segunda-feira, 13 de julho de 2009

Diabinho

O Ricardo Di Leone lembrou e o Fernando Onofrio confirmou. O Fusca #19, feito pelo Dino (pai do Ricardo) tinha até apelido. Era "Diabinho", pois era vermelho e tinha umas luzinhas no teto.

Fernando lembra que o carro era fantástico. Disse ele: "quando metia a quarta, na saída da 9, ele empurrava a gente contra o banco. Infelizmente, foi um campo de provas para o Dino nos motores a 4 tempos. Quebrava muito. Nas 12 Horas de 1971, conseguimos quebrar duas admissões Webber, montadas sobre coxins para não quebrar, mas quebraram. Numa prova de 500 Km em Tarumã, vazou óleo por um retentor e molhou o disco de embreagem, fizemos mais de 400 Km sem embreagem. Numa prova de Divisão 3 pelo Campeonato Brasileiro de 1972, abaixo de um toró, o Adão, cunhado do Dino, esqueceu de ligar os fios do limpador de para-brisas, ele era encarregado da parte elétrica, corri sem ver nada. Doutra feita com motor 1.300, numa prova do Gaúcho larguei muito bem cheguei no Laço em cima do Décio Michel e tinha certeza que na reta dos boxes eu o passaria. Fiz muito bem a 9 e quando acelerei, o cano da bomba de gasolina saiu do lugar e fiquei sem nafta... E assim as coisa foram acontecendo uma após a outra. Por incrível que possa parecer, em uma corrida de universitários, vencida pelo Ênio Sandler com o 43 do Leonel, em lugar de botarem o motor 1.600 colocaram um 1.300 e chegaram atrasados no autódromo. Larguei em último e fiz o terceiro lugar, na época muito elogiado pelo Elton Jeager na Zero Hora. Tenho certeza que, se não tivéssemos tidos os problemas secundários, teríamos vencido alguma corridas com o 19 que comprei do Vova Soares. O Vilmar Azevedo, na época vizinho de oficina, era fã do 19. Um dia contamos para ele que um dos segredos estava no peso do carro, aliviado ao máximo. Ele pesava menos que o carro do Rejany Franzen, uns 50 Kg. Não se podia empurrar os para-lamas, capôs e portas porque amassavam."

Abaixo o "Diabinho" em ação durante a temporada de 1972.


Fernando correu as três primeiras 12 Horas de Tarumã. A primeira, conforme já dito, com Dino Di Leone. A segunda (1972) com o careca Paulo Nienaber no Corcel #31 e a última (1973) também com Corcel, mas dessa vez com "Chico Feoli" e Jorge Martinewski no #2. Abaixo dois registros dessas provas.


A partir de 1973 Fernando passou para a Fórmula Ford, onde foi companheiro de equipe de "Chico Feoli" na equipe A cambial - Telefunken. Abaixo dois momentos da prova de Tarumã daquele ano. Na segunda ele aparece em um pega com Alex Dias Ribeiro na curva do Laço.



A última temporada de Fernando na Fórmula Ford e no automobilismo foi em 1975, quando disputou o campeonato com o carro que comprou do Clóvis de Moraes, que preparou o carro para ele naquela temporada. Abaixo uma excelente imagem dos dois carros da equipe, provavelmente em Goiânia, cidade onde reside atualmente.


O piloto lembra com entusiasmo e muita saudade seu tempo no automobilismo. Diz que foi muito feliz enquanto correu e que mesmo após mais de 30 anos ainda tem bem vivos na memória detalhes da pilotagem e das provas. Ele completa lembrando de um momento inesquecível: "nas 12 Horas, subir a reta dos boxes, com o sol nascendo de frente, ofuscando a visão e o motor crescendo, uma tiradinha de pé perdendo uns 200 giros e vamos de novo."

Sensacional.

Muito obrigado por dividires com os amantes da velocidade estes teus registros, Fernando. Estejas à vontade para mandar tuas histórias sempre que quiseres.

Fonte das imagens: arquivo Fernando Onofrio.

Nenhum comentário: