sábado, 31 de maio de 2008

Os "dois tempos" também deixaram sua marca

Até poucos anos eu não sabia que os DKWs também tinham participado de provas no Tarumã. O DKW teve sua produção encerrada em Dezembro de 1967, logo após a Volkswagem do Brasil adquirir a VEMAG, então imaginava eu que os simpáticos carrinhos já estariam fora da ativa quando o primeiro autódromo gaúcho fora inaugurado. Ledo engano. Quando adquiri o livro 12 Horas da dupla Paulo Lava/Paulo Torino, vi imagens incríveis do DKW do Paulo Hoerlle e assim passei a conhecer mais um pouco da história do nosso automobilismo, dos idos dos anos 70.

Um dos pilotos que correu com um DKW naquele período foi Ricardo Albuquerque Trein, o personagem da semana e resposta para o Desafio da semana passada. Eu imaginava que dificilmente alguém acertaria a resposta, mas o blogueiro e expert Paulo Schutz não deu mole para ninguém e meteu uma bucha no ângulo. A imagem realmente era de Rivera no Uruguai, no ano de 1970, há quase 40 anos.

Na última semana bati um papo com o Ricardo e além de ver imagens incríveis - que serão publicadas na sequência - pude saber um pouco mais sobre a história dele nas corridas. Vou tentar contar um pouco dessa história a partir de agora.

Tudo começou quando em 1969 ele adquiriu um DKW de competição que pertencera a Rui Sommer (seria o mesmo Rui que criou o bar "Encouraçado Butikin" aqui em Porto Alegre?). A primeira prova disputada foi a "Encosta da Serra", no dia 16 de Novembro de 1969, etapa de encerramento do Campeonato Gaúcho de Automobilismo daquele ano. A prova era uma das mais importantes do calendário e era disputada entre as cidades de Taquara e São Francisco de Paula (ida e volta). Entre alguns dos tantos nomes que disputaram a prova encontrei o vencedor na geral Rafaele Rosito, Aristides Bertuol, José Madrid, José Luis Madrid, Aldo Costa, Francisco Feoli, Roberto Giordani, Voltaire Moog, Giliat Oliveira, Vadis Antônio Grando e Vingfried Volk. Naquele dia Ricardo não teve muita sorte e acabou capotando o DKW #123, caindo com as quatro rodas no asfalto, em posição normal. Os danos manterias acabaram por impedir que o piloto continuasse na competição. Abaixo uma imagem do carro após o abandono.

Após a estréia na "Escosta da Serra" o carro teve se ser imediatamente preparado para a próxima corrida que seria a inauguração do Autódromo de Guaporé, no dia 21 de Dezembro daquele mesmo ano. Ricardo participou na Classe A, para carros com até 1200 cc. A pista tinha o mesmo traçado que ainda mantém hoje, porém era de terra. Ele ainda lembra que na noite anterior à prova, foi colocado óleo queimado sobre a terra e os caminhões (provavelmente da prefeitura da cidade) ficaram circulando durante toda a noite para tentar compactar o piso. Na imagem a seguir, Ricardo está no DKW que vai à frente.

1970 trazia um calendário movimentado. Ricardo participou de provas do Campeonato Gaúcho, Brasileiro, além de provas no Uruguai. Era comum naquela época os pilotos gaúchos participaram de corridas no país vizinho. Foi assim até meados dos anos 80. Na primeira participação venceu com larga vantagem sobre os adversários, porém a direção de prova e a cronometragem não entenderam assim e ele acabou sendo declarado o segundo colocado. Até o vencedor disse que o resultado estava errado. Na bandeirada Ricardo realmente estava atrás do "pseudo-vencedor", mas sim para colocar a segunda volta de vantagem sobre o mesmo!!! Abaixo a imagem da largada daquela corrida.

A injustiça cometida contra o piloto não desmotivou o mesmo. Naquele mesmo ano novas vitórias viriam, como por exemplo nas "4 Horas de Velocidade", no Autódromo Paulo Pimentel (hoje Raul Boesel), em Curitiba. A prova foi promovida pelo Governo do Estado do Paraná e após o término, houve a entrega de prêmios no Palácio do Governador, feita pelo próprio Paulo Pimentel. Nas duas imagens abaixo aparecem o DKW #112 e depois a entrega do troféu de vencedor. Ricardo está à direita e de óculos aparece também o presidente da Federação Gaúcha de Automobilismo na época, Ibrahim Gonçalves.
No dia 8 de Novembro de 1970 lá estava Ricardo fazendo parte da história novamente na inauguração do Autódromo de Tarumã, alinhando seu DKW preparado pela Mecânica Carrion, agora com o número 12 que o acompanharia por alguns anos. Ricardo participou da prova Antônio Pegoraro, para carros de até 1300 cc e concluiu a mesma na 10ª posição. O vencedor da prova foi Décio Michel com um Corcel. Na sequência chegaram Eloi Heinz (Corcel), Maurício Rosemberg (Fusca), José Luis Madrid (Corcel), Edésio Cé (Corcel), Breno Job Freire (Fusca), Antônio "Janjão" Freire (Fusca), Francisco Feoli (DKW) e Mandel Casemiro (Fusca). Abaixo um registro daquele dia histórico.

Ricardo Trein competiria com o DKW até 1971 (correu inclusive uma prova na beira da praia de Imbé), quando decidiu por aposentar o carrinho e partir para novas aventuras. Amanhã tem mais histórias sobre a carreira do piloto aqui no Blog. Antes de ir, segue mais uma imagem, agora de 71, da abertura do Campeonato Gaúcho daquele ano, no dia 21 de Março. Logo atrás do DKW #12 aparece o VW #45 do Ronaldo Bitencourt, um Corcel não identificado e o DKW #88 do Roberto Giordani.

Amanhã tem mais.

Fonte das imagens: arquivo Ricardo Trein

2 comentários:

Anônimo disse...

parabéns
excelente resgate da carreira de francisco trein!
abraços

renato pastro

Anônimo disse...

E aí Sanco ! Tudo bem ? Muito Legal seu Blog , Parabèns . É a 1º vez que participo , embóra tô sempre dando uma sapeada .

O Corcel não identificado , pode ser que eu me engane , mas tenho quase certeza que é o José Luiz Canaparro , um grande amigo de Uruguaiana , já falecido . Corremos juntos muitas vêzes em Passo de los Libres , Rivera , Curusú Quatiá , Mercedes , Salto , Paissandú , Concórdia . A categoria chamava-se Turismo Internacional , sempre em autódromos próximo da fronteira .

Um forte abaço

Ricardo