domingo, 12 de dezembro de 2010

12 Horas - Impressões

Desde ontem eu tentava formular uma ideia do que escreveria, porém sem muito sucesso. E me perguntava porquê. Frustração? Falta de emoção? Hmmm, na verdade não sei dizer, mas faltou alguma coisa.

Por maiores que tenham sido os esforços para tornar a prova atraente, foi difícil entender que estávamos acompanhando mais uma 12 Horas de Tarumã.

Fosse nas horas que antecediam a largada, na narração do nosso querido "Perna", na própria largada, na quantidade de carros, na quantidade de público, não parecia uma 12 Horas.

12 Horas sempre foi sinônimo de largada à noite, com muitos carros, reta cheia de gente, show de fogos, adrenalina a mil.

Ao longo da prova conversei com inúmeras pessoas e o comentário era sempre esse, de que aquela parecia uma prova de Endurance, que tem duração de 2 ou 4 horas. Quando caiu a noite, ficou parecendo uma prova do Torneio de Verão, na época em que os protótipos também corriam.

Bom, mas vamos ao que aconteceu.

Chegando no autódromo, fiquei muito feliz de ver publicada a minha primeira participação no jornal PIT STOP, convite feito pelo Coordenador Editorial Roberto Muccillo. Escrevi uma coluna sobre as 12 Horas e lembrei da prova de 1992, em Guaporé. Acho que ficou bacana. Valeu, Beto!

Um rápido reconhecimento do terreno, indicou a reta dos boxes como local apropriado para montar o acampamento. Meu pai, irmão, sobrinho e dois tios acompanhavam a aventura e o churrasco em família no Tarumã se repetiu após quase 20 anos.

Levei meu sobrinho para ver os carros de perto nos boxes, já que era a primeira vez que ele vinha para uma prova no Tarumã. O barulho e a correria assustou um pouco o piá e quando perguntado qual o carro que ele mais tinha gostado, respondeu o #99.

A prova homenageava um dos maiores pilotos gaúchos de todos os tempos: Aristides Bertuol, de Bento Gonçalves. A família Bertuol estava presente com o filho Paulo e os netos Felipe e Aristides Bertuol Neto, que aceleraram o MXR #4, tradicional número que estava também estampado na Carretera e na réplica do Opala pertencentes a Aristides, ambos presentes lá para uma justa homenagem.




Dentre os carros que mais chamavam a atenção nos boxes, destaco dois: o MCR #46 que para essa prova vinha equipado com rodas de aro 18 polegadas, que deixou o carro com cara de estrangeiro e a Lamborghini #8, a mesma utilizada no campeonato nacional de GT3.



Passando em frente ao box dos Hoerlle, encontro o Paulo e o Alexandre, os mesmos que foram assunto aqui no blog dias atrás, conversando sobre os últimos detalhes antes da largada. Ano sim, ano também, o Paulo nos presenteia com sua participação nas 12 Horas, nunca dando sinais de que vai pendurar o capacete. Já falei para ele: quando isso for acontecer que ele anuncie antes, pois certamente receberá uma merecida homenagem de todos os automobilistas.


A previsão do tempo mostrava chuva para praticamente toda a prova, mas felizmente não choveu. Além disso, o sol não apareceu, ficando nublado até o final da tarde, o que evitou que a temperatura subisse muito.

A Fórmula Classic fez suas provas de encerramento, mas acabei não acompanhando em detalhes. O nosso amigo "Niltão" Amaral certamente vai contar no seu blog tudo que rolou entre os clássicos.

Os preparativos para a largada iniciaram às 11:30 da manhã. No grid apenas 25 carros dos 40 que eram esperados. A pole position, definida na última quinta feira, ficou com o MRX #10 do quinteto Pierre Ventura, João Cardoso Jr, Cristiano Almeida, Felipe Toledo e Juliano Moro que havia marcado o tempo de 1min00s252, a incrível média de 180 km/h.

Poucos minutos antes do meio dia foi visível o esforço do "Velho Perna" para transmitir as emoções da largada, mesmo não sendo à noite, mesmo a reta não estando lotada, mesmo sem a presença dos fogos e da "serpente luminosa". Foi nessa hora que percebi como é importante e querida a participação dele nessa prova. O "Perna" faz a diferença e apesar de tudo conseguiu emocionar quem acompanhava aquela largada.

