quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Há 30 Anos


 




  


Quase que deixei passar em branco o dia de ontem, 17 de outubro.

17 de outubro de 1982 foi um marco na história do automobilismo Sulamericano. E o palco para isso foi Tarumã, recebendo a primeira prova de Fórmula 2 que reuniu brasileiros e argentinos.

Muito já falei sobre essa prova aqui. Mesmo assim, até para a turma não precisar fuçar nos arquivos, recortei e colei algumas passagens já publicadas aqui no blog que dão uma dimensão do que foi aquele dia.

Porto Alegre vivia um clima de Fórmula 1, afinal a expectativa de todos em torno dos estrangeiros e seus carros movidos à gasolina era muito grande. Tanto as equipes quanto o público queriam ver aquele duelo que serviria como ponto de partida para a internacionalização do que, na época, era o campeonato mais veloz do Brasil. A partir daquela prova é que foram definidas as bases do Campeonato Sulamericano de Fórmula 2 de 1983.

É claro que o favoritismo dos argentinos prevaleceu naquela prova. O vencedor foi o "hermano" Miguel Angel Guerra com um Berta-Renault #72, carro com cerca de 180 HP à 9000 rpm.

Os demais argentinos presentes eram Rubem Di Palma (Telas Keutex/Fliter), Guillermo Maldonado (Yomel/Dekalb), Juan Manuel Fangio II, Alberto Scarazzini, Gustavo Sommi e Guillermo Kissling. Di Palma utilizava um Berta-Chrysler e Kissling um Berta-Ford OHC. Todos aqueles motores eram fabricados na Argentina e equipavam carros de rua como o Fiat 125, Renault Alpine e o Ford Taunus. Os preparadores mais famosos eram Miguel Angel Di Guidi, Osvaldo Antelo (especializado em motores Renault), José Miguel Herceg (Ford) e Orestes Berta, especializado em motor VW e que vinha atendendo boa parte dos pilotos brasileiros na venda de equipamentos.

Além desses, os uruguaios Pedro Passadore (Longines/Sucaryl) e Egon Einoder, o paraguaio Danny Candia e os chilenos Sérgio Santander e Giuseppi Galuppo também eram anunciados como concorrentes.

Entre os brasileiros, os destaques eram Leonel Friedrich (Ipiranga/Carro do Povo), que liderava o certame nacional, Ronaldo Ely (Denim) e Francisco Feoli (Semp-Toshiba/Kodak), que o seguiam de perto na classificação. Cezar Pegoraro (Cautol/Mobil/Predilar) e Aroldo Bauermann (Orloff/Farol) também se juntavam ao time gaúcho, destacado para aquela prova histórica. Além dos gaúchos, José Luis Pimenta (Motores Gigante), Adu Celso Santos, Victor Maresse (Banco Safra), Artur Bragantini (Denim) e Pedro Muffato (Açucar Diana) também utilizavam um Muffatão com motor Passat. Já Dárcio dos Santos, Cláudio Gonzales (Filtros Nasa/Kwikasair) e José Carlos Romano corriam com um Heve-Passat, um modelo copiado do Tiga inglês, produzido por Tim Schenken e Ivan Taylor. Por fim Mauro Fauza (Bottons Jeans) e Alvaro Buzaid (Codema) corriam com um superado Polar-VW, com poucas possibilidades de disputar as primeiras posições. Maurizio Sala era mais um piloto anunciado como concorrente, mas acabou não participando.

A vantagem dos pilotos brasileiros, além do conhecimento da pista, eram os pneus e o acerto de suspensões. Mesmo assim, a Argentina saiu vencedora daquele primeiro combate.

Num outro post encontrei uma matéria falando sobre o piloto paulista (e hoje chefe de equipe) Dárcio Dos Santos. Ele contava como aconteceu o primeiro encontro entre brasileiros e argentinos para medir forças no que mais tarde daria início à Fórmula 2 Codasur. Achei interessante e foi a primeira vez que ví a lista de todos os pioneiros pilotos que competiram naquela prova experimental, realizada em Tarumã, em 1982.

Era mais ou menos assim:

