Ao longo do tempo me tornei um cara um pouco chato no meio de multidões. Hoje não tenho mais paciência de enfrentar filas, disputar um espaço para poder assistir confortavelmente uma corrida e ficar ouvindo as músicas de gosto discutível dos vizinhos que acham que alí é o lugar e a hora para uma competição de som automotivo.
Já faz tempo que não vou na Truck, nem na Stock, sem dúvida, as provas que levam o maior público hoje no Brasil. Quanto muito, dou uma olhada nos treinos de sábado para sentir o clima. Por isso vejo pela TV. Ninguém me aborrece. Eu não aborreço ninguém.
Além disso, acho que Tarumã deixou de ter tantas opções de espaço como tinha há alguns anos. Por motivos de segurança, acabaram com o espaço da curva 3 e consequentemente com o acesso à curva do Laço. No último sábado tentei chegar lá, acessando por trás da reta dos boxes, mas descobri que a estradinha que havia alí virou uma trilha no meio do mato que, acredito eu, seja acessada apenas com um Jipe ou algo parecido. Por que a administração do autódromo não dá um jeito nisso? Era tão legal assistir as provas da curva do Laço. A gente via os carros bem de perto, sentia o cheiro deles e conseguia olhar no olho do piloto.
Bom, saí totalmente do assunto, mas vamos falar da Truck, que hoje já está em Tarumã, e este está cheio de barracas, provavelmente desde o meio desta semana. Sem falar dos lugares reservados, que desde a semana passada já estavam demarcados.
Todos os que comentaram sobre o último Desafio acertaram. Era realmente o Truck do Maurizio Sala, único piloto brasileiro a competir nas provas da Super Truck em Tarumã nos dias 2 e 3 de Dezembro de 1995.
Tarumã fora escolhido para sediar uma das duas rodadas duplas de apresentação da categoria do European Truck Racing no Brasil. A outra praça foi Goiânia, logo a seguir. O evento era promovido pela Traffic Marketing Esportivo, com o patrocínio da Mobil Oil. Para tanto, o autódromo teve de passar por uma série de reformas que incluíram o prolongamento da área de escape da curva 1 em oito metros e a construção dos muros nesta curva e também na curva do Laço.
Na pista 11 caminhões das marcas Mercedes, Sisu, MAN, Zil/Caterpillar e Volvo. Os pilotos eram:
Barry Lee (ING) - Zil/Caterpillar
Boije Ovebrink (SUE) - Volvo
Gerd Korber (ALE) - MAN
Harri Luostarinen (FIN) - Sisu
Ludovic Faure (FRA) - Mercedes
Markus Oertreich (ALE) - Mercedes
Maurizio Sala (BRA) - Mercedes
Minna Kuoppala (FIN) -Sisu
Noel Crozier (FRA) - MAN
Slim Borgudd (SUE) - Mercedes
Steve Parrish (ING) - Mercedes
A corrida de sábado, foi vencida pela única mulher do grupo, a finlandesa Minna que guiou um caminhão também finlandês.
Já no domingo, o vencedor foi o campeão daquela temporada, o sueco Slim Borgudd, ex-piloto de Fórmula 1 e também ex-baterista da banda ABBA. Borgudd largou da última posição (10ª) e foi ultrapassando os adversários até chegar a liderança.
O brasileiro Maurizio Sandro Sala, que fazia sua primeira apresentação nesta categoria foi o sexto colocado no sábado e quarto no domingo. Ele marcou a volta mais rápida da competição com o tempo de 1m24s026, com uma média de 129,217 km/h.
Abaixo uma série de imagens daquele final de semana histórico para o autódromo de Tarumã. Os clicks vieram do arquivo do Luiz Fernando Silva, amigo e incentivador desse espaço.
Valeu, Fernando!
12 comentários:
Perfeito comentário sobre as 'modificações' em Tarumã sem nunhuma preocupação com as acomodações para o público.
Também fui nos dois últimos sábados ver as 02 hs de Endurance e no seguinte a prova do Marcas, e tive a mesma sensação... queria ver os carros do meu velho ponto preferido, o morrinho da curva 3... ou do Laço e tive a mesma sensação, além disso desde que o kartódromo foi remodelado, não se tem mais acesso as cuvas 8 e 9 , antes se podia ver os carros 'de cima' em altíssima velocidade desgarrando nestas curvas, uma pena.
Pior ainda: nem na reta em frente a cancela de saída dos boxes se mais o autódromo... agora com os muros altos do box e com os malditos 'hospitality Centers' só o que se vê é a curva 1 até a 2, antigamente se via a 3 o Laço e o mergulho para o Tala.
No sábado que teve a prova do Marcas e e dois amigos saímos da reta dos boxes pois não conseguiamos escutar o ronco dos motores... um 'joinha' e sua gangue com tres carros estava bebendo e dançando com o som num volume de 'abafar Boing na decolagem'!!!!!!!!!!!
E que estava chovendo!
Voltamos para a saída do Tala...
Conclusão:
Tarumã não é mais para quem gosta de corridas...
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Lacombe
É um problema antigo de Tarumã o desrespeito ao publico.
Interno e externo.
Quem for na Truck este final de semana verá algo pior... fio colocado um "muro" entre o portao dos box e o restaurante, quem nao for de "torcida organizada" nao poderá passar pro outro lado e nem para a reta (que é exclusiva dos patrocinadores, entao, quem paga ingresso comum terá que ficar com os piores pontos da pista e isso se repetirá na Stock Car, daqui duas semanas... triste.