Dada a largada, o segundo no grid, formado ao estilo Le Mans, era o MC Tubarão #5 do trio Geciel de Andrade, Bruno Justo e Eduardo Ventre que ficou parado, sendo ultrapassado por todos os demais participantes.




O MRX #10 e a Lamborghini #8 dominaram as primeiras voltas, num ritmo alucinante. Era bonito de ouvir o ronco das baratas rasgando a reta.

Mesmo na largada essa era a visão que se tinha da arquibancada na reta dos boxes. Não havia nem metade do público que habitualmente comparece naquele local.


Vale destacar o trabalho do amigo e expert Paulo Schutz no comando da prova. Baita responsabilidade, que o veterano tirou de letra. Abaixo ele aparece com a bandeira amarela em punho, durante a entrada do Safety Car, que se repetiu por várias vezes na prova.




Dos 25 carros que largaram muitos tiveram problemas logo nas primeiras horas. O #46 do quinteto João Sant'Anna, Vitor Genz, Fernando Poeta, Christian Castro e Carlos Kray, mesmo largando das últimas posições - não participou do treino classificatório - era um forte candidato à vitória, mas acabou quebrando quando liderava.

As quebras foram uma constante e era nítido que muitas equipes estavam poupando os equipamentos para a noite, quando a temperatura seria menor. Mesmo assim, apenas 11 carros concluíram a prova.




Se as 12 Horas foi "morna" pela já citada falta de atrativos, isso em nada tira o brilho e o mérito de uma equipe que deu um show nessa prova. A MC Competições, tradicional equipe de Campo Bom, venceu nas duas categorias. Na Protótipo, o Tubarão levou após a quebra do #10 a cerca de 30 minutos do final. Na Turismo o Volvo C30 do trio "Carlinhos" de Andrade, Fernando Justo e Ricardo Landi, teve uma atuação perfeita, vencendo na classe e chegando em quarto no geral.

Vale também destacar que o #99 do Paulo e Alexandre Hoerlle, mais o Matheus Castro, por pouco não venceu, já que chegou na mesma volta do Tubarão. O final foi de arrepiar.




Bom, a experiência das 12 Horas com largada durante o dia foi feita. Acredito que os dirigentes e patrocinadores farão uma boa avaliação dos pontos positivos e negativos e tomarão a decisão certa em relação à próxima edição. Espero que volte a ser como era antes. O "Velho Perna" certamente vai agradecer. E vocês?

Antes de encerrar vai um registro da família reunida que ao longo do dia "encheu os tubos" de carne, especialmente preparada pelo Seu Zé. Da esquerda para a direita: César (sobrinho), Giovanni (mano), Gerson (tio), José (pai) e este que vos escreve. Faltou o "Paulista" (tio Noel) no retrato.


Ao longo da semana publicarei as fotos de todos os carros com a respectiva colocação ao final da prova. Aguardem.

Valeu, turma! Até a próxima 12 Horas de Tarumã!

Fonte das imagens: arquivo Leandro e Giovanni Sanco.

14 comentários:

Carlos Giacomello disse...

Leiam meu comentário na chamada para as 12 horas(abaixo). O Relato do Sanco só reforça o que eu disse.

Carlos Giacomello disse...

Acabei esquecendo de comentar. Muito legal a homenagem ao Bertuol. Acho que demorou muito para isto acontecer, mas finalmente lembraram dele. O automobilismo em Bento deve muito a ele. Já fomos em quantidade(de pilotos) bem maior, mas em função dele, sempre vai ter alguem de Bento Gonçalves acelerando pelas pistas do Rio Grande.

Roberto Giordani. disse...

Parabéns Sanco, pelas considerações e as prévias das narrativas que farás com fotos durante a semana.
Diversos Jurássicos estavam presentes desde as primeiras horas da manhã("véio" acorda cedo)acompanhando a prgramação. Depois da largada das 12 Horas fomos gentilmente recebidos pela Pepsi em seu HC(não significa Hospital Central devido a presença de Jurássicos)e ali tecemos idênticos comentários ao que fazes.
A prova é tradicional e deve continuar tendo sua largada a meia noite: como resolver a baixa quantidade de viaturas no grid, aí sim, é um caso sério e de medidas imediatas.
Agora é a minha vez de te dizer: eu estava fazendo uma apreciação da corrida, principalmente comentar tecnicamente as viaturas que alinharam, porém, tu estás com uma visão tão certa dos fatos que vou deixar para ti abordar todos aspectos da prova. Vai em frente "babysauro" e parabéns pela bela e unida família que tens.
Roberto Giordani.

