sábado, 5 de setembro de 2009

Breves Vitórias, Brilhantes Derrotas

O último desafio nos mostrou um fusquinha muito bem feito, participante das 12 Horas de 1972. Ele tinha inclusive frisos e até a antena do rádio. Não sei se alguém chegou a acertar o nome do piloto, pois escrevi esse post no meio da semana, já que estou em viagem para aproveitar o feriado. O piloto em questão era o caxiense Henry Paulo Dias, que teve uma curta trajetória nas pistas de cerca de quatro anos, mas um envolvimento com o automobilismo que já ultrapassa muitas décadas. Henry lançou no ano passado o ótimo livro "Breves Vitórias, Brilhantes Derrotas", que trata da história dos caxienses envolvidos com o automobilismo, a influência das competições nos costumes da cidade, além, é claro, das aventuras automobilísticas vividas pelo próprio autor.

A leitura é muito agradável, pois os textos são curtos e narram o testemunho de Henry em diversas passagens como piloto, amigo de pilotos e mecânicos, ou simplesmente amante dos automóveis e das competições. Vale a pena ler e ter em casa. Para adquirir um exemplar, é só entrar em contato com o próprio autor que passará as informações necessárias para tal. Os contatos estão no banner onde aparece a capa do livro, na barra da direita do blog.

Bom, voltando ao fusquinha, aquela 12 Horas foi a primeira participação oficial de Henry em competições. Antes disso sua experiência se limitava à participação na segunda turma da escola de pilotagem do Pedro Victor de Lamare, que passou por aqui logo após a inauguração do Tarumã.

No livro, Henry conta toda a preparação para a prova e também revela que o Fusca fora adquirido para outros fins, mas que a paixão pelas corridas falou mais alto e ele acabou indo para a pista. Seu companheiro nesta prova foi o também caxiense Paulo Miranda Gonçalves, que vocês vão lembrar quem era logo logo. Ao final das 12 Horas, a dupla obteve a quarta colocação da categoria 1300 cc. Excelente resultado para um piloto e carro estreante, por sinal.


Pelo que consta o Fusca #38 que competiu naquela prova foi depois remontado, parecendo novo, já que não havia levado nenhum toque de outro concorrente, nem ido de encontro às "latas", sendo vendido a um amigo de Henry.

Para o campeonato de 1973 da Divisão 3, outro Fusca fora adquirido e num determinado treino em Tarumã, Henry acabou estampando o mesmo no barranco da curva 2, danificando bastante o carro e dando aquela curva o apelido de "Curva Pescarolo". No livro, Henry conta mais sobre essa história.



Em 1974 Henry teve algumas participações como nas 6 Horas de Tarumã, quando correu ao lado do Fernando Onófrio, que recentemente foi tema aqui do blog, em um Fusca Divisão 1.


1975 marcou sua despedida das pistas como piloto, quando competiu com um Dodge 1800 da Divisão 1. Chegou a obter alguns bons resultados, até que em um treino se envolveu num forte acidente quando acertou em cheio o Fusca Divisão 3 do Bruno D'Almeida em plena curva 1 de Tarumã. Os dois pilotos se feriram e foram levados ao hospital, tal a proporção da pancada. O Dodge, recem adquirido, ficou destruído e além disso, Henry teve de pagar todas as prestações do carrinho que já não servia para mais nada. Terminavam alí naquela curva as pretenções do audacioso volante, com uma brilhante derrota, como ele mesmo resume no livro.



Henry Paulo Dias sempre estampou o #38 em seus carros, número esse herdado de outro caxiense, o Paulo Miranda Gonçalves, como já citado. Há algum tempo publiquei aqui uma imagem de um carro muito estranho, participante da prova inaugural do Autódromo de Tarumã, vocês lembram? Refrescando a memória, vejam a barata aí embaixo.

Pois bem, vocês lembram que ninguém obteve informações sobre o carro, a não ser um registro enviado pelo Luiz Borgmann, onde constava o nome P. M. Gonçalves. Curiosamente, o Mestre Joca publicou há uma ou duas semanas um post sobre esse carro, tentando mais uma vez buscar informações sobre ele. Eis, então, que surge o Henry e esclarece o mistério. Identificado o piloto, vamos a uma breve história do carro.

A ideia surgiu do próprio Paulo Gonçalves e do mecânico, engenheiro, inventor e criador de motores Giovanni Longa. A base do carro era uma carretera Ford, com a qual Paulo e seu irmão Fernando competiram em uma prova em Curitiba. O protótipo era equipado com motor Ford Interceptor canadense, 5000 cc e 260 HP e caixa de Jaguar de quatro marchas invertidas. Apesar de toda a cavalaria, o carro carecia de maior acerto para as curvas e a participação na prova não passou de uma volta, terminando em uma rodada em uma das curvas do Tarumã.

Se nas curvas as coisas se complicaram, nas retas, o carro era quase imbatível, e pelo que consta no livro, ele venceu inúmeras provas de Arrancada, nas mãos do próprio Paulo e também de outros pilotos.

Desvendado o mistério.

Agradeço ao Henry pela gentileza em me enviar um exemplar do livro. Falta pouco para terminá-lo e já estou ficando com um gostinho de quero mais.

Fonte das imagens: arquivo Henry Paulo Dias e jornal Zero Hora.

4 comentários:

Fernando J. Onofrio disse...

Meu caro Henry.

Lembro bem da nossa parceria nas 6 Horas, com o Paulinho Aidos como terceiro piloto naquela ocasião. O Aidos arrumou o meu fusca de passeio na Jarama,com o Luiz Fernando Costa, era um 1.500cc, carrinho de rua. Fiquei feliz em saber de você e ter a foto do 19 com o qual competimos. Não lembro do resultado.

Um grande abraço

Fernando Jacques Onofrio

Anônimo disse...

Muita boa a história do post!
Parabéns ao Henry e ao Sanco!!

Renato Pastro

SALOMA disse...

Sanco...me indique o caminho das pedras para adquirir o livro do cabra!!!

Leandro Sanco disse...

Saloma,
Entre em contato com o Henry através do henry.dias@fsg.br
Abraço,
Sanco