"A Fórmula 3 Sul-Americana, nascida em 1987, filha da Fórmula 2 Codasur que realizou seu primeiro campeonato em 1983, está a ponto de completar 21 anos, e serão 25 ininterruptos de automobilismo de monopostos na América do Sul. A história destas duas especialidades, sem dúvidas pioneiras no Mercosul, demonstra o espírito integrador que tem. Apesar das dificuldades encontradas para concretizar o projeto, conseguiram encontrar a força necessária para superar discussões que levaram a rupturas temporárias, e contínuos problemas econômicos que os países do cone sul tiveram neste último quarto de século. Tudo começou quando em 17 de outubro de 1982 foi disputado diante de mais de 30.000 espectadores, no autódromo de Tarumã, localizado na cidade de Viamão, próximo de Porto Alegre, foi realizada uma corrida teste entre a Fórmula 2 Brasileira e sua homônima Argentina. Daqueles que tornaram possível o empreendimento: dirigentes, pilotos e também jornalistas, muito poucos continuam ligados ao melhor do automobilismo de monoposto da América do Sul. Entre os 23 pilotos que tomaram parte desta corrida inaugural haviam 13 brasileiros: (Pedro Mufatto, Francisco Feoli, Dárcio Dos Santos, Ronaldo Ely, Mauro Fauza, Leonel Friedrich, Cézar Pegoraro, Aroldo Bauermann, Álvaro Buzaid, Osvaldo Santos, Artur Bragantini, Victor Marrese e Josué de Mello Pimenta), 7 argentinos (Miguel Angel Guerra que ganhou a corrida com um Berta-Renault, Guillermo Kissling, Juan Fangio II, Alberto Scarazzini, Guillermo Maldonado, Ruben Di Palma e Gustavo Sommi), 2 uruguaios (Pedro Passadore e Egon Einoder) e um chileno (Sérgio Santander). Desta lista somente um continua na Fórmula 3 Sulamericana, nos referimos a Dárcio Dos Santos, que com somente 23 anos correu em Tarumã a bordo de um Heve-Passat. Dárcio foi 16º nos treinos de classificação, onde o mais veloz foi Alberto Scarazzini. Na corrida o paulista terminou na 8ª posição. Hoje, Dárcio Dos Santos, para os amigos "Cabeção" com 48 anos de idade, continua, agora como dono de uma equipe, lutando juntamente com outros brasileiros em busca de manter a melhor categoria de monoposto da América do Sul, e única que consegue catapultar pilotos para Fórmula 1, Champ Car e IRL, sem dúvidas as três mais importantes categorias de monopostos do mundo. Lamentavelmente nos últimos anos apesar dos motores serem fabricados pelo argentino Oreste Berta, o mesmo que no passado provia a categoria com chassis, a mesma ainda não conseguiu se recuperar na Argentina, Brasil, Chile e outros países onde se disputaram corridas, embora sempre revele pilotos e por vezes algumas equipes."

Como também disse o Juan Maria Traverso em seu site, aquela primeira corrida de 1982, organizada por visionários como Miguel De Guidi e Pedro Muffato, germinou uma semente que com o tempo se transformou na Fórmula 3 Sulamericana, verdadeiro celeiro de grandes nomes do automobilismo mundial desde 1987.

Estou preparando um post com informações preciosas sobre como iniciou a ideia do Sulamericano. Aguardem.

Fonte das imagens: arquivo revista Quatro Rodas, revista Corsa - arquivo Francisco Feoli, Mário Estivalét e Família Tróglio.

7 comentários:

Anônimo disse...

eu estava nesta prova que diferensa em numero de publico?

Juanh disse...

Grandes épocas del automovilismo latinoamericano; hoy, los coches de fórmula casi están olvidados; así nos quedaremos sin pilotos que puedan llegar a correr algún día en la F1.
Abrazos!

Heitor disse...

Eu estava no Tarumã neste dia, aliás o autódromo estremeceu na hora da largada. Naqueles tempos de motores carburados que faziam muito barulho. Foi de arrepiar ...

Anônimo disse...

Buenas!
Não acredito !
Voltaste ao normal.
Beleza Pura.
Daqui alguns dias, o filhote vai estar auxiliando.
As imagens nos tiram da boca qualquer comentário. Falam por si.
Autodromos cheios. Grides cheios de carros. Pilotos de várias nacionalidades. Não tem explicação.
Ninguém sabe o que acontece nos dias atuais. Assisti o GT 3 em Guaporé - Grid pobre - publico excelente. Assisti a F-Truck em Cascavel e em Guaporé - grid bom e público excelente.
Estou indo para a Argentina amanhã, assistir corrida de Turismo (TN), onde o grid é cheio e o público também.
São fórmulas difíceis de decifrar.
Por favor, alguém (por favor)ache uma solução.
Um grande quebra costelas.
Pedrão-SMO

Anônimo disse...

Buenas (de novo)
Lembro, quando fui até a Av. Farrapos, na frente do Hotel Umbú, ver algmas carretas estacionadas com carros da F-2 Sudamericana.
Belos tempos.
Pedrão - SMO

Leandro Sanco disse...

Pedrão, meu amigo, a "normalidade" é temporária. Estou tirando uns dias (se chama férias, mas eu nem lembrava). Vou desenterrar algumas coisas que tenho por aqui. Aproveite enquanto durar.

Abração e boa prova na TN.

LARRI disse...

Quando em 82 fiquei sabendo da prova, comecei a reunir interessados em assistir a prova e consegui os amigos Marcos(in memorian), Sérgio, Gilmar e Albany ir ver a prova. Saímos em quatro em uma Brasília mais o Albany de CB 400 e pernoitamos no Hotel De Conto na Av. Farrapos, após um tour pela noite Portoalegrense. Pela manhã cedo fomos para o autódromo e foi de pirar, vendo os nossos famosos pilotos tentando fazer frente aos hermanos, mas eles eram superiores. Foi um dia inesquecível, vendo os Turismo 5000 inclusive com a vinda de alguns pilotos paulistas, uma prova de moto acho que 125 cc, com a participação da Cristina Rosito, além da prova principal. Tirei muitas fotos dos carros descendo das carretas do Expresso Industrial dos irmãos Troglio, dos Motorhomes dos hermanos e das tendas de produtos á venda, penas que com o tempo todas se extraviaram. Mas com certeza foi um dia inesquecível para todos nós.