Como disse, ao publicar na semana passada a imagem do Corcel I amarelo, fazia muito tempo que estava querendo homenagear aquele piloto. Não foi muito difícil de descobrir que o piloto era o João Carlos de Andrade, o "Carlinhos", figura simpática e batalhadora que neste ano completa nada mais nada menos do que 29 anos de automobilismo.
Durante uma rápida pesquisa, encontrei no livro "12 Horas", dos amigos Paulo Torino e Paulo Lava, uma bela entrevista com o piloto da MC Competições que reproduzo abaixo. O título do texto era "Construindo Sonhos".
"A paixão de Carlinhos de Andrade pelo automobilismo nasceu quando ele ainda era criança. Revirando algumas fotos de seu pai, de quem herdou o nome e a profissão de mecânico, viu um carro de corrida: era a carretera de Oscar Bay, de Caxias do Sul. O pai de Carlinhos integrava a equipe que trabalhava na preparação deste carro, o que colaborou para aumentar ainda mais essa paixão.
Sonhador, o preparador e piloto nascido em Campo Bom (RS) queria ter uma equipe de competição e fazer tudo com perfeição. Após a morte do pai, Carlinhos casou-se. A família tornou-se a base de seu sonho. Uma equipe dentro e fora das pistas que coloca o esporte em primeiro lugar. O piloto sempre acreditou que o esporte traz disciplina, motivação, caráter e educação.
Em 1979, sem ter dinheiro, mas motivado por amigos, Carlinhos comprou um Corcel I, ano 1969, fabricado pela Equipe Bino de São Paulo. Com este carro entrou na categoria Estreantes. Passada a primeira fase no automobilismo, participou até 1981 das provas do Turismo Especial Gaúcho (TEG). Foi onde conheceu outros pilotos, e juntos, deram início à categoria Chevette em 1982. No ano seguinte, foi dada a largada do melhor campeonato que Carlinhos diz ter corrido, o Campeonato Regional de Marcas, do qual participou até 1990. O evento seria denominado, dois anos depois, de Campeonato Regional de Turismo, tendo como idealizadores os pilotos Antônio Gilberto e Victor Steyer, além do publicitário Luiz Carlos Becker.
A partir de 1991, Carlinhos passou a integrar o grupo de pilotos do Campeonato Gaúcho de Opalas, onde ficou até 1994.
Em 1995, a equipe recebe um novo desafio. Procurada por um grupo de engenheiros ligados a Petrobrás, os colaboradores do piloto de Campo Bom são convidados a participar de um projeto de parceria tecnológica para desenvolvimento de gasolina Top de linha. Para isto, teria que participar de um campeonato onde o combustível fosse livre. Começa então, a era Tubarão. Um protótipo que, além de atender às necessidades impostas pelo projeto, caiu no gosto dos apreciadores do automobilismo. O Tubarão I foi o primeiro protótipo com injeção eletrônica programável do Brasil, derivado de um Opala. Depois vieram as evoluções, todas com chassis tubulares nos projetos II, III, IV, V e VI; com uma proposta de motor na frente e tração traseira. Somente o Tubarão VII viria a apresentar uma concepção diferente com toda a mecânica na traseira e motor turbo.
Para a alegria da equipe, hoje os carros encontram-se expostos no Museu do Automobilismo Brasileiro, de Passo Fundo (RS). A marca Tubarão está eternizada graças à sensibilidade de Paulo Trevisan, "proprietário do museu", que é um apaixonado por automobilismo como Carlinhos, que não se cansa de afirmar:
"O automobilismo só me trouxe alegrias. Através dele conquistei amigos e aprendizado. Sou uma pessoa feliz por ter uma equipe que sempre sonhei. Amo todas as pessoas que me rodeiam, porque elas me incentivam."
Muito apropriado para essa homenagem.
Carlinhos correu de 1979 a 1981 com o Corcel I, que fora do Ervino Einsfeld. Depois, junto com com os pilotos Luiz Carlos Kuenzer ("Chico Bala"), João Batista Sant"Anna, Ronaldo Nique e André Kliper, criou a Copa Chevette. Com esse modelo correu até 1990. No ano seguinte migrou para a categoria Opala, onde obteve seu primeiro título de Campeão em 1993. Também com um Corsa participou dos campeonatos de 1994 e 95. Em 96 iniciaria a era do Tubarão e junto com ela uma série de títulos nos campeoantos de Endurance.
Conforme manda a tradição aqui no Blog, fiquem agora com uma sequência de imagens que ajudam a contar mais um pouco da carreira desse grande piloto.
Na sequência: Carlinhos de Andrade e Ruben Di Palma, um dos maiores pilotos que a Argentina já teve, durante uma etapa da Fórmula 2 em Tarumã, 1982. Depois uma sequência dos Chevettes (1984 a 1990) com os quais o piloto correu ao longo de suas participações na Copa Itali, no Regional de Turismo e no Gaúcho de Marcas. Infelizmente não consegui nenhuma imagem dos Chevettes da Copa Chevette. Durante esse período, Carlinhos fez dupla com os pilotos Francisco Feoli, Roque Bruxel, Victor Steyer, João Alfredo Ferreira e Vitor Hugo Ribeiro de Castro.
Amanhã mais informações e imagens da carreira do Carlinhos de Andrade.
Fonte das imagens: arquivo Paulo Trevisan, arquivo pessoal e Jornal Esporte Motor.
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