domingo, 27 de outubro de 2013

Desafio da Semana

O lugar é fácil. O ano já está escrito, mas quero ver se conseguem identificar esse carro e piloto.
 

É mais uma preciosidade do baú do amigo Pietro Tebaldi.

Mãos à obra!

sábado, 26 de outubro de 2013

Homero Zani

A imagem do último Desafio me foi enviada pelo amigo Luiz Borgmann. A turma não teve dificuldades e acertou rápido a resposta. Admirando aquele V8 de tripla carburação estavam o piloto José Asmuz e o mecânico Homero Zani.
 
Homero Zani foi por muitos anos mecânico da famosa equipe Galgos Brancos, mas na metade dos anos 60 foi contratado por Asmuz para preparar a carretera #32. Essa contratação acabou gerando boas histórias. Escolhi um ótimo texto do Bird Clemente, dirigido ao Asmuz e publicado na revista Racing no ano passado para dividir com vocês. É sensacional!
 
"Na essência da história do automobilismo brasileiro os pilotos da nossa geração viveram intensamente as primeiras edições das Mil Milhas. Transporto-me e me vejo pilotando fantásticos DKWs com Ciro Cayres, Eugenio Martins, Flavio Del Mese e Mario Cesar de Camargo Filho, sempre sob o comando de Jorge Lettry, e do outro lado nossos principais adversários, as carreteras daquela época, que eram especialmente os bonitos cupês Ford 1940 e Chevrolet 1939. Com um motor Ford Thunderbird, você era o principal adversário da marca contra os Chevrolet Corvette, com os ídolos Camilo Christófaro, Chico Landi, Luiz Américo Margarido e o gaúcho Catarino Andreatta. Você deve se sentir um privilegiado por ter sido um dos protagonistas destes tempos incríveis. O bate papo entre os pilotos de Porto Alegre rolava nos encontros noturnos na Confeitaria Matheus, na Praça da Alfândega, tempo em que o futuro campeão brasileiro Clovis Moraes era mecânico do Ismael Chaves Barcellos, meu dileto amigo e companheiro nas 12 horas de Tarumã de 1973. Lá também sempre estavam os fantásticos Flávio Del Mese, Henrique Mutti, Pedro Pereira, Haroldo Dreux, Aldo Costa, Diogo Elwanger, Gabriel Cuquiarelli, Dino Di Leoni, Henrique Iwers... Que saudades! Jamais vou me esquecer das narrativas do espalhafatoso “Turco Asmuz”, como você era chamado, e do mais discreto “o magro”, Raul Fernandes. Sempre rodeados por admiradores, e eu era um deles, que ouviam as histórias da pitoresca batalha, que era pilotar aquelas carreteras que escorregavam no serpenteado daquelas estradas, levantando poeira do chão batido. Com precisão, vocês descreviam de forma espetacular e minuciosa como se tocava uma carretera, com as dificuldades de aproximação e ultrapassagens, contempladas pelos fanáticos do automobilismo, que se espalhavam ao longo da estrada. Era comum a imagem pitoresca e tradicional de algum gaúcho, orgulhosamente caracterizado com chapéu, lenço amarrado no pescoço, bota e bombacha, costumeiramente assando um churrasco de costela. No reflexo e influência das corridas de turismo carretera na Argentina, foi com os gaúchos que o Wilson Fittipaldi e Elói Gogliano conseguiram formar o grid para a realização da primeira Mil Milhas Brasileiras. Felizmente esta memória está preservada em Passo Fundo, no Museu do Automobilismo Brasileiro, obra do nosso grande amigo Paulo Trevisan. A pitoresca rivalidade entre você e o Catarino Andreatta, por conta da polêmica transferência do famoso mecânico Homero Zani, virou uma novela que amplificou o interesse de todos por vocês. Apesar dos tantos outros ídolos gaúchos, esse disse que me disse do Homero atraia as atenções para vocês. Nunca vou me esquecer de uma prova curta no circuito da Cavalhada, em Porto Alegre, quando você e o Catarino Andreatta se pegaram para valer, as baratas vinham de lado, eu não me lembro de ter visto um racha maior. Em 1968 fui convidado para comentar os 500 km de Porto Alegre no Circuito da Pedra Redonda, pela TV Gaúcha, e contemplei a última participação da barata Ford 1940 numero 32. Triste despedida. Foi difícil para você constatar a diferença de desempenho daquela novíssima BMW Schnitzer, um dos carros de turismo mais desenvolvido do mundo, pilotada pelo jovem Jan Balder. Como um velho guerreiro, com o corpo cheio de cicatrizes, mas o peito coberto de medalhas, você aposentou o heroico companheiro e o Homero, apesar de chateado, a recebeu de você como troféu dos serviços prestados, ao contrario do que escrevi no meu livro. E eu comprei o motor Ford mais potente do Brasil, o Homero o colocou no meu Ford Galaxie e fui para Jacarepaguá onde a Willys me esperava para mais uma corrida. Tempos depois o meu Galaxie era do Luiz Antonio Greco e fez o maior sucesso na prova do quilômetro lançado na marginal do Rio Pinheiros, e aquele motor do Asmuz ficou famoso. Começava uma nova era, e só a teimosia do Camilo Christófaro, que se valendo do regulamento travestiu de protótipo a sua carretera Chevrolet 18 com suspensão traseira de Ferrari e na frente com motor e suspensão da última geração Corvette, sobreviveu por mais algum tempo a era das pitorescas carreteras. Em 1970 eu e meu irmão Nilson construímos o Opala 80, vencemos a 24 horas de Interlagos e em seguida batemos o recorde do Carcará com os 232 km/h. No  dia seguinte você telefona e me diz: “quanto que você quer na barata?”. Eu falei um numero e você não titubeou: “é nossa, minha e do Pedro Pereira”. A única lembrança amarga é que abordo deste carro perdemos o amigo, jornalista e grande piloto Pedro Pereira. Com admiração do amigo de sempre, Bird Clemente."
 
