O ano de 1982 trouxe às telas dos cinemas do mundo todo um grande sucesso de público e crítica. E.T., do mago Steven Spielberg, é lembrado e visto até hoje. Dois anos mais tarde outro E.T. assombrava as pistas do Rio Grande do Sul, mas dessa vez Spielberg não estava envolvido no projeto. O responsável agora era o piloto Arnaldo Fossá construtor de um incrível Fusca para a categoria Hot Car.
O regulamento da época era bastante aberto, estimulando a criatividade dos preparadores e equipes em extrair o máximo de desempenho dos equipamentos. Fossá estudou minuciosamente todo o regulamento, procurou se cercar de todos os lados e naquele 1984, na quarta etapa do Gaúcho de Hot Car, colocou na pista um carro de outro mundo, fazendo jus ao apelido de Extra Terrestre. O Fusca, um antigo 1200 cc, tinha o teto rebaixado, uma enorme asa traseira e era aliviado ao máximo. O capô dianteiro e os paralamas foram moldados com arame trançado e courvin. De acordo com Fossá, a concorrência duvidou do peso do carro, assim que ele foi visto pela primeira vez e exigiu que o mesmo fosse colocado na balança. O peso mínimo de 660 kg estava sendo obedecido. Nada de irregular havia na barata. O motor era um 1584 cc, com pistões standard, gerando cerca de 140 HP. Na primeira prova, o carro teve um resultado discreto, terminando entre os três primeiros, próximo dos Passat e Gol. O carro estava sendo regulado e assim foi até a sexta etapa.
No dia 28 de Outubro daquele ano, Fossá surpreendeu os companheiros da categoria. Registrou a pole position com o tempo de 1min15s19, contra 1min17s00 do segundo colocado, numa média de mais de 144 km/h. Dada a largada, Fossá manteve a ponta, com Cláudio Ely em segundo, mas abrindo vantagem logo em seguida. Antes do fechamento da segunda volta, Fossá rodou espetacularmente na saída da curva 9, sendo ultrapassado por 17 carros (a Turismo 5000 correu aquela prova junto da Hot Car). Na sétima volta Fossá já havia recuperado quase todas as posições, chegando nos ponteiros, Cláudio Ely e Winetou Zambon. O piloto deu um show de pilotagem, ultrapassando os concorrentes pelo lado de fora das curvas. Fossá voltou para a ponta na nona volta e fechou as 15 voltas com uma ampla vantagem sobre o segundo colocado, para a vibração de sua equipe. Na segunda bateria, abriu mais de uma reta sobre o segundo colocado, até que o motor apresentou falhas. Acabou concluindo na sexta posição aquela bateria.
Encerrada a prova, a "chiadeira" foi geral. Um protesto assinado pela maioria dos pilotos pedia a desclassificação do incrível bólido. Item? Carroceria. Daí a pergunta feita na época: como é que o carro havia participado de duas provas até então, sem sequer uma única reclamação. Se havia passado na vistoria técnica, não estaria apto a correr? Por que logo quando apresentara um bom desempenho fora desclassificado? Fossá acabou acatando a decisão e se viu obrigado a deixar a ideia de lado pelo bem da categoria, que defendia com unhas e dentes.
O E.T. nunca mais apareceu nas pistas. Da mesma forma que o ícone das telas, ele deixou sua marca na história e é lembrado até os dias de hoje.
Abaixo duas imagens de uma das máquinas mais incríveis já construídas por essas bandas.
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23 comentários:
Assistí quando este ET surgiu em Tarumã e nas corridas subsequentes, a concorrência ficou enlouquecida pois o carro era levíssimo e andava muito.
luiz borgmann
A D3 e consequentemente a Hot Car proibiam em seu regulamento mudanças na carroceria que não fossem os apendices aerodinamicos.É bem interessante esse carro do Fossa, com uma tomada NACA no teto.
O Fossá era e é realmente um mago na construção de Divisão 3.Pena eu não ter conhecido o carro.
Quanto a oposição, já imaginaram fusca dando pau em Gol, Voyage, Passat, etc...Tai o motivo dos protestos, infelismente não existia e nem existe espirito esportivo no meio automobilistico.
Me lembro bem da epoca,o carro do fossá realmente e de dar parabens,mas regulamento e pr ser comprido,o carro dele era fora do regulamento,entao ficou bonito mas nao podia,imagina fazer as coisas q ele fez em outros carros liberando carroceria!!com certeza gols e passats iao ficar bem mais fortes!!e se nao me engano esses fatos ocorreram em 1984!!abraço a todos!!
Essa história dá muita discussão, pois, se o carro foi liberado para correr, e antes dele apresentar o resultado que gerou toda a polêmica, não houve protesto....
Então não deveria ter sido acatado o tal protesto, e sim, os pilotos botarem a cabeça para funcionar e trabalhar.
