Demorou um pouco, mas estou de volta, trazendo um relato do que rolou no Tarumã neste último final de semana durante a 31ª edição das 12 Horas de Tarumã.
Cheguei na tarde de sábado, procurando saber como estava o "Paulinho" Hoerlle, em razão do acidente sofrido por ele, nos treinos de sexta. Fui direto ao box da equipe e quase não acreditei no que vi. O MCR #99 totalmente reconstruído e o próprio "Paulinho" dentro do carro, verificando todos os detalhes para colocar o carro em condições de participar da prova. O acidente foi na curva 2 e destruiu toda a frente do carro, incluindo toda a suspensão. A equipe, visivelmente abatida, não havia descansado desde a hora do acidente e ainda tinha pela frente a grande maratona.
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Próximo dalí, nos boxes das equipes da Classic, o DKW #88 aguardava sua vez de ir para a pista. Ao volante estariam Roberto Giordani e "Chico" Feoli. Giordani se encarregou de largar na primeira bateria. Cabe um destaque à categoria que alinhou 26 carros, sendo que 28 se inscreveram. A primeira bateria foi bem movimentada, com disputas da ponta até as últimas posições. Numa delas, estava Giordani, disputando lado-a-lado com o "Ratão" e sua carretera e mais um VW. Ao final da bateria, várias pessoas que estavam pelos boxes, incluindo a turma dos Jurássicos, foi registrar a chegada do #88 nos boxes. Até o Fernando Esbroglio, ferrenho defensor dos VW, estava torcendo pelo amigo e seu fumaçento. Giordani estava realizado, dizendo que os pneus são ótimos, que o asfalto está muito melhor e que havia ficado uns 10 anos mais jovem após a experiência. Foi muito bacana. Para a segunda bateria, "Chico" Feoli pisou fundo, fazendo tempos muito bons para o carrinho, inclusive fazendo a 1 de pé no fundo. Por uma infelicidade, acabou rodando e o carro apagou e um probleminha na chave impediu seu retorno à prova. Mesmo assim, o "Chico" estava muito contente, os amigos inseparáveis haviam realizado um grande sonho de voltar a correr juntos uma prova. Foram momentos de grande emoção. Importante registrar a iniciativa do Teodoro Janusz, que não mediu esforços para transformar o #56 azul no #88 vermelho a tempo de colocá-lo na pista no meio da semana para fazer todos os ajustes e deixar o vermelho em ponto de bala para deleite das duas lendas no nosso automobilismo.
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Enquanto a Classic corria, a equipe do #99 fazia os últimos ajustes. Graças à sensibilidade da organização da prova, foi concedida uma volta entre as baterias para que o "Paulinho" fizesse um teste e verificasse se o carro estava em ordem para a grande prova. Foi uma volta rápida, mas suficiente para aliviar a tensão entre todos da equipe. Finalmente o carro estava pronto, uma nova carenagem havia acabado de chegar da fábrica e agora era contar as horas para o início da festa.
As 12 Horas do ano passado foram muito criticadas pelo fato da largada ter sido de dia. O grid pequeno de 25 carros, se justificava por esse fato. O pequeno público, idem. Com o retorno da largada à meia noite nesta edição, foi nítido o contentamento do público que lotou o autódromo, como há muito eu não via. Havia muitas barracas, tendas e motorhomes espalhados pelo traçado. A expectativa em relação à prova era muito boa, mas algumas coisas ficaram faltando. Um bom grid, por exemplo.
A organização da prova teve uma boa ideia, introduzindo uma prova sprint dentro das 12 Horas, denominada "Troféu José Asmuz" e disputada nos primeiros 52 minutos, tempo este que foi o obtido por Asmuz durante a prova Porto Alegre - Capão da Canoa em 1961. Esta iniciativa atraiu pilotos que não precisaram investir numa grande estrutura e puderam correr sozinhos. Foi o caso de alguns pilotos da Classic, como o amigo "Niltão" Amaral e seu Passat. Ao todo foram sete carros que competiram exclusivamente no Troféu. Já para a longa disputa eram mais 22 carros, ou seja, um grid efetivo menor do que no ano anterior. Um ponto que decepcionou quem esteve presente foi a ausência de Paulo Gomes, após circular a notícia de que ele competiria na Ferrari do Fernando Poeta, Ferrari que também competiu apenas no Troféu. Se o Paulão não veio, foi legal ver o trio de gurias Isadora Diehl, Sabrina Kuronuma e a vencedora das 12 Horas de 1990 Patrícia de Souza pilotando o Gol #11. Legal também ver outro vencedor de 12 Horas, o Joel Castilhos (venceu em 1994) retornando à prova, assim como pilotos de destaque nacional como o Cláudio Ricci, o Matheus Stumpf, Christian e Matheus Castro e a Maria Cristina Rosito acelerando na tradicional disputa.