Abaixo uma imagem da #32 em ação nos 500 Km de Porto Alegre em 1968 e em 2004, em Tarumã, quando Asmuz foi homenageado nas 12 Horas daquele ano.
 
 

 
Fonte das imagens: arquivo pessoal.

domingo, 20 de outubro de 2013

sábado, 19 de outubro de 2013

21 de Outubro de 1973

Não lembro de onde veio a imagem do último Desafio. É de um jornal de época. É o último registro de dois pilotos em ação, antes daquele instante que marcaria para sempre a história do Autódromo de Tarumã e do automobilismo gaúcho. Subindo a reta dos boxes, o Opala #22 de Pedro Carneiro Pereira e logo atrás o #85 de Ivan Iglesias. Logo adiante aconteceria o choque entre os dois carros, a batida no barranco, a explosão do #85, o capotamento de ambos, a tentativa de salvamento dos pilotos.

Isso tudo aconteceu no dia 21 de Outubro de 1973. A próxima segunda marca os 40 anos deste acidente.

Eu não imaginava que os comentários do último post seriam tão marcantes. Basta olhar e ler com atenção: todos os comentários foram escritos por quem esteve lá naquele dia e viu tudo de perto. Ao lê-los é possível entender como foi difícil para todos que lá estiveram naquele domingo.

Muito já foi escrito sobre o acidente, portanto uma narrativa mais extensa se faz desnecessária. Recomendo a leitura do livro "Pedro Carneiro Pereira - O narrador de emoções", escrito por Leandro Martins, filho de Lemyr Martins, publicado pela editora Imagens da Terra e que conta toda a história de Pedro, incluindo é claro, boas passagens da carreira dele no automobilismo. Há também uma página dedicada à memória de Ivan Iglesias. Outra fonte de informação é o documentário "Pedrinho morreu na primavera", produzido pelos alunos do curso de Comunicação Social da Ulbra. Neste vídeo, disponível no YouTube, há esclarecimentos sobre a dinâmica do acidente, inclusive com relato do Fernando Esbroglio, que naquela prova subia a reta logo atrás dos Opalas.
 
 
 


Fonte das imagens: arquivo revista Quatro Rodas.

sábado, 12 de outubro de 2013

100 Milhas de Tarumã

O Comandante Pastro matou a charada do último Desafio. A bela imagem da curva do Tala Larga em Tarumã, mostrava o Porsche 907 #48 de Angi Munhoz à frente, seguido pelo Porsche 910 #65 de José Moraes e por fim o Royale #22 de Luis Pereira Bueno.

Aquela prova foi denominada 100 Milhas de Tarumã, uma prova adicional à programação da Copa Brasil disputada em Interlagos. Apenas nove carros estiveram presentes para a prova disputada no dia 3 de Janeiro de 1971, mas o público de quase 60.000 pessoas não desanimou em razão da presença de Emerson Fittipaldi, que acabou dominando a prova com sua Lola T210.

