato Sulamericano, que, segundo ele, tornaria a categoria mais competitiva e evitaria que os pilotos sulamericanos fossem obrigados a começar carreira internacional na Europa. De fato, anos depois, isso acabou se tornando realidade, com a superlicença para correr na Fórmula 1, concedida ao campeão da temporada, porém sem resultados práticos.

Abaixo imagens da participação dos brasileiros, a lista dos inscritos (sem os brasileiros), e os carros de Muffato e Feoli correndo no Brasil, onde se nota a clara diferença na largura dos pneus.








Fonte das imagens: revista Corsa - arquivo Francisco Feoli e revista Auto Esporte.

Um comentário:

Tohmé disse...

Putz, tinha um bone da Fliter