Concordo que é importante ter as áreas VIPs, HCs, etc. Mas como todos sabem, Tarumã é um dos poucos lugares em que há a possibilidade de acampar no autódromo. Ao longo dos anos, esse público está sendo esquecido, pois dá menos retorno do que um grande grupo decorado com as cores de um patrocinador.
Tarumã, para nós de SP, é o que mais se parece com autódramos gringos, onde as pessoas fazem seus churrascos, levam suas famílias. E ao que parece, isso já está mudando. É uma pena.
Daqui a pouco acabam com a curva do laço, "em nome da segurança".
Amigo Tohmé, hoje a área de camping da curva do Laço já não é mais utilizada, pois não há acesso até lá. Não se surpreenda se o teu comentário virar realidade nos próximos anos, com o aterramento daquela parte, ampliando a área de escape para melhorar a segurança...
É lógico que Tarumã não é mais o mesmo desde sua inauguração. Alguns espaços tiveram de ser aproveitados para adequar as áreas de escape à tecnologia que já se alcançou. Frequento Tarumã desde sua inauguração, sempre foi possivel levar a familia, confraternizar com um churrasco, saborear a corrida,etc, e isto ainda é possível, ou não?
Com o tempo o autódromo passou por uma degradação, em aspectos técnicos (pista, boxes, pit, etc) como em instalações para público, mas isso é normal.
Frequentei por alguns anos pistas de terra em SC e PR (São Bento do Sul, Lontras, Santa Cecilia, Ponta Grossa, SJ dos Pinhais, etc), nestas pistas ainda hoje as corridas são uma festa...a familia toda vai, churrasco, torcidas organizadas etc...é antiquado e anti-esportivo, parece ser, mas atraem multidões.
Tarumã ainda é dos remanescentes daquela estirpe, mas até quando? Os modernos autódromos colocam arquibancadas, local árido, lazer e churrasquinho...que nada, só entra no autódromo com o próprio corpo. O raciocínio atual é de que é só a corrida. É preciso entender que nem todos que comparecem a uma corrida de automóveis são técnicos e conhecedores o suficiente para permanecer ali por muito tempo, se torna entediante para eles. Mas os autódromos sobrevivem às custas desse povo, não podem ser marginalizados nem excluidos.
Já pensou assistir as 12 horas de Tarumã sentado na arquibancada? Vá assistir corrida em Interlagos, Curitiba ou Londrina e compare...
Creio que a urgência emergência na pista mais rápida do Brasil ainda seja a curva 1, ví há um tempo atrás, de perto, a pancada do Rodrigo Ribas nesta curva depois de perder a roda dianteira pouco antes da tomada...que susto hein Ribas, o espaço ainda é pequeno, ou não? Fala aí como foi...
luiz borgmann
Concordo com tudo que foi dito. Eu particularmente era fã de assistir as provas da curva do laço.
Sera que custaria muito caro melhorar o acesso ate la?
Prezado Borgmann: obrigado pela lembrança (ou seria melhor não lembrar ???? heheheheh). Não lembro se nos conhecemos pessoalmente. Caso negativo, temos que marcar em breve um encontro. Uma honra ser citado no blog.
Bom vamos ao relato sobre o que aconteceu. Foi em 2004, campeonato da Turismo Divisão 3. Se não me engano o acidente foi em torno da 6ª ou 7ª volta da prova. Larguei em segundo e ultrapassei o Gautério na largada e vínhamos brigando muito pela ponta. Virávamos muito rápido naquele momento, em torno de 1.14" (motor 1.6, carburação Solex). O carro dele estava muito melhor acertado, principalmente nas curvas de alta velocidade, tanto que foi na curva 1, uma volta antes, que fui ultrapassado por ele. O acidente foi ocasionado pela quebra da ponta de eixo dianteira direita, bem no momento em que acionei o pedal do freio para iniciar a tomada da curva 1. O pedal do freio foi no assoalho. A roda se desprendeu, ficando sem freios e sem direção. Coisa de arrepiar ! Nem preciso dizer que a 200km/h, sem roda dianteria direita, virei passageiro, sem nada poder fazer. Lembro de ter reduzido de 5ª para 4ª marcha, mas o carro engoliu muito rápido a distância até a área de escape. Vi tudo, pois não deu nem tempo de fechar os olhos. A batida foi realmente muito forte mas, por sorte, eu e o carro suportamos bem. Restaram algumas dores no pescoço, no pulso e uma dor de cabeça que deve ter durado uns 4 dias, por força da abrupta desaceleração.
Enviei a sequência de fotos do acidente ao Sanco para, se quiser, postar no blog.
Nessa época a área de escape já havia sido aumentada para o tamanho que é hoje. Acho que se fosse em outros tempos (vide as diversas fotos antigas que temos no blog) a batida teria consequências mais graves. Mas, fazer o que ? É o risco inerente ao automobilismo e a um circuito tão veloz como o de Tarumã. Em outros autódromos não existem curvas como a 1, 2, 3, Tala, 8 e 9 e o risco é potencialmente menor. Mas emoção e o prazer do piloto também não se comparam. Por que vocês acham que o pessoal de fora não gosta de correr em Tarumã?
Grande abraço a todos, especialmente ao Borgmann e ao Sanco,
Rodrigo Ribas
Eu vi essa pancada do Ribas com o Escort verde do muro da curva 1, estava com um amigo lá, no momento foi realmente de assustar. A impressão que deu é que o carro quase não perdeu velocidade da saída da pista até os pneus.
Abraços
Evandro Flesch
De dentro do carro tive a mesma impressão do Evandro.
Abraços
Rodrigo Ribas
Para quem não sabe o SBT transmitiu essa corrida em 1995 com narração de Teo José
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