Angi Munhoz foi o terceiro colocado. Não era sua primeira corrida em Tarumã. Havia participado com um Puma na prova principal da inauguração do autódromo, dois meses antes. Após a prova com Porsche, voltou a Tarumã para competir pela Fórmula Ford e também em provas da Divisão 4.

Abaixo alguns registros da passagem do piloto em solo gaúcho.







Fonte das imagens: arquivo Angi Munhoz.

domingo, 6 de outubro de 2013

sábado, 5 de outubro de 2013

Super Vê em Capão

O Rui Amaral Jr era suspeito, pois já conhecia a história da imagem do último Desafio, por isso não quis entregar a rapadura. Mas desta vez, a turma ficou meio acanhada e não palpitou. Não fosse um comentário feito pelo piloto paulista Ricardo Mansur aqui mesmo no blog há algum tempo, quando publiquei um post sobre a etapa de Tarumã do primeiro Campeonato Brasileiro de Fórmula Super Vê em 1974, eu também não teria muito para dividir com vocês, portanto vamos ao comentário do Ricardo.

"Olá, Sanco! Nessa prova aconteceu um fato inusitado! Desde que chegamos a Tarumã para a 4ª etapa, consegui sempre andar bem rápido pelo fato de ser um circuito de "alta"! Minha preferência! Andei bem na chuva, até quando a "Curva 1" começou a dechapar o asfalto, fazendo com que todos os pilotos mudassem sua tangência! Nessas condições cheguei a virar no seco em 1:11'12! Em pouco mudou o escalonamento das marchas de Interlagos (1:12) para a relação ideal. Sem condições da prova ser realizada, foi programado um passeio a Capão da Canoa para um torneio de Mini-Golf e um "Rachão" de futebol entre "Mecânicos/Preparadores X Pilotos"! Como não havia segurança para se deixar os fórmulas, foi alugada uma grande "cegonha" onde os carros ficariam sob responsabilidade da Federação Gaúcha! Quando retornamos à pista já reformada, meu tempo não baixava de 1:13'5! O carro estava muito instável, muito perigoso nas curvas de alta e na saída do "Laço", ao tracionar, ele patinava como se estivesse no molhado! Vários pilotos avisaram no meu box que as reações do fórmula estavam "estranhas"! O preocupado era o Newton Pereira que chegou a me aconselhar a não correr! Mesmo assim chegaria em até 5º ou 6º, mas quando parou após falhar muito na 3ª bateria, não me lamentei pois estava perigosíssimo me manter na pista! Mais tarde o Newton Pereira me "confidenciou" que meu carro havia caído de cima da cegonha quando uma das pranchas se soltou! Tentei achar responsáveis mas tudo que ouvi é que não haviam provas do incidente! Na brincadeira, o pessoal da Volkswagen falou que o "incidente" iria embolar o campeonato e que eu teria chances de reconquistar o 2º ou até o 1º lugar no campeonato! Coisas de corridas..."


Na imagem é possível ver a turma bem animada, após um "campeonato de pesca", vencido pelo Newton Pereira.

Mais uma de bastidores que tem sua história contada aqui.

Abaixo outra do Mansur, naquela prova em Tarumã, tendo Marcos Troncon na sua cola.


Fonte da imagem: arquivo Ricardo Mansur.

domingo, 29 de setembro de 2013

Desafio da Semana

Seguindo a ideia do Desafio da semana passada, que mostrava uma imagem de bastidores, vejam essa aí em baixo. Num primeiro momento parece apenas uma reunião de amigos, alguns parecendo bem animados. Agora vejam a legenda e tentem explicar.
 

Mãos à obra!

sábado, 28 de setembro de 2013

O batismo da Fórmula Ford

O último Desafio foi muito bacana, pois além da participação dos assíduos, tivemos comentários de dois dos personagens que apareciam naquela imagem, Cezar Pegoraro e Francisco Feoli.

A imagem, publicada no ótimo Caminhos de Guaporé, veio do acervo da família Barro e mostrava um grupo de pilotos em um momento de bate papo, provavelmente após os treinos, já que não havia ninguém nas arquibancadas. Da esquerda para a direita apareciam Leonel Friedrich (sentado no chão, tomando um refresco), Cezar Pegoraro (de pé), Sérgio Pegoraro (encoberto por "Bocão"), Antônio Pegoraro, Nelson Barro e José Luiz De Marchi (ambos de costas), Raffaele Rosito (encoberto pelos dois), Pedro Carneiro Pereira, Alfredo Oliveira e "Chico" Feoli.

