sábado, 5 de março de 2011

Chassi à la Herzfeldt

Acertou em cheio quem identificou o carro do Egon Herzfeld que havia sido comprado pelo paulista Ernesto Zogbi. Há muitas dúvidas em relação à origem desse chassi e o Luiz Borgmann, que enviou o Desafio nos traz mais informações.

"Egon Herzfeldt com o F-Ford Bino, segundo alguns dizem, teria um chassi tubular construído por ele mesmo, cópia do Bino, ou seria mesmo um Bino com alterações na distribuição de peso, posição de pilotagem mais à frente, etc. Alguns fofoqueiros de plantão chegaram até mesmo a dizer que havia uma ação judicial (?) reivindicando a autoria na construção daquele chassi vencedor, mas afinal, quem sabe da história verídica é o próprio Egon. Ernesto Zogbi era um piloto e médico paulista que participava esporadicamente na categoria, e também no torneio nacional de turismo Ford Corcel II, e comprou o monoposto de Egon pelo valor (na imprensa) de Cr$ 5 milhões no ano de 1983, com direito a assessoria de pista no restante da temporada brasileira da F-Ford. Um Monza 1.8 zero km na época custava Cr$ 4 milhões. Na foto, portanto, aparece Ernesto Zogbi saboreando seu Formula Ford ex-Egon em Interlagos, quando correu pela primeira vez com o carro, ficou em segundo no grid (3s atrás de Baguncinha), e concluiu na 2a. posição, satisfeitíssimo com o resultado. Onde foi parar este carro?"

Abaixo uma sequência de imagens, mostrando o carro nas mãos de Egon em 1981, 82, 83, quando correu as duas primeiras provas e na última, já com Zogbi.





Fonte das imagens: revistas Auto Esporte e Quatro Rodas.

4 comentários:

Marco Queiroz disse...

Esse carro tem histórias incriveis. O Egon trabalhou muito , modificou muitas coisas.

Distribuição de peso, posição do piloto, até os radiadores colocados na traseira abaixo do aerofolio.

Sem falar nas carenagens que geravam mais aderencia.Não foi apenas de um que ouvi que "é tanto trabalho, pena que não vai funcionar...".

Na realidade, foi um carro e um piloto campeão.

Vale a pena pedir para o Egon contar a história do dia que este carro correu na F2 com um motor do Clovis e muito mais pneu(os da F2).

Quase...

Carlos Alberto Petry disse...

Para mim o maior piloto que eu vi guiar foi o Gilles VIleneuve, com o estilo dele, vi poucos, o Egon é um deles...

luizborgmann disse...

Me parece que esse F-Ford do Egon foi retrabalhado com upgrade para a prova de Guaporé na F2, e já na largada fez um dos melhores tempos, apavorando a gringada...Todo mundo achava que o Egon seguiria naquela categoria, mas não foi. Como disse o Marquinho, o motor era do Clóvis(?), mas a imprensa divulgou como sendo motor do Horst Dierks. Depois de vender o carro para o Zogbi, muyito se comentou que ele iria para a F2, mas seu patrocinador habitual não foi em frente, e o sonho acabou. Mas também foi em Guaporé que ele sofreu um grave acidente em uma prova de FF, destruindo o carro, acho que foi uma capotagem na Curva do Radiador?
"Lá vem o Egon", diziam nos boxes, e a turma se aligeirava em cobrir os carros, motores, etc, pois diziam que o Egon era perito em olhar um novo desenvolvimento, e logo em seguida ...captei vossa mensagem.
luiz borgmann

luizborgmann disse...

Tive oportunidade de encontrar o Egon em uma exposição de carros antigos, e ele gentilmente me contou algumas lembranças daquele carro:
-O chassi realmente era um Bino com novas soluções para o cockpit e redistribuição de pesos, mas a nova carenagem desenvolvida permitia obter uma aerodinâmica mais eficiente. A carenagem foi construida pelo Egon dentro de uma garagem minúscula, e para realizar os trabalhos na dianteira ou traseira, de tão apertado o espaço, era necessário retirar a carenagem da garagem e colocá-la de ré novamente, ou vice-versa;
-O carro original, vendido ao Zogbi, ele soube que se estatelou contra um guard rail e acabou destruido. Mas o Egon tinha várias sobras e também o gabarito, e então montou um outro, idêntico ao anterior, ainda com outras soluções tais como suspensões on board. Ele está à procura deste carro, ele acha que está guardado em alguma garagem (aqui no RS);
-Sobre a prova de F2 em Guaporé, quando ele lá chegou com o carro, a turma de gozadores de plantão disse a ele que iriam fazer a tomada de tempo dele com uma ampulheta, mas o carro se mostrou muito rápido e alinhou com 3° tempo no grid, mas quebrou antes do final por suspensão. A parte de cima do motor foi emprestada pelo Clóvis, o restante (parte de baixo) era do Egon. O material do Clóvis era made in Berta, e a troca de marcha era para ser nas 7.500, mas como as molas de válvulas enfraqueceram por fadiga de uso, começaram a flutuar nos 6.500, rotação que ele passou a trocar. Aquela corrida foi vencida pelo Ronaldo Ely, mas o Egon me disse que na corrida ele conseguia acompanhá-lo, até a quebra;
O Egon contou alguns detalhes técnicos de preparação, é um sujeito que tem muita história para contar, agradeço sua paciência em relatar os fatos acima e muitos outros de sua bem sucedida trajetória de piloto e preparador.
luiz borgmann