quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Tudo o que é bom dura pouco

Demorei para finalizar meu relato sobre o Blog Speed Day. Os blogs parceiros já estão a mil em outros temas, mas mesmo assim, para fins de registro, queria encerrar meus escritos sobre aquele final de semana.

Acordei no Domingo em Passo Fundo anestesiado pelas emoções de Guaporé. No café da manhã no hotel todos pareciam crianças no primeiro dia de férias. Cada um com uma marca daquele dia fantástico. O Vicente apareceu com os braços queimados do sol, dizendo que estava fantasiado de Jornal dos Esportes. Claro que eu não entendi nada, mas ele explicou que no Rio havia o tal jornal que tinha uma parte rosa, a capa e contracapa, e outra branca, assim como ele, um sarro. Foi ali que descobri que o Regi Nat Rock havia sido "mordido" pelo Kaimann, no sábado, quando ele estava empurrando a barata nos boxes. Ele mostrava orgulhoso a "mordida" no calcanhar. O Jan Balder era só alegria por ter pilotado novamente aquele carro que foi seu há 35 anos. E assim eram todos ali presentes. Cada um com uma lembrança, uma história daquele sábado mágico.

Check-out no hotel, não sem antes aproveitar o papo para pegar o autógrafo do Jan e mostrar a ele a foto que naquele exato momento estava indo ao ar como o Desafio daquela semana aqui do blog, aquela foto em que ele está em Tarumã, de capacete, ao lado do Fusca. Ele contou detalhes de sua participação, do carro, quanta coisa legal.

A programação daquele último dia incluia duas visitas que em muito me surpreenderam. O Paulo Trevisan passou no hotel por volta das 08:45 e seguimos uns 10 minutos de carro até chegar na garagem da Família Azambuja. Olhando de fora eu não tinha noção do que veria. Fomos recebidos pelo Sr. Wilson e depois pelo Roberson Azambuja e ao entrar pela porta, um sem número de carros apareceram na nossa frente, de várias décadas, de várias marcas e com muita história em cada um deles.


Carros que eu nunca tinha visto, como VW SP1, Uirapuru, Democrata, Simca Jangada entre tantos outros, todos alí, brilhando, prontos para uma volta. Bem que gostaríamos, mas seria pouco provável. Uma coleção incrível e o mais incrível é que eu não sabia da sua existência, alí, tão perto. Uma rápida olhada na oficina e num outro depósito, onde estão mais outros inúmeros carros prontos para serem restaurados. Já falta espaço para tantos carros. Era engraçado quando eu fazia uma pergunta, sobre algum exemplar. Rapidamente já havia uns três ou quatro blogueiros ajudando. Fiz uma sobre as diferenças entre o SP1 e o SP2 e o Ceregatti, o Eric e o Belair deram as respostas na hora. Mais rápido que o Google. Essa turma sabe muito. Era uma seleção de craques. Observamos que haviam vários exemplares do Simca Jangada. O Roberson explicou que no início dos anos 60, quando houve o grande "boom" do trigo na região, ter uma Simca Jangada era sinônimo de status, pois era um dos carros mais caros daquela época. Quantas histórias.






O tempo foi pouco para apreciar tudo. Alí precisavamos de um dia inteiro, no mínimo, mas o Blog Speed Day já estava por terminar e ainda havia mais uma última parada antes da despedida de Passo Fundo: um churrasco na Fazenda dos Graeff, onde repousam verdadeiras raridades. A turma dos Graeff é conhecida por sua coleção de Opalas, mas vários outros modelos Ford e Chevrolet fazem parte do acervo dessa incrível família. Quando da chegada do Sr. Oscar Graeff, o mesmo foi praticamente cercado para que fosse possível ouvir suas histórias e explicações. Demais.




O churrasco de ovelha estava perfeito. A churrasqueira, pilotada com muita habilidade pelo Piti e o Luis Fernando Graeff, estava em sua capacidade máxima. O acompanhamento era cuca, que o pessoal do sudeste chamava de panetone. Daí, no meio daquela festa toda, um pirralho começa a me puxar e dizer alguma coisa. Era o João, filho do Francis com apenas 2 anos e 4 meses. Ele dizia: gol, gol, um gol e apontava para a rua. Eu pensei: esse piá deve estar querendo uma bola, algo assim. Daí, surpreso, ou melhor, completamente abobado, entendi que ele estava me mostrando um VW GOL!!!!!!! PARA TUDO!!! Oh, Francis, olha o que o teu piá está dizendo! O papai, todo orgulhoso me disse apenas: tu não viste nada. Pergunta para ele qual o carro que ele mais gosta. E aí, guri, qual o carro que tu mais gosta: OPALA, respondeu o fedelho. E o Francis: agora diz para ele qual o que a mamãe mais gosta: MAVERICK. Virei fã do guri na hora.