Abraço
Mauro
Genial a idéia de arame revestido de courvim.
Seria apenas a leveza do carro sua grande vantagem?
Duvido.
É o conjunto da obra e a tocada do piloto. Aí foi ganhar uma corrida impossível que a turba toda grita... Verdadeiro padrão de comportamento, nada a estranhar.
Na verdade,a culpa da epoca foi da propria federaçao que deixou o carro alinhar sabendo que estava fora,mas boas recordaçoes,por q chiadera sempre teve,era só um carro andar melhor q os outros,mas por falta de grid ate entendi a federaçao !!!um abraço a todos
Pelo que lembro, o carro do Fossá era tão rápido que faria as 12 horas em 11.
(brincadeirinha com meu amigo Fossá)
Tchê, Leandro:
Agora que tu tá te alembrando de sempre colocá o nome do retratista do lado do retrato, dá prá se vê que o infeliz do Lambe-Lambe é otor de uma barbaridade de foto de carrera de auto aqui no Rio Grande. Se não fosse aquele desinfeliz, as carrera de auto tinham a história pela metade, sem as image.
Depois duns trinta ano é que se vê o valor das lida do animal. O home registrou boa parte da história de nossas carrera.
E quando ele lidava nos otódromo, muitos piloto davam uns esquinaço nele que um dia perdeu as estribera e se mandô a la cria.
Desde setembro de 1991 nunca mais pisou num autódromo. O taura é cabeçudo e, quando promete uma cosa, cumpre.
Mas sei que até se emociona quando enxerga seus retrato no teu blog ou em otros lugar.
Agora anda tirando retrato aéreo e deu em contá os meu feito num blog de bosta que ele criou -
Um abraço e continua botando o nome do otor do lado do retrato.
Aquilo não vale nada, mas é meu amigo um eito!
Deoclécio - futuro piloto de apareio
O ET do Fossá é o ápice dos Fuscas D3 e o resumo em grande estilo das grandes idéias dele encima do singelo fusquinha...lembrando ao Cerega que alguns carros usaram essa combinação de tecido, mais estrutura de arame na carroceria, se usava em carros mais baratos, ou naqueles triciclos ao estilo dos Morgan, onde toda a leveza necessária é fundamental...
Parabéns pelo blog, passei a acompanhar a pouco, mas já gostei do que vi!!
Um amigo meu fez um carrinho de autorama com esta carroceria era o nosso xodó e Fossá o nosso ídolo!!Bons tempos!! Na minha cidade tinha um piloto que não vejo há muito tempo que correu F-Ford: Silvinho Bezerra, tens alguma informação de sua carreira, resultados?
Olá, Fábio André!
Agradeço a visita e o comentário. Sobre o Silvio Bezerra, não lembro da participação dele na Fórmula Ford. Tu lembras a época? Sei que ele competiu por alguns anos na categoria Opala e também na época em que os Opalas participavam da categoria Estreantes e Novatos (1981).
Um abraço,
Sanco
Pois é!!
Eu sei muito pouco da carreira dele, nos falamos poucas vezes enquanto eu morava em Camaquã, não sei se ele ainda mora lá, mas lembro de ter visto na fazenda um Fórmula Ford que aquela época (86/87) estava abandonado, e o motor estava no escort dele, foi aí que descobri que ele corria, mas como o assunto do dia não era automobilismo ficou pra uma próxima que nunca mais ocorreu!!
De qualquer forma se tiveres alguma informação sobre a carreira dele de uma maneira geral agradeço, pois dificlimente o verei novamente, mas pelo pouco que o conheci me pareceu um piloto com alguma habilidade.
Obrigado pela atenção e (sei que é fora do post mas...) muito legal as carenagens para os autoramas, no começo do anos 80 fazíamos no braço através de fotos de revistas automotivas, caixas de papelão e muita "canetinha" e recortes, muitos recortes pra colocar os patrocínios pertinentes!!
Alô Fábio André,
Assisti em Tarumã várias corridas do piloto Silvio Luiz Bezerra Neto, cujo Opala era o maior adversário do líder da categoria na época, Antonio Jorge Schilling. O carro do Silvio, na época, tinha como preparador o "secretário", que também era o preparador dos Opalas dos Tedesco. A propósito, na época diziam nos boxes que o Silvio Luiz era estancieiro (ou arrozeiro). Acho que o F-Ford que você viu em Camaquã pode ter sido o do piloto local Luiz Ernani Mello, que além da FF também teve sucesso em outras categorias gaúchas que disputou. Certa ocasião eu estava na revenda VW de Camaquã quando o vendedor me disse: lá vem o nosso piloto da Fórmula Ford, era o Luiz Ernani.
luiz borgmann
Mas esse Borgmann, vou te contar... Já andou por tudo o que é lugar. Sabe tudo!
