terça-feira, 29 de setembro de 2009

Polar-Passat

Ao ver uma das imagens do arquivo do "Chico" Feoli, encontrei um monoposto pintado de vermelho que não consegui identificar. Precisei da ajuda do próprio, que aproveitou para dar alguns detalhes.

Com a retirada do patrocínio da Volkswagen no início de 1981, as categorias Fórmula VW 1300, 1600 e Torneio Nacional Passat ficaram "a ver navios". Isso fez com que equipes, pilotos e preparadores se organizassem no sentido de dar continuidade aos campeonatos. A Fórmula VW 1300 acabaria trocando de motores e se tornando Fórmula Fiat. O Torneio Passat permaneceu com disputas regionais. Com a Fórmula VW 1600 não foi diferente. Apenas quatro dias após o anúncio oficial da montadora, as equipes da categoria se reuniram e bastou alguns minutos para uma antiga ideia ser colocada em discussão. Nascia assim a Fórmula 2, com a abertura para várias marcas de chassis e motores.

Para o dia 19 de Abril de 1981 em Brasília, na prova de abertura, eram esperadas muitas novidades e algumas realmente apareceram, como chassis Bino com motor Chrysler, Polar com motor Fiat, outro com motor Corcel entre outros. A ideia de Francisco Feoli e de seu preparador Jorge Martinewski era a de utilizar o mesmo chassi Polar mas com algumas alterações aerodinâmicas. Assim, contando com a ajuda do amigo Aloisio Mamed Adib, que era arquiteto, foi desenhada uma nova carenagem, começando com o esboço abaixo.


Vejam que inicialmente o motor VW a ar seria mantido, mas logo depois a ideia do motor Passat surgiu.

Vejam o produto final, já com o motor Passat instalado.


Muitos testes foram feitos em Tarumã e a imagem acima é provavelmente de um deles. O carro não ficou pronto para a prova de abertura e acabou fazendo sua estreia na segunda prova, no Rio de Janeiro.

Abaixo aparece o mesmo carro, já com outra pintura, aquela que seria utilizada por muitos anos no carro de "Chico".


Apesar do projeto inovador, na pista as coisas não andaram muito bem e pelo que consta, "Chico" pensou até em abandonar o automobilismo.

Foi aí que Pedro Muffato construiu o primeiro chassi Muffatão, cópia do Berta argentino, e adaptou um motor Passat. "Chico" ficou fascinado com o novo carro e foi o segundo a adquirir tal chassi. O resultado da troca não poderia ter sido melhor. Já na primeira prova, vitória no Rio de Janeiro, após enrosco na última volta dos líderes Alfredo Guaraná Menezes e Vital Machado. Graças a essa vitória, "Chico" ganhava novo gás e permanecia na categoria para a alegria de seus fãs.

Fonte das imagens: arquivo "Chico" Feoli.

5 comentários:

Rodrigo Mattar disse...

Sanco, dois detalhes: 1º) a segunda corrida do campeonato de 1981 foi em São Paulo e não no Rio de Janeiro. A corrida de Jacarepaguá, que o Vital Machado ganhou, foi a terceira. 2º) essa corrida final foi inacreditável. Feoli venceu e acabou desclassificado por um comissário chamado Manolo, que alegou irregularidades no motor Passat, com uma bomba d'água de Fiat adaptada pra funcionar melhor. O Pedro Muffato conseguira essa homologação com o Bruno Brunetti, que era o principal comissário técnico da época, mas o Manolo não conversou. Depois a desclassifcação foi revogada e o Dárcio dos Santos - que fora campeão devido à punição ao Feoli - perdeu o título pro Guaraná Menezes.
Abração!

Tohmé disse...

Caramba, que coisa linda aquele Polar.
Lembro também do Polar do Álvaro Buzaid, que tinha esse tipo de carenagem mais moderna, porém com motor a ar.

Continua com as fotos e as histórias por favor....

luiz borgmann disse...

Para a época do desenvolvimento do Polar-Passat 1600 creio que o bloco utilizado era o do antigo Passat TS, código BS (1588 cm3, 79,5x80), gasolina. Se alguèm souber, estes motores naquela época já giravam a quantas rpm e qual a potência alcançada e a que taxa? O retrabalho era livre na época (alívio ou retirada de material) ou os componentes internos já eram liberados importados, tais como pistões, bielas, virabrequim, comando, cabeçotes, carb, adm e etc até porque a motorização não era padronizada. Me parece que para não morrer frente aos custos, a F2 Brasil logo se juntou aos hermanos criando a F2 Sur. Em tempo, os motores Chrysler utilizados pelos hermanos eram os do Dodginho com 1600cm3 que apesar de projeto antigo, mostraram supremacia no periodo inicial da sulamericana. A propósito, esse carro do Feoli tão logo concluido (Polar-Passat) foi exibido em uma feira de Esteio (Expointer), e que fim levou esse carro?
luiz borgmann

luiz borgmann disse...

Aproveitando a abertura deste post com o assunto da Formula 2 BR, lembro que em uma etapa, de Guaporé, o Egon botou seu F-Ford adaptado a esta categoria, surpreendeu e apavorou a concorrencia. Não tenho certeza de que foi exatamente neste ano, mas me parece que foi a única participação. Será que já era com a participação dos hermanos? Tinha equipamento do Horst alí?
luiz borgmann

Rodrigo Mattar disse...

Guaporé 1982, foi a corrida em que o Egon correu com o seu Fórmula Ford. Ele andou bem até quebrar a manga de eixo - salvo engano.