sábado, 2 de janeiro de 2010

O Batismo do Tarumã

O primeiro post do ano tinha de ser especial, para começarmos com o pé direito. Ao menos era isso que eu imaginava. Mas o que publicaria? Quem seria o personagem? E as histórias, as imagens? Eu teria de ir atrás de alguém, de alguma coisa, mas não tinha a mínima ideia e muito menos tempo para planejar isso. Eu sempre me surpreendo com o modo com o qual as coisas acontecem por aqui. Quando menos se espera, eis que toca o telefone e um grande personagem, com o qual eu estava tentando um contato há um tempão, me convida para uma visita. Juntou a fome com a vontade de comer.

Foi com muita alegria que, há duas semanas, fui visitar o piloto que era a resposta para o último Desafio da Semana, aquele que acelerava o Fusca #44 em uma prova de km de arrancada no litoral gaúcho. O nome dele: Arnaldo Fossá.

De início, Fossá deixou claro a ideia dele em colaborar com o blog há muito tempo, há mais de um ano, garante. Mostrou conhecimento sobre o que é publicado aqui, frequentando o espaço sempre que possível.

O envolvimento de Fossá com o automobilismo já ultrapassa os 40 anos. Além de piloto - ainda em atividade - foi construtor, preparador, organizador e comentarista. Desta última função ele lembra do tempo em que as provas de Fórmula 1 eram transmitidas pela Rádio Gaúcha, participando ao lado de Ênio Mello e de Celestino Valenzuela, aquele famoso narrador do bordão "que lance!".

A imagem de Fossá sempre esteve muito associada aos Fuscas, mas ele me contou que sua ideia no início da carreira, nos anos 60, era a de competir com uma carretera Ford 40. O carro chegou a ser preparado, mas naquela época as carreteras já estavam sendo substituídas por carros de produção como o DKW, Simca, VW, etc. Assim as primeiras provas do piloto, na Estrada da Produção e Encosta da Serra foram feitas a bordo de um Simca. Abaixo vemos Arnaldo (direita) e seu irmão Jaime, com a Barata 40 que seria utilizada em competições.


Olhando os arquivos do piloto ainda encontramos um registro deste ao lado de um Fórmula Vê, aquele que pertencera a seu primo, sim, primo Raffaele Rosito que disputou o Campeonato Brasileiro da categoria em 1967. Fossá bem que tentou, mas disse que não conseguiu se adaptar aos monopostos.


Sem eu saber, Fossá apareceu aqui há poucos dias, quando falávamos sobre o Luiz Gustavo "Sapinho". Na prova inaugural de Guaporé, em 1969, aparecia um Fusca #150 largando da terceira posição e assumindo a ponta logo na largada, lembram? Era ele. O impressionante é que ninguém lembra qual foi o resultado daquela prova. Abaixo alguns momentos daquela prova.




Outro registro muito interessante, e até então inédito para este que vos escreve, foi um tal "Batismo do Tarumã" ocorrido no dia 26 de Setembro de 1970, pouco mais de um mês antes da inauguração oficial. Vejam aí o piloto dando suas primeiras voltas sobre o asfalto fresquinho. Notem que o nome do patrocinador ainda não tinha sido pintado no guard rail, provavelmente este sendo na Curva do Laço.


Com aquele mesmo carro, Fossá competiu nas provas inaugurais do Tarumã, tanto na Classe B, reservada aos motores de até 1600 cc quanto na prova principal que reunia os carros das Divisões 4, 5 e 6. Abaixo vemos dois registros daquele dia. Um treino, no qual ainda utilizava placa e os para choques e depois durante a prova.



A partir daí e até os dias de hoje é impossível um automobilista que não conheça o nome Fossá e sua relação com o modelo da Volkswagem. Nos próximos dias, assim que tudo voltar ao normal, publicarei aqui vários registros da passagem de Fossá pelas pistas. Vamos falar das provas em Tarumã, Guaporé, no Uruguai, da Divisão 3, da TEG e da Hot Car. Vem muita coisa boa por aí. Aguardem!

Começamos bem o ano!

Fonte das imagens: arquivo Luiz Gustavo Tarragô de Oliveira e Arnaldo Fossá.

2 comentários:

Niltão Amaral disse...

Muito legal! É uma honra estar dividindo as pistas atualmente com esta lenda, na Fórmula Classic!

luiz borgmann disse...

Alô Arnaldo, gostaria de saber se você vai colocar alguma foto da oficina Monzacar quando esta era localizada frente ao estádio Olimpico. Na semana que antecedia alguma corrida válida pelo Brasileiro, aquela oficina ficava recheada de carros de corrida, em especial Fuscas e Pumas, muitos de São Paulo, como o Zé Pedro Chatô.
luiz borgmann