Caramba!!!
Pessoal eu, natural de Camaquã, nem imaginava que houveram dois pilotos na minha cidade!! Buenas nunca é tarde pra aprender, fico grato pelas informações que me arremeteram a uma boa fase da vida, grato Luiz Borgman e ao próprio Leandro. Bem o FFord que vi era branco, sem patrocínios e, fazendo um exercício de memória, lembro que quando comentei com amigos sobre o carro me falaram que o Silvio não competia mais, mas de vez em quando levava o FFord pra Tarumã!!
Quanto ao Luiz Ernani Mello, infelizmente não ouvi falar deste piloto. O que sei hoje é que em Camaquã existe um circuito de terra na Barragem do Arroio Duro, tentarei localizar através dos amigos que ainda estão por lá maiores dados sobre o paradeiro deste pessoal e o que eu mais conseguir informo a vocês!!Quem sabe possamos localizar este FFord e outros que, se não puderem ser levados ao Museu do sr Paulo Trevisan, pelo menos teremos registrado a sua história!!! Logo vi que este blog valia a pena deixar nos favoritos, leitura obrigatória!! Parabéns a todos que participam direta ou deste grande trabalho do Leandro Sanco!! Valeu "Indiada Macanuda"!!!!
Senhores,
Sei que é off topic, mas continuando, parece que o F-Ford está ainda em posse do Silvio e, segundo informações, era um modelo novo que nunca correu!!
Sanco pra evitar assuntos fora do contexto da postagem envie um e-mail para trocarmos mais informações!!!
Buenas pessoal, é muito bom ler sobre as pessoas q fizeram historia do automobilismo gaucho como *Silvinho* luiz Bezerra Netto grande amigo meu e o saudoso e grande preparador conhecido como *secretário* bom, pra começar conhecio Silvinho em 1983 quando mudei de Tapes para Camaquã, e senhores, o Opala com o qual ele correu um 4100 azul escuro com motor de 250s se bem me lembro, com placas do municipio de Camaquã
SD4444 ainda rodava e andava muito chegamos a fazer algumas viagens com o 4100, se me for permmitido, postar aqui conto pra vcs algumas histórias daquela epoca, já quanto ao F-Ford ainda é de propriedade do Silvinho, na verdade ele nunca chegou a correr com o bbolido fabricado pela Ford para ser uma categoria escola, mas o motor do F-ford foi sim parar do escort xr3 do meu amigo, bom o XR com motor formula dava 100 em segunda marcha, como diria o Magrão Silvio ... Bah João tu me deixou uma herança, referindo-se a uma multa que certa noite usando o carro do amigo eu deixei a BM pra traz numa barreira (coisa de guri) ... obrigado pela oportunidade de postar, e precisando é só chamar, abraços ao amigo Fabio Andre
Srs!!
Sanco, sei que é off topicc, fique a vontade pra mudar o local, mas o fato é que o assunto começou aqui, e como comentei que daria um retorno daí...
O fato é que, graças ao Big John, consegui re-encontrar o Silvio que gostou muito da idéia e o F-Ford poderá se encaminhar para o Museu do Automobilismo Brasileiro. É só uma questão de tempo e logistica para juntar as peças. Agradeço aqui ao Sanco por disponibilizar o 'ciberespaço' e também ao Mestre Joca que intermediou o contato com o sr Paulo Trevisan que descreveu o seguinte sobre o "buguinho":
"FABIO
Esse modelo de Fórmula Ford a gente denomina "Buguinho". Realmente tiveram bastante êxito no Nordeste e em SP o Aldo Piedade juntou 21 desses Monopostos na sua escolinha de pilotagem. No Museu não tenho nenhum desses, e se houver interesse em doação eu mandaria buscar do jeito em que se encontra por que restauramos qualquer coisa por aqui. Aguardo fotos e agradeço pela atenção.
Um abraço
PAULO TREVISAN"
Sr Luiz Borgmann, este F-Ford, conforme o comentário do Big John e confirmado pelo Sílvio, nunca correu, foi comprado em Lajeado e ficou lá no interior de Camaquã, portanto não pertenceu ao Luiz Ernani Mello que por sinal gostaria de ter maiores informações
Taí pessoal valeu!! Espero ver o danado lá no museu!!
Um abraço do tamanho do Rio Grande a todos!!
tomaram um pau de um fusca e ficaram brabinhos
Aos que não sabem Arnaldo Fossá fez o carro inteiramente sozinho e surpreendeu a todos, sempre esteve bem a frente do seu tempo em se tratando de engenharia de seus carros, um ícone, um ídolo que deve ser preservado por todos os que gostam de automobilismo. Parabéns pela reportagem
O ET irá voltar em breve. Será reconstruído.
Abraço.
cesinha-racing.
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