Hoje é dia de GP Brasil. Todas as atenções dos fãs do automobilismo estão voltadas para Interlagos.
A única vez em que assistí ao vivo uma prova de F1, foi justo no ano em que o Ayrton Senna venceu pela primeira vez no Brasil, em 1991.
A aventura começou quando meu tio "Paulista" chegou lá em casa e fez o convite. Iríamos nós dois e mais dois amigos. Como? Num Fusca 1968 com motor 1600cc todo "mexido". A "barata" era muito bonita, muito bem cuidada pelo tio. Depois de respondido o como, me empolguei mais ainda, pois curtia muito andar naquele Fusca.
Bom, fizemos todo o plano para a viagem. A idéia era começar assistindo o treino de sexta, já que tínhamos ingressos para os três dias. O setor que ficaríamos seria o "G", no final da reta oposta. Saímos de Gravataí, onde ele morava, à meia noite de quinta para sexta. Eu, Paulista, Zé e o Cabeça (nunca vou lembrar o nome dele), num Fusca 68 indo para ver a F1!
Aquela foi a primeira vez que passei pela Estrada do Mar. Não me lembro em que ano foi inaugurada, mas devia ser por aí. A viagem foi muito tranquila. Chegamos em São Paulo após 14 h na estrada. Todos sabem que o trânsito da capital paulista é uma loucura e não demorou muito acertamos a traseira de um XR3... Putz, acho que o cara tinha engate de reboque. Sei que os danos maiores foram no pobre Fusca. O capô amassou bastante, mas logo fomos em uma oficina de um amigo do tio (ele morou lá durante anos) e aquela marreta universal, resolveu o problema. Claro que a pintura foi pro saco, mas isso já era detalhe. Resumo: perdemos o treino de sexta. Quando chegamos no acesso ao autódromo, os carros ainda corriam e era possível escutar o som dos motores na pista. Era demais, mas o sonho de ver ao vivo ficava transferido para o Sábado. O treino de Sábado foi muito legal e me lembro da hora em que o Senna fez a pole. O povo todo comemorou.
Passamos o final de semana dividindo o tempo entre a casa de um tio (que também iría conosco à corrida) e de uma tia, ambos também moraram durante muito tempo por lá.
Bateu 23:00 de Sábado e nos dirigímos ao autódromo. Não, não iríamos acampar dentro dele. Iríamos "apenas" para a fila. Esta era gigantesca. Havia gente de tudo que era lugar do Brasil. Não sei se aquilo era a "Era Senna" ou se isso ocorre todo o ano. Acho que devem ter filas gigantescas sempre. Sinceramente eu não consigo me lembrar se dormí ou não. Talvez de pé...
Os portões abriram às 6:00 e a partir daí o povo começou a se mexer. Demorou um tempão até conseguirmos entrar. Escolhemos um lugar a meia altura na arquibancada e lá estávamos nós. Teve o warm-up, depois uma corrida de bicicletas (sério, com Caloi 10, devia ter umas 100 delas) e o resto é história. O Senna venceu no Brasil pela primeira vez depois de todo aquele sofrimento no final. As arquibancadas tremiam todo mundo se abraçava, foi muito legal. Após a bandeirada o carro do Senna acabou parando no final da reta oposta, bem em frente onde estávamos. Naquele ano não teve invasão de pista, só em 93. Logo que ele parou chegou um Monza Classic que era do apoio e...fomos embora. Putz, o povo já começava a se empurrar para sair e fui levado escada a baixo.
Foi um momento inesquecível.
A viagem de volta foi um pouco mais "apertada", mas igualmente muito legal. Um outro amigo, o Ernani, que fora de avião, voltou no Fusca 68. O cara tinha quase 2 m de altura e obviamente foi no banco da frente. Éramos cinco, então. Eu voltei no meio, com um pé sobre o freio-de-mão e o outro debaixo do banco do motorista. Tirando um pequeno problema com os fusíveis que insistíam em queimar, deixando a visibilidade "zero" durante a noite(as vezes no meio de uma curva...), o resto foi tranquilo.
Ainda me lembro da gente cantando Ole, ole , ole ole, Senna, Senna...