sábado, 6 de fevereiro de 2010

A virada da Fiat

O último Desafio tinha o objetivo de confundir mesmo, afinal qual a razão de publicar a imagem de um carro de uma equipe de Minas Gerais competindo em Brasília? Como bem disse o Mestre Schutz, era o nosso "Bocão" e o outro Mestre, o Caranguejo, completou a informação, identificando o outro piloto do Uno #11 que era o Edson Yoshikuma. O Caranguejo mandou inclusive um registro da Auto Esporte mostrando a dupla. Vamos combinar, as coisas na equipe não deviam estar lá muito bem, pois olhem a imagem abaixo. Qual dos dois parecia o mais animado?


Bom, aquela imagem era mesmo de Brasília da prova disputada no dia 28 de Julho de 1985, válida pela terceira etapa do Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos. Aquele foi o ano de estreia do Uno nas pistas do Brasil. A VW com o Gol e a Ford com o Escort dominaram quase todo o campeonato e era nítido o fraco desempenho do Uno, mesmo tendo equipes de fábrica participando. O vencedor daquela prova foi o Gol de Armando Balbi e "Toni" Rocha, fechando os 500 km em 3h50min com média de 130 km/h. O melhor Uno classificado foi o do gaúcho Renato Conill que naquela prova teve o mineiro Vinícius Pimentel como parceiro. "Bocão" e Yoshikuma fecharam na 12ª posição a duas voltas do vencedor.

Abaixo "Bocão" acelera o mesmo carro na prova do Rio de Janeiro.


"Bocão" permaneceu na equipe Localiza durante boa parte do campeonato de 1985 até que surgiu a oportunidade de fazer dupla com Renato Conill no Uno #48. Conill já havia corrido aquela temporada com vários pilotos, entre eles Cláudio Mueller, Victor Steyer, Vinícius Pimentel e Pedro Grendene.

Era chegada a hora de descer até Tarumã para a disputa da 8ª etapa do campeonato no dia 13 de Outubro, denominada "500 Quilômetros". 29 carros estavam inscritos e todos sabiam que dificilmente um Gol ou Escort não sairia de Viamão como vencedor, afinal, das sete provas disputadas até alí, o Gol contabilizava três vitórias enquanto que o Escort quatro. As chances da Fiat eram pequenas, como já se imaginava.

A pole position ficou com o Escort #45 dos gaúchos Ronaldo Ely e Egon Herzfeldt com o tempo de 1min18s34. Dada a largada, Ely disparou na ponta e lá se manteve até os 41 minutos de prova quando para a surpresa de todos, parou no final da reta com a engrenagem do distribuidor quebrada. A liderança ficou com "Bocão" que fizera uma excelente largada, saindo da 9ª posição até alcançar o 2º lugar. A partir daí o Uno #48 comandou a prova com outro Uno na sua cola, o #38 dos mineiros José Junqueira e Vinícius Pimentel, para desespero do chefe de competições da Fiat, Mário Fukuda, que fumava um cigarro atrás do outro, torcendo para o término da prova e a dobradinha dos seus carros.

Tudo indicava que o #48 seria o vencedor. Com 2h45min de prova, Conill entrou no box para troca de pilotos, reabastecimento e troca de pneus, devido ao grande desgaste causado também pela alta temperatura daquele dia. O #38 permaneceu na pista por mais 30 minutos e quando entrou, apenas o tanque foi reabastecido, mantendo Pimentel ao volante com os mesmos pneus. A estratégia era arriscada. Pimentel voltou com 30 segundos de vantagem para "Bocão" que vinha num ritmo muito forte, mas não suficiente para ultrapassar Pimentel, que venceu a prova com apenas 6 segundos de diferença para o #48.


Além da dobradinha, a Fiat colocava mais três carros entre os dez primeiros, mostrando que havia acertado a mão e que começava a ameaçar a segunda colocação da Ford no campeonato.