Assim eu percebia a dimensão dessa paixão em comum entre todos que ali estavam. Do Sr. Oscar ao pequeno João. Pessoas de diferentes idades, locais, sotaques, costumes. Pessoas que nunca haviam se visto antes, mas cultivam o gosto pelos automóveis, pelas corridas, pela velocidade, o cheiro da gasolina.

O Blog Speed Day, no fim das contas foi isso. Emoção, conhecimento, adrenalina, velocidade, história, amizade, alegria, abnegação, felicidade.


Sou um privilegiado por ter feito parte desse grupo, por ter sentado e acelerado nas baratas e por conhecer um monte de gente especial. Valeu, Saloma, Jan e Teresa, Vicente e Denise, Eric, Regi (cuidado com os Kaimanns soltos por aí), Vitão, Rodrigo, Francis e família da Poeira (Gol, Gol, Gol!!!), Cerega, Guilherme, Anselmo, Aun, João Cesar, Lucca, Seabra, Joca (parabéns pelos 200k!), Zullino, Belair (feliz aniver atrasado!), ao Sr. Wilson e ao Roberson Azambuja, à Família Graeff, Oscar, Piti, Luis Fernando, Dudu (esqueci o nome das senhoras Graeff), ao Larri, o Mosquetta, o Erlon, o Leonardo, ao Arlindo e Luciano Marx e ao Mestre Marcos, meca das baratas e ao demais mecas do Museu.

Mais alguém? Sim, um agradecimento maior ao incrível Paulo Trevisan, um apaixonado que não mediu esforços para receber a turma no Museu, deixar todos à vontade e ainda por cima não teve medo de emprestar seus "brinquedos" para um grupo de malucos. O Paulo foi um dos maiores incentivadores desse espaço no início, lá em Julho de 2007 e tenho a sorte de tê-lo como um amigo. Ele tem todo o meu respeito e admiração.

Nunca mais esquecerei dele falando no box em Guaporé, enquanto eu ainda me adaptava ao JQ Reynard: vai, Sanco! Vai, vai, vai...


Tudo o que é bom dura pouco? Pode ser, mas na mente daqueles que passaram por essa experiência, isso jamais vai acabar. Ainda me vejo acelerando as baratas e o sorriso no rosto de todos por terem feito o mesmo.

Valeu!

Fonte das imagens: arquivo pessoal e Leonardo Panisson.

11 comentários:

LARRI disse...

São recordações que ficam para toda a vida, desde o fim de semana FANTÁSTICO, podendo usufruir de verdadeiros sonhos até a troca de informações com pessoas de alto conhecimento técnico e também as visitas tanto a coleção dos Azambuja, quanto da coleção da Família Graeff. Este 'tour' preparado pelo Trevisan é sensacional, se já não bastasse o seu MUSEU. Por enquanto ficam as recordações dos velhos amigos que reencontrei, bem como o prazer de conhecer outros, como o COMMENDATORE.

paulo rotta disse...

valeu sanco.
parabéns.
a emoção da tua narrativa nos coloca junto com vocês em todo o final de semana do encontro.
parabéns ao paulo trevisan e a todos que tão grandiosamente resgatam a história do automobilismo brasileiro.
por estas pessoas, sinto imenso orgulho de ser gaucho.

Eugênio disse...

Amigo Sanco,considere-se nosso convidado especial no 6ºENCONTRO NACIONAL DE VEÍCULOS ANTIGOS DE TEUTÔNIA nos dias 19, 20 e 21 de março, paralelamente acontecerá a
2ªSubida de montanha "Prova Bird Clemente" e lá estarão todos os seus amigos de P. Fundo, Paulo Trevisan, irmãos Azambuja Robersone Rogério, a Família Greef nunca falta, com certeza lá estarão este ano também, pretendemos juntar nada menos do que 700 veículos antigos (no último tivemos 570).
É um encontro muito festivo, boa culinária etc. Tudo num local muito lindo para encontar os amigos.
Forte abraço
Eugênio tramontini
coordenador geral

Anônimo disse...