O registro é do dia 22 de Agosto de 1971, em Tarumã. Já devo ter contado aqui sobre esse dia. Era para ser a primeira corrida de Fórmula Ford com monopostos construídos no Brasil, mas em razão de os carros terem ficados prontos apenas duas semanas antes, os pilotos decidiram não realizar a corrida, mas sim uma apresentação. Foram dadas duas voltas atrás de um carro madrinha e depois a pista foi liberada para 15 minutos de velocidade livre. As disputas acabaram acontecendo e quem se destacou na ponta foi "Bocão", Alfredo Oliveira "Carioca" e João Luiz Palmeiro. "Bocão" acabou fazendo o melhor tempo com 1min18s2.

Tentei buscar imagens dos carros de cada um dos pilotos identificados na imagem do Desafio, mas ficou faltando o Raffaele Rosito. Vejam abaixo.



 





Fonte das imagens: arquivos família Barro, site Caminhos de Guaporé, blog Scuderia Brazil e arquivos Cezar Pegoraro e Francisco Feoli.

domingo, 22 de setembro de 2013

Desafio da Semana

Aproveitando o farto material disponibilizado pela família Barro no site Caminhos de Guaporé, vamos ver se vocês conseguem identificar a turma aí em baixo. Muita gente conhecida.
 

Mãos à obra!

sábado, 21 de setembro de 2013

O Homem que Respirava Velocidade

Simca número 34, Nelson Barro. Praticamente sinônimos por muito tempo. O último Desafio foi bem fácil e trouxe consigo uma história muito bacana de um homem apaixonado pelo automobilismo. Reproduzo na íntegra o texto publicado no ótimo site Caminhos de Guaporé, com imagens gentilmente enviadas a este pelo André Barro, filho de Nelson.

“Entre o Médico e o Prefeito, havia o Piloto. O jovem profissional que via na velocidade a sua grande paixão. Primeiro com um Simca e depois com um Fórmula Ford, foi vivendo intensamente seu esporte”.
Assim publicou o Jornal Zero Hora na década de 70, referindo-se ao jovem idealizador NELSON LUIZ BARRO; Médico, Prefeito de Guaporé, piloto de automóvel, presidente da AGA por diversas vezes e Campeão Gaúcho de Automobilismo.

Nelson Luiz Barro nasceu no dia 20 de dezembro de 1937, em Caxias do Sul-RS, e concretizou em Guaporé o seu maior sonho: foi no dia 17 de outubro de 1976, quando roncaram os motores de vinte Fórmulas Ford, inaugurando o Autódromo de Guaporé, o primeiro do interior gaúcho e o primeiro do interior Brasileiro totalmente asfaltado.

Muito antes, na década de 60, Nelson Barro já respirava velocidade, época em que eram realizados "grandes pegas" em pista de terra, improvisada junto ao Campo de Aviação de Guaporé e as ruas da cidade eram o local escolhido para servir de circuito nas hilariantes corridas de Lambreta e Motociclos. E foi numa destas corridas improvisadas que surgiu a ideia da criação do "Autódromo de Guaporé".

Casado com Juliana e pai de dois filhos, June e André, Nelson começou sua carreira em 1968, nas “3 Horas de Rio Grande”, onde nem sequer se classificou para a prova. Nelson não desistiu, e não muito depois, acompanhado do seu fiel escudeiro, um Simca Emi-Sul 1967, começou a somar vitórias e segundos lugares que não terminaram mais. Era o início de uma carreira brilhante no automobilismo, sempre representando com orgulho o município que adotara como “seu”.

Em 1969 destacou-se numa prova realizada em Curitiba-PR, chegando em terceiro lugar geral na categoria estreantes e segundo em sua categoria, diante de um público de 65 mil pessoas. Ganhou pela primeira vez uma corrida nos “500 Quilômetros de Joaçaba”, ainda em 1969, auxiliado por Edson Rodrigues, Argemiro Frizon, Avelino Sonáglio e Osmar Chiarello, entre outros. Participou também em 1969 da prova “4 horas de Florianópolis”, em Santa Catarina, fazendo dupla com José Antônio Madrid, no lendário Simca número #34.