Mas essa não foi a primeira participação de "Bocão" com a Fiat no Brasileiro de Marcas. No ano anterior, 1984, o gaúcho já havia competido ao lado do carioca Jorge Freitas no Oggi #1 da equipe Localiza/Sada, conforme vemos abaixo durante uma prova no Rio de Janeiro.


Anos mais tarde, acho que em 1993, "Bocão" voltou a guiar um Fiat em um Campeonato Brasileiro, ao substituir "Chico" Serra no Uno #1 da equipe Alpi na etapa de Tarumã.

Fonte das imagens: arquivo Cezar Pegoraro e revista Auto Esporte, arquivo Henrique Mércio.

9 comentários:

Rafael disse...

Eu não consigo entender como um Uno pode ganhar uma corrida, eu axo ele uma aberração da engenharia, rsrsrs

Eduardo Miler disse...

E quem praparava pro Conil era o Nikinho.Um preparador pouco lembrado mas que conhecia e era muito dedicado aos Fiat´s...Leandro, falei com o Nikinho e ele me autorizou a vasculhar seus arquivos e fotos...Assim que puder, e, se vc quiser lhe envio algumas coisas da época...O blog tá cada vez melhor...Abs

Leandro Sanco disse...

Eduardo,

O Nikinho é um baita preparador e soube passar seus conhecimentos ao filho que brilha também nas pistas.

Nunca tive oportunidade de me encontrar com ele para ouvir suas histórias - que são muitas - mas se tu conseguires, manda para cá que publicarei com muito prazer.

Abraço,
Sanco

paulo rotta disse...

oi rafael.
ao contrário de que tu pensas, o uno é o carro de turismo mais "divertido" para guiar.
apesar da "aberração de engenharia", foi o carro que mais ganhou corridas no tão competitivo gaúcho de marcas de 2009, apesar de ser desfavorecido pelo regulamento e competir com veículos muito mais atuais, como celta, corsa, gol, etc.
guiei vários carros e, sem dúvida alguma, é o mais divertido e emocionante.
algum dos melhores pilotos que conheço, muito conhecedores de automobilismo, correm de uno, tais como eduardo fagundes, eduardo brigoni, kaki, rafael mocelim, ribeiro, todos andando no pelotão da frente.
abraço a todos.

Rafael disse...

Existe uma explicação técnica que o faça ganhar corridas ?

Space Fox disse...

Talvez, poucos entendam ao q me refiro, mas o Uno é um "Senhor" projeto da engenharia italiana.
É um carro antigo, porem em seus aspectos básicos, nada deve aos mais modernos q tem seu tamanho.
Tenham certeza absoluta que ele faz muuuuita curva. Com Slick's então, nem se fala.
Parabéns aos que o escolhem!
Para disputar corridas nas categorias q se enquadra, ele ainda é um vencedor.
A pesar dos seus 25 anos!!!

Space Fox disse...

Talvez, poucos entendam ao q me refiro, mas o Uno é um "Senhor" projeto da engenharia italiana.
É um carro antigo, porem em seus aspectos básicos, nada deve aos mais modernos q tem seu tamanho.
Tenham certeza absoluta que ele faz muuuuita curva. Com Slick's então, nem se fala.
Parabéns aos que o escolhem!
Para disputar corridas nas categorias q se enquadra, ele ainda é um vencedor.
A pesar dos seus 25 anos!!!

Heitor disse...

O Fiat Uno é uma evolução do Fiat 147, um pouco maior e com melhor aerodinâmica. Um automóvel com muitos recursos de geometria de suspensão.Um motor também com muitos recursos para fazer "girar", muito resistente e com um chassis muito leve. Não esqueçam, a Fiat foi Campeã Brasileira de Marcas em 1983 com um motor 1300cc, frente a concorrência que usava motores 1600cc.

Anônimo disse...

Bocão e Yoshikuma ???

Tamanha disparidade técnica , Bocão pagou o maior pecado . Coitado . Esse japonez era lerdo , tá loco ...

Billy