MUITO LEGAL O SEU COMENTARIO.
SAUDADES MESMO DE TUDO QUE O PAULO TREVISAN E A HOSPITALERA FAMILIA GRAEFF E OS IRMÃOS AZAMBUJA NOS PROPORCIONARAM.

FORAM 3 RECHEADOS DIAS.
ABRAÇOS A TURMA TODA
JAN

Francis Henrique Trennepohl disse...

Que texto "DUCA", meu amigo! Show de roda mesmo!
O 'pentelho' supra-citado no texto ainda pergunta diariamente (e várias vezes por dia) do "tiu Leându", do "tiu Paulo" e o do "tiu Ceiéga".
Essa semana encontrei um amigo que não via desde o final do ano passado e ele estava 'anestesiado' com o textos, fotos e vídeos que ele viu, e me fez um zilão de perguntas.
Depois fiquei pensando: PQP, já faz 3 semanas e parece que foi ontem.
É isso aí, a memória se nega a 'jogar no passado' o que vivemos.
Abração e mais uma vez parabéns pelo texto!
E ao Paulo, aos Azambuja e aos Graeff nosso eterno agradecimento pela oportunidade e pela hospitalidade com que nos trataram.

Rafael disse...

Cara, li todo o relato do Francis, tudo o que tu escreveste sobre este fim de semana, e só posso dizer uma coisa. Parabéns, se vocês estiveram lá, se ganharam esta chance, mereceram, tanto teu blog quanto o do Francis, merecem sempre alguns minutos do meu dia, mesmo que eu esteja apurado, sem tempo. São minutos que deixam o dia melhor, sempre bom ver o que ambos escrevem, e sobre o fim de semana então, fantástico. O museu do Paulo é um lugar que pretendo ir, era para eu ter ido ano passado, mas deu uma zebra na última hora, e acabei não indo, mas que nada, oportunidades não faltarão, eu espero, hehe.
Abraço Sanco. Deixo tbm meu abraço pro Francis e agradecimento ao Paulo, que proporcionou tudo isso ai.

jcesar disse...

Sanco, já to com saudade do Blog speed Day e com gostinho de quero mais... Eugênio, reserva um lugarzinho 'na sombra' para o meu Fusca 72, motor 2000 kit puma com teto sunroof... Esse ano vou matar a pau...

Francis Henrique Trennepohl disse...

Valeu Rafael, obrigado pelo prestígio e pelas palavras.
Tenha certeza que uma visita ao MUSEU DO AUTOMOBILISMO BRASILEIRO é uma das melhores coisas que alguém que gosta de carros e corridas pode fazer na vida.
Abraço

granito disse...

Sanco, pelo jeito foi divertido mesmo, pra mim, só essa barata de f ford do barrica já seria suficiente. Vcs deveriam convidar o propio Barrica ano que vem, pois ouvi falar que ele queria muito comprar a máquina, já que o dono não vende deixa pelo menos ele andar e matar saudade...

Claudio Ceregatti disse...

Belo final, Sanco.
Embora creia ser esse final apenas o início de um próximo.
As emoções que vivemos, os amigos que conhecemos (obrigado, Larri... E teu guri?), as experiencias que tivemos, as alegrias que participamos ainda reverberam na mente de todos que tiveram o privilégio de lá estar.
Sorte, sorte a tua de ser perto.
Quando deito e me recordo, rio sozinho. Tudo foi tão pleno que nem parece ser verdade, quando contamos poucos absorvem a grandeza que foi.
Prazer imenso conhecer voce, Sanco.
Essa comunidade só faz expandir a paixão que temos todos.

regi nat rock disse...

Pois é. Foi ontem n não foi? essa é a sensação que tenho 3 semanas depois. E ainda rio sozinho quando, por qualquer razão me lembro.

Sonho que ficou real para poucos. Que privilégio tivemos!

Abração. Também foi muito bom conhecer a esquadra do sul.

Quanto aos Kaimans, não se preocupe que estou ligado. Se aparecer um, vira cinto ou sapato.