Mas seu maior feito ainda estava por vir. Depois de alguns anos acumulando experiência pelas pistas do Brasil, Nelson sagrou-se Campeão Gaúcho de Automobilismo em 1970, para orgulho dos guaporenses e como prêmio por sua perseverança e amor ao esporte motor. Nelson ganhou a primeira etapa do Campeonato Gaúcho em Tarumã e garantiu o título com um terceiro lugar na prova de encerramento.

O jovem piloto teve participações também nos Rallyes que cruzavam pelas empoeiradas estradas de chão batido do Rio Grande do Sul, sendo o mais significativo deles o “Rallye da Boa Vizinhança” que passava por Guaporé. Foi segundo duas vezes no “Circuito Vale das Antas” e quinto no “Circuito Encosta da Serra”. Nelson era tão fascinado pelo automobilismo que chegou a organizar, junto com seus companheiros, um Rallye com sede em Guaporé.

Em 1971, participou das 12 horas de Tarumã, fazendo trio com os pilotos Arino Panatto e Cesar Pegoraro, a bordo de um Alfa Romeo patrocinado pela Primorosa, conquistando o primeiro lugar na classe B, categoria de 1601cc até 3000cc.

Um pouco antes, em primeiro de setembro de 1969 fundou a AGA (Associação Guaporense de Automobilismo), durante um jantar no Clube União Guaporense, reunindo cerca de 100 pessoas. Em seu discurso, o idealizador Nelson Luiz Barro disse que o objetivo era “motivar todos os segmentos da sociedade, desde o vigário, passando pelo Prefeito até o engraxate".

Foi o que aconteceu. Guaporé, historicamente dividida por questões políticas, se reuniu então em torno de uma obra grandiosa. A comunidade foi sensível ao chamamento das lideranças de então e o resultado apareceu: imponente, surgiu o "Autódromo de Guaporé". A Administração Municipal estava a cargo de Otolip Dalbosco, de partido oposto, mas que apoiou incondicionalmente a ideia de Nelson.

Em 21 de dezembro de 1969, finalmente era realizada uma corrida no autódromo de chão batido, construído em mutirão, em apenas 3 meses. A prova se chamou “3 Horas de Guaporé” e teve a participação de 72 carros. Era dia de inauguração, muita gente ansiosa e apreensiva. Poucos haviam presenciado uma corrida oficial de automóveis antes. O "antigo aeroporto" era agora, palco do automobilismo.

No ano de 1976 idealiza seu grande sonho: a inauguração do autódromo asfaltado, em 17 de dezembro. Guaporé ganhava as manchetes dos jornais, como destacou na véspera da inauguração o Jornal Zero Hora: “Vale a pena ir até lá. Crianças claras e de olhos azuis acompanham nas esquinas, a passagem dos carros de corrida sobre os reboques. Os Jipes da Prefeitura correm para todos os lados, procurando atender os visitantes. O movimento é incomum na cidadezinha: há filas de carros no trecho de três quilômetros que liga o centro ao autódromo. As vidraças das velhas casas comerciais, de madeira, estão cheias de cartazes sobre o autódromo. Tudo feito às pressas, na base do entusiasmo. Todos ajudam. Quinta-feira à noite, com luz dos faróis dos carros, alunos da Escola Agrícola e seminaristas pintavam os guard-rails e colocavam leivas no acostamento. A única sinaleira foi consertada. Os buracos das obras da Telefônica, bem no centro, estão cobertos. As patrolas da Prefeitura trabalham dia e noite para ajeitar a estrada de acesso ao autódromo. E para quem quiser ir lá, a senha é: visitante. Basta isto para ser bem recebido. Por isto é que vale a pena, não só pela corrida, assistir a inauguração do autódromo de Guaporé”.

No dia seguinte à inauguração, a manchete no jornal Zero Hora, novamente destacava o feito conseguido pelo jovem entusiasta: “Houve bandas de música, o alarido do público, o ronco dos motores, autoridades, grande público e dirigentes. Mas em meio a tudo isso, um homem estava por demais emocionado e esta sua alegria foi de um jovem que via seu sonho realizado, e viveu com sua população o grande dia que sempre sonharam”. O autódromo asfaltado era agora uma nova realidade guaporense.