Francis Henrique Trennepohl disse...

Infelizmente nunca pude assistir "ao vivo" as 12 Horas, então me calo sobre isso.
Muito legal a família Sanco reunida. Esse é o espírito do negócio.
Abração

Carlos Alberto Petry disse...

Por culpa de um acidente, Bento perdeu a oportunidade de ter orgulho de um filho seu que quando estreou, numa prova de estrada na serra do Rio das Antas, guiando um Alfa Romeu JK encantou a todos, bontando tempo na turma dos PC e POC. Falo de Jatir dal'Oglio, que chegou a ser chamado de Fangio de Bento por um jornalista que me foge da memória o nome, mas que escrevia uma coluna de automobilismo no Diário de Notícias. Mas quanto a homenágem ao Bertuol, nada mais justa, pelo que este piloto representou para o Rio Grande do Sul.

Carlos Giacomello disse...

Petry
O Dal Oglio é muito bem quisto aqui na minha terra. Todo o pessoal que tem o automobilismo como esporte favorito sabe das qualidades deste piloto. A unica diferença é que o Bertuol participou de provas em todos os cantos além de vencer uma Mil Milhas, enquanto o Dal Oglio ficou mais por aqui. Tenho comigo, desde 1983, o Aero Wllys 1967 que era do pai dele. Tem pouco mais de 100 mil km.

Zuio disse...

Sanco
Não desmerecendo o trabalho do amigo João Santana, 12 Horas tem que ter largada a meia noite - o charme da prova sempre foi este e não devemos mudar.
Espero que no próximo ano a largada seja como sempre foi
abraços
Zuio

paulo rotta disse...

oi sanco.
parabéns pela coluna no jornal pitstop. também lembro daquela largada das doze horas de guaporé e o show a parte do rogerio pretto, de chevette (vou mandar uma edição para ele).
quanto a corrida do final de semana, faltou o glamour da largada noturna das doze horas. não teve a mesma graça.
entendo que os "pilotos" não tem o direito de alterar uma corrida que somente é realizada para o público. eles (o público) é que mandam nas doze horas de tarumã. temos que agir com nostalgia. preservar o que é tradição. não temos o direito de estragar a programação de um ano inteiro (os "doentes" começam a organizar o acampamento das doze horas já no início do ano).
aproveito para agradecer a toda torcida de encantado, que compareceu no autódromo ainda na sexta à noite para torcer pelas equipes da terrinha (mcr 46 e aldee 56)
obrigado a todos

Anônimo disse...

Foi a única 12 horas que eu fui que a "galera" com 4 horas de prova já tava falando em ir embora...

Rafael Cornelius - encantado

Evandro Flesch disse...

Parabéns Sanco! Belíssimas fotos! Abs, Evandro.

Neusa disse...

Que felicidade de ver minha Família curtindo as doze horas de Tarumã,filhos,neto,mano e meu José, que um dia antes da mesma, mais parecia um guri arrumando as tralhas para a corrida.
Lembrei de muitas doze horas que acompanhei,ali na frente dos box...já com o churrasquinho pronto ficávamos na tela disputando espaço,para ver os faróis acenderem e começar a corrida.

Nessa não fui,mas doze horas tem que ter emoção,tem que ser a noite,o glamour está na noite,em nós tentar adivinhar o carro que está na frente...quem ficou para traz...quem rodou, a emoção do perna,o grito da galera...quem sabe 2011.

Parabéns filho pela coluna no Jornal Pitstop.

Grande beijo.

Niltão Amaral disse...

EM TEMPO!

Pô Sanco, tava caindo "de madura" uma coluna tua no Pit Stop.

Parabéns, e escreveu muito bem, como sempre.

Agora vou ter que melhorar o nível da minha coluninha, senão vou "levar voltas" de ti! hehehe!

Abraço,
Niltão Amaral.

Niltão Amaral disse...

E manda um abração pro teu pai, grande figura.

Giovanni Sanco disse...

2011 vem ai... já to na espera das 12h denovo.
Forte abraço mano!