A última coluna do ano do jornal Pit Stop, especial da edição das 12 Horas, me trouxe muita satisfação em escrever, pois recebi depoimentos de muitos dos pilotos que participaram da primeira 12 Horas que correu em Tarumã. Para quem não leu, publico aqui. Confiram.
A primeira 12 Horas de Tarumã
12 Horas é uma prova festiva. Aguardada pelo público e pelas equipes, é a celebração de encerramento de um ano inteiro dedicado à velocidade. Esta será a 31ª edição no autódromo localizado em Viamão. A prova deste ano marca também o aniversário de 40 anos da primeira disputa nos 3.016 metros, e é esse o tema dessa coluna especial.
Logo após a inauguração, no final de 1970, Tarumã passou a receber diversas provas regionais, nacionais e até internacionais, mas faltava validar o autódromo para receber provas noturnas. E foi no dia 26 de setembro de 1971 que 38 carros alinharam para aquela prova que marcaria o início de uma nova era do automobilismo gaúcho. Sem o risco para o público, que ainda guardava na memória as lembranças da tragédia de 1968, durante a última 12 Horas de Porto Alegre, cerca de 20.000 pessoas assistiram à corrida que ficou marcada pelo domínio de um Opala azul metálico.
O paulista Pedro Victor De Lamare vinha investindo tudo o que tinha no automobilismo e deixou seu Opala #84 um dos mais rápidos e bem preparados do Brasil. Para aquela prova formou um trio com Carlos Quartin de Moraes, professor em sua escola de pilotagem, e o gaúcho José Luiz de Marchi, o “Zaíco”. O domínio iniciado nos treinos, quando marcou a pole position, foi ampliado ao longo da prova. A maior ameaça, o Opala #22 do trio Pedro Carneiro Pereira, Ismael Chaves Barcellos e Juvenal Martini, já tinha várias voltas de desvantagem quando quebrou no início da manhã. Ao final, o #84 (vencedor na Geral e na Classe C) fechou as 12 Horas com 466 voltas, 12 a mais que o Opala #91 de João Roberto Schmidt e Júlio Tedesco. O VW #88 dos paulistas Jan Balder e Fausto Dabbur venceu na Classe C com 445 voltas. E na Classe B a vitória ficou com o FNM #31 de Arino Panato, Nelson Luiz Barro e Cezar “Bocão” Pegoraro com 417 voltas.
Reuni algumas imagens e depoimentos de alguns pilotos que participaram daquela prova. Confiram:
“Com muita regularidade e um perfeito trabalho de Box, comandado por Henrique Iwers e cronometragem própria, ininterrupta do Eberhart Herzfeldt, vencemos na categoria 1.600 cc”. Jan Balder e Fausto Dabbur, que correram com o VW #88.
“Participei de uma prova noturna, foi na primeira 12 Horas, mas certamente não devo ter tido uma classificação louvável. Meu mecânico era o Wilson Drago, o cara mais arrojado em mecânica daquela época. Hoje mora em São Paulo.” Ênio Sandler, que correu em dupla com Moacir Rosemberg no VW #71.
"Quando metia a quarta, na saída da 9, o carro empurrava a gente contra o banco. Infelizmente, aquele VW foi um campo de provas para o Dino nos motores 4 tempos. Quebrava muito. Nas 12 Horas de 1971, conseguimos quebrar duas admissões Webber, montadas sobre coxins para não quebrar, mas quebraram.” Fernando Onófrio (in memorian), que fez dupla com Dino Di Leone no VW #19.
“As 12 Horas de 1971 foi um momento interessante na minha carreira. Vinha de um mau ano na Fórmula Ford. Um desastre. A estrutura era insuficiente e 1971 foi um ano para esquecer, exceto pelo gentil convite do Rogério Monteiro para as 12 Horas em seu VW 11. Testando um inovador virabrequim roletado feito pelo “Zé” Guedes, conseguimos chegar e bem, em 4º na categoria e 6º no geral.” Fernando Esbroglio, que correu com Rogério Monteiro no VW #11.
“Nas 12 Horas de 1971 corri na agradável companhia do Enio Sandler e tivemos o privilegio de assistir a prova de dentro.” Moacir Rosemberg, que correu com Ênio Sandler no VW #71.