Concretizado o sonho do Autódromo, o piloto Nelson Barro continuou sua trajetória automobilística, sempre levando por onde andava, o nome de Guaporé estampado com orgulho em seus bólidos voadores. “Um deles, o lendário Simca #34, ficou gravado na memória dos guaporenses como o símbolo maior do automobilismo em Guaporé, e neste sentido, nunca foi um veículo comum”, escreveu Giovani Girelli em 2003, em seu livro. O modelo era um Simca Emi-Sul 1967. Seu motor em “V”, com 8 cilindros, ficava aos cuidados do competente mecânico Avelino Sonáglio, auxiliado por Luis Suder, Tranquilo Bidese e “Risso”. Certa vez o Simca ficou exposto em frente ao Clube União Guaporense. Em sua lateral foi escrita a seguinte frase: “eles começaram comigo”. Isso mostra toda a importância que o Simca #34 teve na história da velocidade guaporense.

Nelson teve ainda excelentes participações em campeonatos de monopostos, ao lado do sobrinho e companheiro José Luiz de Marchi, o Zaíco, competindo até mesmo em provas nacionais realizadas nos Autódromos Internacionais de Interlagos em São Paulo e Curitiba no Paraná. Os monopostos #7 e #8 foram, após a era do Simca #34, o orgulho maior do esporte motor de Guaporé, disputando etapas do Campeonato Gaúcho e Nacional, na categoria Fórmula Ford, uma das mais importantes do país naquela época. Segundo nos informou André Barro, filho do Nelson, o fato da utilização do número #7 se deu porque os carros de Fórmula Ford eram numerados do 1 ao 20, não sendo possível utilizar o #34 de costume, o jeito então foi escolher o #7, por ser a soma de 3 + 4.

Nelson e Zaíco participaram também em Interlagos, São Paulo, do “Primeiro Torneio Internacional de Fórmula 2”, no ano de 1971, competindo na categoria Fórmula Ford. Em Interlagos, Nelson também se aventurou heroicamente numa competição com duração de 24 horas. Um feito e tanto para a época.

O "Médico-Piloto-Prefeito", em sua significativa passagem pelas pistas de corrida, competiu com grandes nomes do automobilismo nacional, como Cezar Pegoraro, Cláudio Mueller, Breno Fornari, Fernando Esbróglio, Raffaele Rosito, Leonel Friedrich, Gastão Werlang, Arino Panatto, José Asmuz e Pedro De Lamare.

Nelson sempre foi uma figura muito querida entre os amantes da velocidade, pelo seu jeito simples e sincero de ser e pela liderança que exercia de forma natural, sendo inclusive indicado para a presidência da Federação Gaúcha de Automobilismo, ideia que partiu de conceituados nomes do automobilismo Gaúcho.

Nelson Barro sabia como ninguém promover com sucesso o autódromo e o nome de Guaporé, sempre utilizando de sua fantástica capacidade de inventar e reinventar. Cito como exemplo um fato que nos contou o André, filho do Nelson: “Esta aconteceu na época da construção do autódromo, em 1969: foi promovida pela recém fundada AGA, uma festa para arrecadar fundos para o término da pista, e o público Guaporense e da região compareceu em massa. Era para ser um show de paraquedismo, mas na última hora o ministério da Aeronáutica (DAC) proibiu a realização do Show alegando falta de segurança. O jeito foi improvisar. O espetáculo começou com um show de cavalos de pau, de Simca, Formula Ford e carros de rua, mas o público não ia embora e, eis que surge no céu de Guaporé, um avião, e o locutor anuncia: agora o Dr . Nelson vai saltar de paraquedas... Suspense no autódromo... Surge então um avião, e na porta, lá estava ele, Nelson com seu macacão azul e capacete com uma listra verde. E salta do avião! Nelson vem caindo, caindo, caindo, caindo e o paraquedas não abre; e se estatela no chão próximo a curva do “esse”. CABUFFFFF!!!!!! O público entra em pânico e sai em disparada para "ver" de perto. Tumulto generalizado. Crianças desesperadas, gritos e choros se ouvem. Chegando lá, encontram um boneco de serragem com macacão e capacete de Nelson Barro. Era mais umas de suas armações malucas para a realização do sonho da construção do Autódromo de Guaporé.”

Seja nas pistas, na política ou na medicina, não há como negar a importância de Nelson Luiz Barro para Guaporé. Um homem que andava sempre a frente de seu tempo, inovando, idealizando e contribuindo para que o nome de Guaporé fosse difundido sempre com muito orgulho, não só pelo Estado, mas pelo país e também pelo mundo.

Dos infinitos sonhos do fantástico automobilista, talvez um único apenas não tenha se concretizado: ver o ídolo Airton Senna “dando uma voltinha” pelos 3.080 metros do Autódromo Internacional Nelson Luiz Barro. E olha que não foi por falta de convite...

