segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Impressionante

Quando ví o vídeo do acidente do Diumar Bueno no sábado lá em Guaporé, imediatamente lembrei de um semelhante ocorrido com o Tróglio, em 1982. Já contei essa história aqui no blog, em 2008, e aproveito para reproduzir abaixo.

Ainda sobre a Truck, ví o vídeo várias vezes e pensei se seria possível ele ter reduzido na caixa, ou mesmo ter puxado para a direita, se apoiando no guard-rail para tentar reduzir a velocidade. Vários pilotos passam por aqui e creio que possam dizer o que é possível fazer numa situação dessas.

Bom, vamos ver como foi o caso do Maverick.

Conforme falei ontem, Luiz Fernando Tróglio foi o protagonista de um dos mais marcantes acidentes que se tem registro no autódromo de Guaporé, felizmente sem vítima alguma.

Tudo aconteceu durante a terceira etapa do Campeonato Gaúcho de Turismo 5000 , no dia 29 de Maio de 1982. Era a segunda bateria da prova e Luiz Fernando vinha se recuperando de alguns problemas ocorridos com seu carro. As frenagens eram feitas no limite da pista e do equipamento, com isso o tempo de volta era rápido e ele já vinha na quinta posição.



Entretanto ao abrir a terceira volta e na aproximação da curva 1, o piloto pisou com força no pedal do freio e este foi até o fundo, batendo no assoalho do Maverick #13. A velocidade naquele momento era de aproximadamente 200 km/h e ele ainda teve tempo para engatar a terceira marcha "mas parece que o carro andou mais rápido", disse o piloto em entrevista aos jornais da época. O carro acabou batendo violentamente de lado no guard-rail e capotou para fora da pista, caindo cerca de 50 metros no barranco que cerca aquela curva.

Luiz Fernando foi imediatamente socorrido pelo pessoal da segurança e por alguns espectadores que se encontravam próximos ao local do impacto. Felizmente os danos ao piloto foram apenas uma fratura na rótula da perna esquerda. Levado ao hospital de Guaporé, foi operado e por lá ficou alguns dias. A admiração da cidade pelo piloto era tanta que até os horários de visita no hospital eram informados pela rádio local.

Ao ver o carro pela primeira vez após o acidente disse "nasci de novo, graças ao santo-antônio e ao cinto de segurança". Para a prova seguinte em Tarumã, um novo Maverick teve de ser adquirido, pois o do acidente ficou irrecuperável.

Abaixo um registro do que sobrou do Maverick e do socorro ao piloto.
Me disse o Luiz Tróglio Júnior que a causa do acidente foi o esmagamento da tubulação de freio, quando o carro foi erguido pelo macaco, durante a manutenção feita entre as duas provas.

Aproveito para publicar o comentário que o amigo Paulo Rotta fez quando da publicação do post:

"Lembro do acidente como se tivesse ocorrido hoje. Eu e meu pai estávamos em Guaporé assistindo a corrida, na reta. Como residíamos em Encantado-RS, não perdíamos nenhuma corrida. No momento do acidente, lá pela terceira volta, meu pai entrou no carro e nos dirigimos até o barranco da curva um. Chegamos lá junto com o pessoal do socorro, tendo meu pai os auxiliado. Ajudou a carregar o Luiz Fernando de maca. Após, também auxiliou na retirada do Tróglio da ambulância para a entrada no hospital. Lembro que o maior machucado era o joelho. Uma imagem que não foge da memória, ocorreu naquela oportunidade. Como meu pai ficou distraído, auxiliando o pessoal com o Tróglio, aproveitei e escalei o barrando onde estava o carro e fui até o guard rail da curva um. Havia cerca de um metro onde eu poderia ver o resto da corrida. Após este "metro de terra" que circundava o guard rail, havia um barranco de cerca de vinte metros. Mesmo após o acidente, a corrida continuou normalmente. Eu assistia a corrida "de camarote" atrás do guard rail da curva um quando, de repente, um Dodge "derrapou, saiu de lado" e veio em direção a posição onde eu estava. Não exitei: pulei o barranco e me ralei todo. Tinha cerca de dez anos. Meu pai ficou furioso. Não consigo identificar meu pai, Sr. Joarez Rotta, nas fotografias, mas as imagens daquela época ainda estão bem vivas em minha memória. Em tempo: Luiz Fernando era muito querido por todos. Normalmente a nossa torcida era por ele e pela equipe do "Expresso Industrial."

Fonte das imagens: arquivo Família Tróglio.

5 comentários:

Caminhos de Guaporé disse...

Olá Sanco, tudo bem? Não sou piloto, apenas um admirador do seu trabalho, portanto não sou o mais indicado a comentar de forma técnica este triste fato acontecido aqui em Guaporé. Apenas faço uma observação: acredito que se o piloto tivesse optado pelo lado direito da pista, ele teria acertado em cheio o público que estava posicionado ali, causando uma tragédia irreparável. Naquele ponto o guard-raill é muito baixo e provavelmente não teria suportado o contato do caminhão que pesa em torno de 4,5 toneladas. Acho que o Diumar agiu acertadamente e seu ato deve ser registrado como de altíssima bravura, pois preferiu colocar sua vida em risco em prol da integridade física do seu público. Parabéns por esta reportagem e pelo seu site, de altíssima qualidade e valor histórico. Um forte abraço. Gilberto Dal Mas - www.caminhosdeguapore.com.br

Anônimo disse...

Realmente concordo com o Mestre Sanco, ele aparentemente não reduz "na caixa" e segue com um missil descontrolado...

Acredito porem que não temos Autódromos no Brasil preparados para "segurar" estas máquinas peso-pesados em caso de um acidente como este.

Os Autódromos estão dimensionados para veículos mais leves.

Renato Pastro

Leandro Sanco disse...

Olá, Gilberto. Agradeço pelo teu comentário. Realmente, pelo vídeo, não era possível ver se ele já tinha ultrapassado o local onde fica o público. Passando por ele, não haveria muito o que fazer. Ainda estou em busca de informações se seria possível diminuir a velocidade de alguma outra forma (redução de marchas), mas vou aguardar para ver se mais alguém contribui com algum comentário.

Agora, imagine a cena. Tu chegando no final da reta, em descida, pé no fundo, última marcha, vai nos alicates e não encontra ninguém em casa?! Caramba, eu não quero nem imaginar...

Abraço,
Sanco

Niltão Amaral disse...

Sanco,

O Lacombe tinha comentado, agora lembrei que já tinha lido esse teu post!

O Régis Boessio participou via Facebook comigo no meu programa que faço via internet, Blog do Passatão no Ar - Automobilismo Gaúcho com Niltão Amaral", domingos às 22h.

Reproduzi algumas declarações dele sobre o acidente. Assistam lá: http://blogdopassatao.blogspot.com.br/2012/10/blog-do-passatao-no-ar-14-fala-da-etapa.html

Vilsom Barbosa disse...

Tchê:
A foto "de a cores" é dum inútil que sempre andava polos otódromos na década de 80, início de 90, um tal de "Lambe-Lambe".
Podem me chamar de cagão, mas nunca fotografei uma corrida de caminhões. Pela certeza de que, mais dia menos dia, a cacaca vai ser grande, pois a estrutura dos autódromos não resiste a um peso-pesado destes. Imaginem um Fórmula Truck se desgovernando na entrada da reta e vindo boxes a dentro ...
Tenho fotos duma entrada do Damo, com um Chevette na reta de Tarumã, mas por dentro do muro. Não matou gente por pura sorte. Se, em vez dum Chevette fosse um grandalhão desses ...