“Como havia eliminatórias para a classificação, algumas equipes chegaram a nos oferecer dinheiro para que abríssemos mão da nossa vaga no grid, mas queríamos correr e corremos. Vínhamos bem na prova, mas devido a uma estratégia que não deu certo, acabamos comprometendo nossa prova. A ideia era, em uma das paradas de Box, dar uma pequena adiantada no distribuidor. O mecânico encarregado de tal função acabou dando um empurrão no distribuidor e depois que voltou à pista o carro começou a falhar e acabou por furar um pistão. Fizemos parte da prova com apenas dois pistões. Ainda lembro que o Lauro Quadros, que transmitia a prova, criticou nossa equipe, dizendo que nosso carro era lento demais e que deveríamos abandonar a prova, mas não desistimos e chegamos ao final!” Ivan Hoerlle, que preparou o DKW #89, pilotado por Paulo Hoerlle e Carlos Alberto Petry.
“Como era as 1ª 12 Horas disputada no Tarumã, as equipes ainda não estavam bem adaptadas, pois a última havia sido há três anos e em via pública, no circuito da Cavalhada-Vila Nova, e nem havia viatura à altura aqui no Rio Grande para disputar mano a mano com o Opala de Pedro Victor De Lamare. A enfrentá-los foram à pista os Opalas dos gaúchos João "Schmitão" Schmidt que fez 2º na Categoria e na Geral, o de Pedro Carneiro Pereira, que sofreu problemas mecânicos, assim como Julio Tedesco. Notável a evolução dos tempos de volta em Tarumã: a melhor volta do vencedor na formação do grid de largada foi do Opala do Pedro Victor com 1min22s alto, tempo este que no ano seguinte, já era feito pelos VW 1600 com pneus e equipamentos importados, encurralando os Opalas para obterem 1'20". Outro ponto notável foi o desempenho de outro paulista, Jan Balder, com VW1600.” Roberto Giordani, que correu no DKW #88.
VW #11 de Rogério Monteiro e Fernando Esbroglio.
FNM #81 de Arino Panato, Nelson Luiz Barro e Cezar Pegoraro, seguido do VW #88 de Jan Balder e Fausto Dabbur.
Opala #84 de Pedro Victor De Lamare, Carlos Quartin de Moraes e José Luiz de Marchi.
Corcel #99 de Francisco Feoli, Edison Brum e Franklin Körting, seguido do VW #13 de Élcio Prolo e Antônio Carlos Miranda.
VW #19 de Fernando Onófrio e Dino Di Leone.
DKW #89 de Paulo Hoerlle e Carlos Alberto Petry.
VW #14 de Luiz Gustavo Tarragô de Oliveira e Antônio João Freire, seguido do VW #71 de Moacir Rosemberg e Ênio Sandler.
VW #62 de Rejany Franzen, Vilmar Azevedo e Emílio Boeckel, seguido do VW #41 de Antônio Carlos Monteiro e Fernando Moser e do Simca #51 de Carlos Alberto Kuenzer e Walter Schunck.
De todos os participantes desta 31ª Edição, um merece uma menção especial: Paulo Roberto Hoerlle, único que participou da prova há 40 anos, competindo com um DKW, ainda está na ativa, sendo inclusive um dos candidatos à vitória.
Boa sorte aos participantes e que todos assistam a um belo espetáculo.
Fonte das imagens: arquivo Rogério Monteiro, Francisco Feoli, Luiz Oliveira, Fernando Onófrio, Paulo Hoerlle, Roger Franzen e revista Quatro Rodas.
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4 comentários:
Buenas!
Ala Putcha, nem parece que faz tanto tempo. Fomos com o Citroen do meu colega André Knack de Sapiranga. Churranco, Whisky (Black Label) e cerveja. Nem vi a largada. Acordada cada vez que passava o DKW, que lá pela madrugada já tinha perdico o cano de descarga. E ao amanhecer o Opala do Pedro Vicor liderava tranquilo. Teve um Opala branco que perdeu o descarga e passava pelo Tala arrastando e largando faísca.
Abraço forte.
Pedrão-SMO
Muy buen blog, ya lo estoy siguiendo y coloqué entre mis favoritos en mi blog.
Abrazos!
http://juanhracingteam.blogspot.com/
estas fotos me trazem muitas saudades boas
Faz um tempo já q ñ assisto as 12 horas. Na minha opinião, e esta vale tb para o marcas e demais categorias é quanto a entrada o sefeti car. A cada saída de pista entra o sefeti e fica várias voltas, muitas voltas e os kras andando a um por hora. Quem vai assitir quer ver pegas e velocidade, ñ passeio de carro de corrida. C houver um acidente sério, para a corrida e é dada nova largada, como era antigamente. Acho q para tirar um carro de área de risco deve haver a bandeira amarela no local e os pilotos respeitar esta bandeira, diminuindo ritmo naquele ponto. Muita entrada do safeti, sob meu ponto de vista, ñ é legal e é um saco para quem assiste a corrida, seja 12 horas, marcas, stock etc. é o que penso.
Tazio Nuvolari
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