Grande Dr. Nelson!

* Por Caminhos de Guaporé. 

 Sensacional!






E vejam as imagens. Não sabia que o Nelson havia corrido de Fiat 147. Isso foi em 1978, primeiro ano da categoria no RS, quando era denominada Divisão 1 - Classe A. O carro era da equipe Glitz, que ainda tinha Walter Soldan e "Chico" Feoli.

Fica aqui o convite para gastarem um tempo navegando no site Caminhos de Guaporé. Há farto material sobre a história do querido autódromo serrano.

Fonte das imagens: www.caminhosdeguapore.com.br. Fotos acervo André Barro.

domingo, 15 de setembro de 2013

Desafio da Semana

Já que falávamos em Simcas, conseguem identificar o da imagem abaixo?
 

Mãos à obra!

sábado, 14 de setembro de 2013

Simca Regente

Não tinha como não acertar, afinal aquela foi uma das poucas provas (senão a única) daquele Simca Regente branco #35 do Breno Fornari no Tarumã. A imagem do último Desafio mostrava uns quantos carros contornando a Curva do Laço, na prova principal da programação inaugural do autódromo de Viamão.

O carro era o mesmo que dois anos antes protagonizou o famoso acidente no muro da Delegacia de Polícia da Avenida Wenceslau Escobar, quando disputava a prova 500 km de Porto Alegre no dia 11 de Agosto de 1968.

Fornari competiu com este carro até 1971. Sua última apresentação foi na prova Grande Prêmio Internacional de Tarumã no dia 30 de Maio.

A imagem do Desafio mostrava ainda os Pumas #46 do piloto paulista Freddy Giorgi e o #48 do também paulista Angi Munhoz, um Simca, que provavelmente era o #85 do Afonso Iglesias, um VW, que creio que possa ser o #8 do Lino Reginatto (puro chute) e um tal paralamas.

O meu amigo Carlos "Catô" Belleza lançou um outro desafio em meio a este, mas seria muito difícil tentar aqui dar um parecer, afinal o paralama traseiro do carro que ia logo à frente do #35 aparecia muito pouco. Mesmo assim, foi levantada a hipótese de ser o Simca #87 do José Madrid. Será? Fui buscar uma imagem daquele mesmo dia onde aparece esse carro. É difícil confirmar.

Bom, as imagens me foram gentilmente enviadas pelo Alexandre Fornari, que cuida com todo o carinho do acervo do seu saudoso pai. Seguidamente é possível encontrá-lo em alguma exposição de carros antigos, divulgando a memória do Seu Breno.

Fiquem com mais outros registros do Regente #35 no dia da inauguração do Tarumã.
 
Olhando com atenção a última imagem, percebe-se que o Simca de Fornari, que aparece seguindo o "Chico" Feoli, estava com a frente inteirinha para os treinos. Nas demais, onde é possível vê-lo na pista, nota-se que Seu Breno havia provavelmente dado uma encostada nas latas com a lateral dianteira direita.





Fonte das imagens: arquivo Alexandre Fornari.

domingo, 8 de setembro de 2013

Desafio da Semana

Essa não é difícil. Vamos ver se identificam os pilotos e a prova.
 

Mãos à obra!

sábado, 7 de setembro de 2013

Se foi Serra abaixo

Lembram do Cláudio Ely, também conhecido como "Capitão Caverna"? Pois é, o dito cujo entrou em contato com o blog na semana passada, enviando aquele retrato que, de acordo com ele, só tinha sido percebido após a revelação. Para variar o click foi feito pelo fotógrafo oficial da Santa Ceia, o Vilsom Barbosa, o nosso Lambe Lambe. Falando com ele, veio a confirmação: "de fato, a foto foi feita sem intenção de flagrar a perda do pneu. O "Caverna" ficou quase dois meses procurando lá nas pirambeiras do Rio Guaporé, mas nunca mais achou a tal roda... Ela pulou o guard-rail e se foi serra abaixo."
A prova em questão era do Campeonato Regional de Turismo de 1986, quando Ely competia ao lado de Gianfranco Ventre no Gol #58. Junto ao inusitado registro, vieram mais duas também de Guaporé, mas mostrando o Gol a ar com o qual Ely participou na categoria Hot Car entre os anos de 1983 e 87.
 
Belas imagens! Tomara que venham outras de onde saíram essas.
 