Em meio a um passeio pelos boxes, encontrei a turma da poeira, que veio de Santa Catarina especialmente para acompanhar de perto as emoções da prova. Francis, Ike Nodari, Sidney Andrade e o Marcelo Pacheco aproveitaram todos os momentos para conversar com as equipes, os pilotos, já pensando numa futura participação na prova, mesmo que na preliminar. Os encontrei quando estava com o "Janjão" Freire. Imediatamente perguntei a eles se sabiam quem era o "bota" e o Marcelo foi rápido no gatilho, identificando o grande piloto. Depois ele explicou que antes de embarcar na aventura, deu uma olhada nas fotos de todos os grandes pilotos gaúchos para reconhecê-los, caso os encontrasse. Grande, Marcelo. O papo com a turma da poeira foi longo e muito bacana. Mal terminava uma roda de conversas, aparecia mais uma figura e mais papo, tanto é que só paramos, pois os boxes se abriram e os carros começaram a se preparar para o alinhamento. O Francis publicou algumas fotos do encontro lá no seu
blog.
Como sempre faço, me posicionei no final da reta, próximo à curva 1. O nosso querido "Perna" já dava o seu "Boa Noite, Tarumã", que indicava que a largada estava próxima. O show de fogos foi bacana, mas achei modesto em relação aos anos anteriores. Pouco antes da largada o homenageado desta edição, Dante Carlan, além do próprio Asmuz, receberam troféus e aplausos de todos os presentes.
A largada não foi com os carros parados em diagonal. Isso já havia sido anunciado. Neste ano foi lançada, após uma volta de apresentação atrás do safety-car. Mesmo assim, não faltou emoção e os pilotos pisaram fundo nas primeiras voltas. Um fato que achei muito bacana aconteceu bem próximo de onde estava. Assim que a luz verde foi mostrada, uma turma de uma barraca colocava para assar um "Costelão 12 Horas". Como é que eu nunca tinha pensado nessa ideia!? Quem sabe no ano que vem...
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Saindo da 7ª posição do grid, o Tango #9 do Cláudio Ricci, logo assumiu a ponta, seguido de perto pelo Tubarão, o #46 e o #4, mais atrás vinha o #99 que aparentemente não mostrava nenhuma anormalidade. O ritmo forte do líder, é claro, não durou muito e com o término dos 52 minutos, aqueles que estavam inscritos no Troféu se retiraram da prova. Com pouco mais de uma hora de prova, eram menos de 20 carros na pista, em razão de algumas quebras logo no início.
A prova teve um número pequeno - comparado com anos anteriores - de bandeiras amarelas. Por essa razão foi quebrado o record de voltas (551). O que parecia rumar para uma vitória tranquila do MCR #46, acabou se transformando num drama para a equipe coordenada pelo Luciano Mottin. Com problemas na transmissão, o carro acabou perdendo as duas primeiras posições a poucos minutos do final. A vantagem de quatro voltas (que chegou a ser de 10 no início da manhã) para o pole position Tubarão, foi sendo descontada até que este assumiu a ponta. Por fim, como um teste para os cardíacos, o próprio Tubarão começou a ter problemas, mas conseguiu cruzar a linha de chegada com apenas 44 segundos de vantagem para o MXR #4 da Família Bertuol, em final semelhante ao ano passado quando o Tubarão venceu pela primeira vez e o #99 chegou na mesma volta. Foi um final de arrepiar!
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Bom, mais uma 12 Horas chegou ao fim. Foi bem disputada, teve muito público e tal, mas ficou aquele gostinho de quero mais, por falta daquele grid gordo. A organização informou que já está pensando na prova de 2012. Pretendo em breve fazer uma enquete com algumas ideias para serem avaliadas aqui por vocês para tentarmos contribuir de alguma forma para engrandecermos essa prova tão querida e esperada por todos os amantes da velocidade.
Nos próximos dias publicarei o resultado ilustrado. Aguardem.
Valeu, turma! Até a próxima 12 Horas de Tarumã!
Fonte das imagens: Luiz Fernando Silva, Régis Andrade e arquivo pessoal.