Fonte das imagens: arquivo Cláudio Ely - fotos Vilsom Barbosa.

domingo, 1 de setembro de 2013

Desafio da Semana

O que? Quem? Quando? Onde? E não menos importante: Como?!?!?!?
 

Mãos à obra!

sábado, 31 de agosto de 2013

Gran Premio Automóvil Club del Uruguay

O Heitor começou dizendo que era no Uruguai, o Pedrão citou Punta del Este e o Ricardo Di Leone confirmou tudo, afinal ele estava naquela prova, auxiliando o seu pai, Dino Di Leone na preparação dos carros dos irmãos Friedrich.
 
Aquela era a prova de abertura do Campeonato Sulamericado de Fórmula 2 de 1985, disputada no dia 10 de Março. 27 carros participaram da prova, que teve o piloto da casa, Pedro Passadore, como pole position. A melhor colocação de um brasileiro foi de Cezar Pegoraro, na sétima posição. Os irmãos Friedrich não conseguiram bons tempos e Leonel largou da 15ª posição e Anor da 17ª. Os demais brasileiros presentes na prova foram Pedro Muffato (8º), Pedro Bartelle (14º), Marcos Troncon (19º), Josué de Mello Pimenta (22º) e Dárcio dos Santos (25º).
 
A corrida não foi boa para os brasileiros. A melhor colocação foi de Anor, apenas o 10º colocado, quatro voltas atrás do vencedor, Guillermo Maldonado.
 
Abaixo algumas imagens daquela prova.
 
 




 
Fonte das imagens: revistas Auto Esporte e Quatro Rodas.

domingo, 25 de agosto de 2013

Desafio da Semana

Essa quem mandou foi o Ricardo Cunha, há bastante tempo. As baratas são bem conhecidas, mas... o que elas faziam no meio da rua? Onde foi isso? E quando?
 

Mãos à obra!

sábado, 24 de agosto de 2013

Tio Lupi

Já desisti de fazer piadinhas com os Desafios, dizendo que agora ninguém vai acertar, que fulano duvida que acertem, que isso e aquilo. Depois do último Desafio, não duvido mais da capacidade da turma (pra lá de qualificada) que por aqui passa. Os últimos Desafios tem sido verdadeiras aulas sobre a história do automobilismo aqui no estado.

Bom, deixando de lado a rasgação de seda, vamos ao que interessa. O carro recebendo a bandeirada era um Simca 8 de 1100 cc, pilotado por Lupicínio Gomes Vieira, que venceu a prova disputada no circuito montado no Parque Farroupilha, a querida "Redenção" dos porto-alegrenses. Não tenho a informação se a prova foi em 1952 ou em 1953, mas Lupicínio venceu ambas, com Gabriel Cucchiarelli sempre na segunda posição. A pérola me foi enviada pelo kartista Dirk Werk, que por sua vez, a recebeu de um amigo, o Nelson, filho de Lupicínio. O Tio Lupi, como o Dirk o chamava, além dos carros, pilotou aviões e helicópteros. O Nelson atualmente - provavelmente influenciado pelo pai - é mecânico de helicópteros.

Numa rápida pesquisa ao precioso acervo do Guardião da Memória do Automobilismo Brasileiro, o meu amigo Paulo Trevisan, pude encontrar alguns registros da participação do Tio Lupi nas competições. Vamos lá:
III Circuito da Pedra Redonda - Outubro de 1951 - 1º lugar na categoria Força Limitada até 1300 cc.
1º GP de Porto Alegre - Julho de 1952 - 1º lugar na categoria até 1200 cc.
III Circuito Parque Farroupilha - Setembro de 1952 - 1º lugar na categoria até 1200 cc.
Circuito da Metrópole - Caxias do Sul - Novembro de 1952 - 1º lugar na categoria Força Livre.
IV Circuito Parque Farroupilha - Junho de 1953 - 1º lugar na categoria até 1200 cc.
Circuito Cinquentenário do Grêmio - Outubro de 1953 - 2º lugar na categoria até 1200 cc.
IV Circuito da Pedra Redonda - Dezembro de 1953 - 1º lugar na categoria até 1200 cc.
Prova Dr. Ernani Behs - Agosto de 1954 - 1º lugar na categoria Preparada até 1300 cc.

Bom, é só olhar a imagem abaixo e ver que a coleção de troféus do orgulhoso piloto comprova o que os números acima registraram.



 É, o Tio Lupi era dos bons...

Fonte das imagens: arquivo Nelson Vieira - enviado por Dirk Werk.